COM A MARCA DA SIMPLICIDADE : No clima da Fenadoce, doceiras do centro aumentam suas vendas
Os doces quitutes do lado de fora da feira
Apesar de as vendas aumentarem no período da Fenadoce, algumas doceiras lamentam as muitas exigências para participar. Já sobre o selo de autenticidade, nem com muito açúcar para as tradicionais doceiras conseguirem engolir.
Por Marcelo Rota
Durante a Fenadoce a cidade respira açúcar, confeitos e doces de ovos. Mesmo do lado de fora da feira, as vendas aumentam. Segundo as doceiras que ficam no Calçadão da Andrade, entre as ruas Floriano Peixoto e Lobo da Costa, os turistas consomem na feira, mas vão ao centro para comprar os quitutes que levarão para a casa. No entanto, algumas lamentam o preço muito alto e as muitas exigências para se participar da Fenadoce. De acordo com Dilza Jeske, proprietária da banca Bico Doce, neste ano as exigências estão ainda maiores. O selo de autenticidade é quase uma unanimidade, algumas se incomodam e outras ficam indiferentes.
“Acredito que nessa época do ano os doces aguçam os paladares em Pelotas. Além da Fenadoce, tem o inverninho chegando.”, diz Lígia Henriques, presidente da Cooperativa das Doceiras, entidade em que está desde que foi inaugurada em 1983. A Cooperativa tem 70 associadas e vende os doces em um charmoso Quiosque no Calçadão da Andrade. Nas bancas, que há 15 anos encontram-se no mesmo local entre as ruas Floriano Peixoto e Lobo da Costa, as doceiras também festejam o aumento das vendas, mas lamentam as exigências para participar da feira.
Na 20ª Fenadoce em 2012 criou-se o Selo de Indicação Geográfica, onde se estabeleceu alguns critérios para que os quitutes recebam o selo e possam certificar-se como autênticos doces de Pelotas. Acontece que muitas doceiras indicam que o selo traz limitações à atividade. Uma das doceiras relembra que depois da abolição, as mulheres negras podiam vender livremente os seus quitutes na rua, e foi isto que nos tornou a cidade do doce. Aponta que para a cidade tornar-se oficialmente a capital do doce, ele tem que estar presente em toda esquina. “Eu sou indiferente. Até tenho os doces com selo aqui, mas os meus doces que mais vendem são os que não têm selo. Principalmente por que são maiores (risos)”, afirma Dilza Jeske.