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segunda, 23 de setembro de 2024

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Prédio da antiga Estação Férrea sem uso. Foram investidos R$ 3 milhões na recuperação do imóvel histórico

Prédio da antiga Estação Férrea sem uso. Foram investidos R$ 3 milhões na recuperação do imóvel histórico
28 janeiro
09:55 2015

Os discursos no dia da entrega da obra agora soam como palavras ao vento. O silêncio toma conta da gare. A antiga Estação Férrea aguarda o seu efetivo aproveitamento, para o qual foram investidos quase R$ 3 milhões.

A obra de restauro demorou mais tempo do que previsto, custou mais caro do que o projeto inicial orçou e entregou um prédio público que superou a expectativa. Passada a empolgação inicial com a magnífica obra, restou a pergunta: quando o prédio vai funcionar?

A reportagem do DIÁRIO DA MANHÃ esteve no local. Encontrou as portas trancadas. O projeto de uso do prédio restaurado prevê abrigar o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), o Serviço de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e um memorial da viação, além de um posto da Guarda Municipal em um prédio anexo.

Apenas o posto da Guarda Municipal está operando. Três homens se revezam em turnos de 12 horas. Um durante o dia e dois à noite. O posto da GM não está totalmente equipado. Falta o ar condicionado e as câmeras de segurança não foram instaladas. Durante o dia, o calor é desumano. Durante a noite, pelo buraco que espera o condicionador de ar, uma nuvem de mosquitos invade o local, tornando bastante complicado permanecer ali.

IMÓVEL histórico foi totalmente restaurado

IMÓVEL histórico foi totalmente restaurado

O Coordenador do Procon em Pelotas, Jardel Oliveira disse que o órgão de defesa do consumidor ocupará uma parte do térreo da Estação, onde haverá atendimento ao público. Ele acredita que até março o Procon esteja funcionando no local. “Ainda dependemos da instalação da rede lógica para internet e alguns móveis, mas já estamos com tudo pronto ou encaminhado via licitação”, diz o coordenador. O serviço a ser instalado ao qual se refere Jardel Oliveira, deverá ser executado pela Coinpel.

Outra repartição pública que ocupará a Estação Férrea é o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest). Para o Cerest o caminho parece ser mais longo e demorado, já que ainda deverá ser feita uma licitação para aquisição de móveis e materiais que permitam o efetivo início das atividades. Nesta semana, a gerente do Cerest Maristela da Costa Irazoqui esteve na Secretaria de Cultura para receber as chaves das futuras instalações e fazer uma avaliação do local. Ainda não há previsão para que o setor migre para o novo endereço

MEMORIAL DA VIAÇÃO

Uma das maiores expectativas é pela instalação do Memorial da Viação Férrea. A Estação causa um impacto sentimental muito significativo em grande parcela da população. Durante a entrega da obra era possível ver antigos funcionários e usuários daquele espaço, relembrando os momentos que viveram ali. A deputada estadual Miriam Marroni, emocionada, lembrou em seu discurso que conheceu seu marido, o deputado federal Fernando Marroni, numa viagem de trem que passava pela Estação.

Segundo o Secretário de Cultura, Giorgio Ronna o projeto do Memorial da Viação está em andamento. “Estamos contratando uma historiadora para avançar na pesquisa. Numa segunda etapa haverá o trabalho de museólogos para definição de acervo”, diz Ronna. Ele observa que essas ações dependiam do novo orçamento, recentemente aprovado pela Câmara. Giorgi Ronna conta que a Secult segue preparando o Memorial. Haverá coleta de depoimentos em áudio e vídeo que resgatarão a memória da Estação Férrea. Esse trabalho já vai iniciar e será feito no prédio restaurado.

“Também dependemos da instalação de cercas elétricas e câmeras para ocupar o espaço com segurança”, salienta Ronna.

A previsão noticiada pela Prefeitura era de que até janeiro os órgãos anunciados já estariam ocupando o prédio da antiga Estação Férrea. Isso não se confirmou.

“Devolver essa joia ao patrimônio de Pelotas no ano em que a Estação completa 130 anos de inauguração, e ainda no Dia do Arquiteto, é realmente simbólico”, afirmou o prefeito Eduardo Leite no seu discurso durante a entrega da obra, naquele dia 15 de dezembro.

A “joia” ainda não está em uso. Segue aguardando a burocracia quase proibitiva que se impõe na coisa pública. Nesta Estação, haverá atraso.

RELEMBRE

Após duas décadas de abandono e dois anos de obras, executadas pela Marsou Engenharia, a imponente estrutura de dois pavimentos, localizada na Praça Rio Branco, no final da rua Dom Pedro II, foi entregue à comunidade no dia 15 de dezembro de 2014. O telhado, as aberturas, o revestimento das paredes, o piso, assim como a parte de encanamentos, esgoto e fiação elétrica, foram totalmente refeitas. Algumas peças têm climatização e ao prédio foram somados recursos de acessibilidade com a instalação de um elevador. Orçada em R$ 2,3 milhões, custou ao final R$ 2.790.329,00.

O local possui 1,4 mil metros quadrados de área construída, tombado pela lei municipal 4.315, de 22 de setembro de 1998, e inventariado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).

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