Diário da Manhã

domingo, 24 de novembro de 2024

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Moreira: “A volta do Flamengo é um prêmio”

15 janeiro
11:52 2015

A trajetória do Brasil no Campeonato Brasileiro de 1985 seria lembrada naturalmente em 2015 pela passagem dos 30 anos daquele momento histórico do clube. Por coincidência, o adversário da vitória mais expressiva daquela campanha, o Flamengo, retorna ao Bento Freitas em fevereiro para a disputa de jogo pela primeira fase da Copa do Brasil.

Para o ex-presidente Rogério Moreira, que comandou o clube em 1985, a definição do Flamengo como adversário do Xavante na primeira fase da Copa do Brasil representa um prêmio para os rubro-negros. “Especialmente para os torcedores mais jovens, que não viveram aquele momento, mas cresceram ouvindo a história da vitória contra o Flamengo”, afirma. Na verdade, as vitórias. No ano anterior, o Xavante já tinha batido o time carioca por 1 a 0 no Bento Freitas.

A vitória de 2 a 0, diante do Flamengo – dia 18 de julho – é a mais lembrada da campanha que levou o Brasil à fase semifinal do Brasileiro. Mas a trajetória histórica do time xavante é bem mais do que esse triunfo. No primeiro turno da primeira fase, a equipe rubro-negra ficou em sexto lugar do Grupo D, com quatro vitórias, três empates e quatro derrotas.

Na nona rodada, o técnico Cassiá Carpes foi demitido e chegou Valmir Louruz. A campanha melhorou e o Brasil terminou o segundo turno em segundo lugar. Foram seis vitórias, quatro empates e apenas uma derrota – justamente contra o Bangu, que ganhou os quatro confrontos com o Brasil.

Na segunda fase, o Xavante enfrentou grandes times: Bahia, Ceará e Flamengo. Ganhou quatro vezes, empatou uma e perdeu outra. Em primeiro lugar do quadrangular foi para as semifinais, quando parou no Bangu: derrota por 1 a 0 no Olímpico (o regulamento impediu que o jogo fosse realizado no Bento Freitas em consequência da capacidade do estádio) e 3 a 1 no Maracanã.

Rogério Moreira relembra campanha de 1985 e vê na continuidade do trabalho a relação entre o Brasil de 30 anos com o atual Foto: Laureano Bitencourt

Rogério Moreira relembra campanha de 1985 e vê na continuidade do trabalho a relação entre o Brasil de 30 anos com o atual
Foto: Laureano Bitencourt

DIÁRIO DA MANHÃ – Trinta anos depois da campanha inesquecível do Brasil, chegando às semifinais do Campeonato Brasileiro, qual a leitura que o senhor faz daquele momento histórico?

Moreira – A leitura que se faz é baseada muito no que a gente escuta nesses 30 anos do torcedor do Brasil, especialmente desse torcedor mais jovem que não viveu aquele momento. Foi um momento extremamente vitorioso na vida do clube e ficou aquele jogo com o Flamengo – vitória de 2 a 0 – um momento emblemático. Eu costumo dizer que a campanha de 85, que nos possibilitou ficar entre os três melhores clubes do país, foi bastante injusta com a campanha que nós fizemos no Campeonato Brasileiro de 1984, quando enfrentamos também o Flamengo e vencemos também aqui no Bento Freitas por 1 a 0 – gol do Chico Fraga. Foram anos maravilhosos, com uma equipe vinha sendo montada desde 1982.

DM – Qual era a razão do sucesso daquele time? Foi essa continuidade, num trabalho que começou em 1982 para culminar com a campanha no Brasileiro de 1985?

