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domingo, 24 de novembro de 2024

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Turbulência no mercado financeiro

Turbulência no mercado financeiro
27 julho
09:45 2015

Provocada pela contração da economia, a redução da meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) deste ano para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) provocou turbulência no mercado financeiro. O dólar fechou a semana na maior cotação em 12 anos em meio a temores de que o governo não consiga estabilizar as contas públicas.

Segundo economistas ouvidos pela Agência Brasil, a execução do ajuste fiscal não depende apenas do empenho do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Para eles, apenas a capacidade de reação da economia brasileira, com a queda da inflação e a retomada gradual do crescimento, determinará se o governo conseguirá ampliar o esforço fiscal nos próximos anos até que o superávit volte a 2% do PIB em 2018.

O economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton Rosa, não havia como manter a meta anterior, de 1,1% do PIB para 2015, com a queda na arrecadação e as dificuldades do governo em cortar despesas obrigatórias nas votações do Congresso.

“Houve perda de receita. O governo não tem mais como aumentar impostos e não tem margem forte para cortar despesas. Então o que restou foi reduzir a meta [de superávit] para próximo de zero”, afirma Rosa. “A questão nem chega a ser o Congresso, mas a forte recessão que se abateu sobre a economia. Sem perspectiva de crescimento, o esforço fiscal torna-se mais difícil.”

Membro do Conselho Federal de Economia e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luciano D’Agostini discorda de que o quadro político não tem interferido na economia. Para ele, o Congresso tem grande parte de culpa nas dificuldades do ajuste fiscal. “Até agora, o governo cortou despesas discricionárias [não obrigatórias]. O corte de despesas obrigatórias depende do Congresso, que desidratou o pacote de ajuste fiscal, e de reformas institucionais que o país não fez”, diz.

O PROFESSOR da UFPR diz que o país entrou em um círculo vicioso, em que o governo adota medidas de austeridade que não se realizam porque a arrecadação cai. “Quando o governo aumentou impostos e preços como combustíveis e energia, isso elevou a inflação e sufocou o trabalhador, que está endividado e tem menos poder aquisitivo. Num país em que 60% do PIB dependem do consumo das famílias e das empresas e a população tem baixa escolaridade e baixa produtividade, a queda do poder de compra é fatal para a economia”, analisa.

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