Dois anos sem obras na “praça dos enforcados”
O passado, as histórias e os mistérios em torno da Praça Cipriano Barcelos, reforçados pelos vestígios ali de artefatos arqueológicos encontrados durante o início das obras de requalificação do logradouro, provocaram – em fevereiro de 2013 – o embargo da empreitada na popular “praça dos enforcados”.
Por isso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(Iphan) exigiu um Programa de Prospecção Arqueológica. Ele está sendo realizado, embora não haja previsão para a sua conclusão. Até o momento não se tem nenhuma informação sobre a localização de materiais que possam comprovar a existência ali de um sítio arqueológico. O que continua visível e preocupante é a degradação do local e do mobiliário público.
ENFORCAMENTOS EM ÁRVORES DA PRAÇA
Reza a lenda que as árvores, localizadas em terreno de acentuado desnível, que caracteriza aquela praça, favoreciam a execução de enforcamentos e suicídios. A publicação Projeto Pelotas Memória faz a seguinte referência ao local: Localizada entre as Ruas Marechal Floriano, Lobo da Costa, Barão de Santa Tecla e o antigo leito do Santa Bárbara. A praça Cipriano Barcelos esconde ainda muitos segredos. A primeira intervenção do curso natural do arroio Santa Bárbara foi para a execução da Praça, no século XIX. O arroio foi desviado por meio de um canal, e o leito antigo passou a fazer parte da praça. Em 1888 o local foi nivelado, sendo construído um cais de alvenaria de 125 metros. Ficando de um lado a praça Cipriano Barcelos e do outro a Praça das Carretas. Anos mais tarde a divisória foi aterrada, dando espaço ao estacionamento do camelódromo de Pelotas. O espaço já possuiu diversas denominações: Praça da Igreja, Henrique d’Ávila, Floriano Peixoto, do Pavão, dos Enforcados. Sua última denominação presta homenagem ao charqueador Cipriano Rodrigues Barcelos. O “Chafariz dos Cupidos”, que ainda permanece no local foi inaugurado em 9 de abril de 1875. Importado da França, fora montado por Durenne-Sonnevoire em 1874, e adquirido pela Cia. Hidráulica Pelotense no ano seguinte, para o abastecimento de água potável à população.
A Praça, em sua história, foi marcada por execuções públicas e possíveis suicídios, fato que determinou a popularização do nome “Praça dos Enforcados”, marcado até hoje no imaginário popular.
*Jandir Barreto, jornalista