ANJOS E QUERUBINS : O Projeto Social que virou ONG
Emoção. Com esta palavra e este sentimento pode-se definir Ben Hur Alves Flores coordenador fundador da Organização Não Governamental (ONG) Anjos e Querubins, uma das premiadas no Movimento – Prêmio de Reconhecimento da Cultura Popular. Há quase 15 anos transformando baldes em instrumentos musicais, esta turma de crianças, adolescentes e jovens da periferia já fez muito barulho levando o nome da cidade de Pelotas para inúmeros lugares Brasil a fora.
O grupo, que vive em situação de vulnerabilidade e risco recebe gratuitamente, no Navegantes e Getúlio Vargas, oficinas de percussão, teatro e dança. Desde 2012, os “Anjos” como são carinhosamente conhecidos trabalham no projeto Orquestra Popular Afrobeat Anjos e Querubins.
Ben Hur não trabalha sozinho. Conta com fiéis escudeiras na parte administrativa e também na formação da gurizada que, através do projeto, usa seu tempo em algo saudável. “Reforçamos a importância da educação, da escola, para que eles participem do grupo, isso faz com que eles queiram estar conosco e fora daquilo que faz mal. Ser amigo de bandido é quase que uma coisa normal dentro de uma comunidade, mas não é por isso que precisa fazer igual”, salienta.
“Muitos dos ensinamentos de dentro da ONG são coisas que meu pai me passou quando pequeno, e a partir de então temos um tema, ‘Somos frutos das escolhas que fazemos’” disse Flores. Ele conta da luta diária para manter as crianças junto ao projeto, nas atividades semanais realizadas pela ONG e lamenta o fato de ter perdido em algumas oportunidades, oficineiros para as drogas, para o vandalismo e até mesmo para a prostituição.
Realizar alguns ensaios no calçadão lhe deu uma visibilidade enorme e esse prêmio é a valorização do seu trabalho. “É um momento histórico para a cidade, o governo reconhecer que os movimentos sociais são essenciais e bons para a nossa sociedade, ninguém nunca teve coragem de dar reconhecimento ao povo pobre, ao povo das periferias”, comemora.
Atualmente cerca de 30 pessoas são atendidas pelo projeto, a orquestra no Navegantes e 23 no Louis Braile. “O dia mais feliz da minha vida foi quando eu pude colocar Getúlio e Pestano dentro do Theatro Sete de Abril, com o pessoal da tia Marta, do Renovação. E o segundo dia mais feliz da minha vida foi quando eu vi gente que eu cresci, que aprendi e que eu me espelhei sendo reconhecidos pela minha cidade como uma coisa boa”, finaliza Ben Hur.