Moreira – Acredito que é a continuidade sem dúvida nenhuma. Não só do grupo de atletas, de boa parte da comissão técnica, mas também do grupo diretivo do clube. Do Conselho Deliberativo, que tinha naquela época o comando do doutor Cláudio Andrea, o pessoal da OPEP, como é conhecido (grupo de ex-dirigentes e conselheiros), enfim… E o grupo diretivo, com o pessoal de dentro do vestiário, com o comando do Azocar (José Rodolfo) e do Giovanni Mattea. Então tudo isso fez com que culminasse naquele momento no Campeonato Brasileiro de 1985, um grupo com personalidade criada, que não se assustava contra equipes com mais prestígio no contexto do futebol brasileiro e também do futebol mundial. A chave do sucesso que se repete agora, com a manutenção da comissão técnica, capitaneada por Rogério Zimmermann, e a base de um grupo de atletas que está no Bento Freitas há praticamente três anos.

DM – O jogo contra o Bangu, pelas semifinais do Brasileiro de 1985, se tivesse sido realizado no Bento Freitas, a história teria sido diferente?

Moreira – É claro que poderia. O Bento Freitas sempre dá para o grupo de atletas e para o próprio torcedor o fato de sentir mais forte, mas fortalecido. Mas naquele ano, nós enfrentamos o Bangu em quatro oportunidades, aqui no Bento Freitas, em Moça Bonita, no Olímpico e no Maracanã, e infelizmente nas quatro oportunidades nós perdemos. Era um time forte. Não foi surpresa nenhuma encontrar o Bangu na semifinal, eliminando o Inter dentro do Beira-Rio, passando a ser o nosso adversário naquele momento. Foi a “touca” do Brasil naquele ano, como no ano anterior foi a Portuguesa.

DM – Mesmo sendo um presidente vitorioso, Rogério Moreira nunca mais retornou à presidência do Brasil. Por quê?

Moreira – Com 21 anos, eu entrei para a diretoria do Brasil e não me afastei mais. Em seguida passei ser membro do Conselho Deliberativo e desde 85 para cá como membro nato do Conselho, na condição de ex-presidente. Sempre tenho dito que é um compromisso muito grande, uma responsabilidade enorme assumir um clube, com uma legião de adeptos, de torcedores, e vejo como uma corrida de revezamento. Tem que passar o bastão adiante para que novos companheiros possam surgir.

DM – O senhor mantém contato com os jogadores da campanha de 1985?

Moreira – Com os mais próximos sim. Ainda na semana passada, o Hélio (Vieira, ex-zagueiro) esteve por aqui, batendo um papo, tomando um café comigo, um amigo que fiz no Brasil. O Bira é com quem eu falo mais seguido; o Silva, às vezes, tenho um contato pelo telefone. Os demais que estão fora da cidade, um contato uma vez ou outra. Em 2005 fizemos a festa de 20 anos da campanha no Brasileiro, num momento muito feliz, porque estavam ainda presentes, os hoje falecidos, o presidente Assis (Manoel Delgrande) de 84 e o José Rodolfo Azocar.

DM – O senhor considera como emblemática na campanha de 1985 a vitória contra o Flamengo. E agora, 30 anos depois, Brasil e Flamengo se reencontram…

Moreira – É verdade. Tenho dito desde o momento em que a CBF sorteou os cruzamentos da Copa do Brasil e possibilitou a volta do Flamengo novamente ao Bento Freitas, que me parece uma espécie de um prêmio para o torcedor, para o grupo diretivo, para a comissão técnica, para o grupo de atletas esse retorno do Flamengo ao Bento Freitas, numa competição nacional. Não é um simples jogo. É um jogo que vale muito. Acredito que seja como um prêmio ao torcedor, que acompanhou essa equipe desde a segunda divisão do futebol gaúcho até a classificação para a Série C do Brasileiro e a conquista desta vaga na Copa do Brasil. Parece um sonho para o torcedor mais jovem, que não viveu aquele momento de 84 e 85. Trinta anos depois, o Flamengo novamente no Bento Freitas e a nossa torcida é para que se repita a façanha de trinta anos atrás. 

Equipe que disputou segundo jogo da semifinal, contra o Bangu, no Maracanã Foto: Arquivo de Rogério Moreira

Equipe que disputou segundo jogo da semifinal, contra o Bangu, no Maracanã
Foto: Arquivo de Rogério Moreira

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