Praga verde ameaça dunas do Laranjal
Mais predatoras do que o aquecimento global, as plantas ‘invasoras’ representam a segunda maior causa de destruição da biodiversidade do planeta, perdendo apenas para o desmatamento.
A praga verde conhecida como ‘casuarina’ (pinheiro australiano), ameaça agora o que restou das dunas do Laranjal, depois da devastação sofrida na década de 90, quando diariamente cerca de 50 caminhões transportavam e comercializavam a areia dali retirada.
A expansão da ‘praga verde’, invasora e agressiva, impede que próxima dela nasça e brote outras espécies, conforme pode ser visto em áreas de loteamentos residenciais, como Las Acácias, Vila Assumpção e sede campestre do clube Caixeiral, alastrando-se até as imediações da avenida Rio Grande do Sul. Arrancar aquelas em crescimento e cortar as árvores adultas – que podem chegar entre 25 e 35 metros de alura – é a única forma de combate à praga invasora, conforme já foi feito em praias gaúchas e em Santa Catarina. Em Florianópolis, a Câmara de Vereadores, em 2012, aprovou lei que determina a erradicação das casuarinas e eucaliptos do município, substituindo-os por espécies nativas. Eis aí um projeto que os vereadores de Pelotas deveriam apreciar, com a máxima urgência.
No início da década de 70, parte da imprensa gaúcha repercutiu uma campanha intitulada “vamos pintar o litoral de verde”. Para tanto, foram distribuídas milhares de mudas de casuarina nos supermercados de POA, Região Metropolitana e no Horto Florestal de Tramandaí. Depois que cresceram os ‘pinheiros’ e visíveis ficaram os estragos, a Prefeitura de Tramandaí mandou cortá-los, mesmo diante de alguns protestos de pseudos ambientalistas.
BRASIL VAI COMBATER ESPÉCIES EXÓTICAS
Plantas invasoras, tais como casuarina, jaqueira, amendoeira, bambuzal, braquiária, amarelinho, maria-sem-vergonha e o conhecido capim anone estão entre os 542 seres vivos de ‘exóticos e invasores’ no Brasil. Juntamente com alguns animais, este seres provocam prejuízo anual superior a R$ 100 milhões, conforme revelou fonte do Ministério do Meio Ambiente, que está elaborando uma estratégia para combater a praga verde. “Precisamos prevenir a introdução dessas plantas, detectar precocemente a sua presença para erradicá-las a tempo ou controlar o seu crescimento, disse Lídio Coradin, coordenador da Câmara Técnica Permanente de Espécies Exóticas e Invasoras, órgão vinculado ao ministério. Em Pelotas, e em qualquer lugar, a prevenção poderia começar nas campanhas de distribuição de mudas de árvores, exóticas ou nativas. Muitas pessoas que vão em busca de uma árvore de pequeno porte para plantar no pátio e recebem como ‘presente’ uma muda de jambolão, uma espécie gigante, que danifica canos, calçadas, além de concentrar insetos na época de floração e frutos. Árvores de grande porte, inclusive exóticas, também foram plantadas em via pública em Pelotas, e agora comprometem o fornecimento de energia elétrica, provocam danos no pavimento, em redes de esgoto e água, em tubos de escoamento pluvial, além de permanente ameaça à população, em caso de queda.
*JANDIR BARRETO, jornalista