PARCELAMENTOS DOS SALÁRIOS : Caravana dos servidores protesta em Pelotas
Após o parcelamento do salário de funcionários públicos do RS, cerca de 40 entidades representativas de servidores estaduais iniciaram mobilização que pode culminar em greve geral.
O Movimento Unificado dos Servidores Públicos do RS iniciou ontem, em Pelotas, a caravana dos servidores estaduais. Por volta das 9h da manhã, representantes de diversos sindicatos concederam uma coletiva de imprensa no Hotel Curi e depois realizaram atividades junto às suas bases sindicais. Às 14h, um grupo de cerca de 250 manifestantes reuniu-se no calçadão da Andrade Neves em protesto contra o parcelamento dos salários e outras medidas de ajuste, como o congelamento dos vencimentos até 2017.
A manifestação dos servidores continuará até o dia 18 de agosto, quando será realizada uma assembleia para decidir sobre a greve geral dos funcionários públicos estaduais. No entanto, inúmeras categorias já prometem que o “Rio Grande do Sul vai parar”. Uma série de plenárias regionais e manifestações estão marcadas no interior do RS. As paralisações iniciaram na segunda-feira, mas na última sexta-feira já ocorreram manifestações. Associações de bombeiros e policiais militares até mesmo recomendaram à população que não saíssem de casa na segunda-feira, devido ao cancelamento de parte dos serviços.
Na última sexta-feira, 31 de julho, os servidores estaduais que têm salário maior que R$ 2.150,00 não receberam mais do que esse valor. Até o dia 13 de agosto o governo estadual promete pagar mais uma parcela de R$ 1.000,00 e o restante até o dia 25. “Isso diz respeito às famílias de muitos trabalhadores. As contas que temos de pagar não serão parceladas, nem as dívidas, nem os juros… Mas os salários sim”, afirma Elenir Oliveira, presidente do Centro de Professores do Estado do RS (CPERS/Sindicato). Elenir diz também que muitos trabalhadores que não tiveram os salários parcelados aderiram ao movimento em solidariedade aos demais.
AULAS DE CIDADANIA
O CPERS afirma que o movimento dos professores estaduais está angariando ampla adesão no interior. Apontam que, apenas em Pelotas, aproximadamente 99% das escolas estaduais pararam na segunda e na terça-feira. Aproveitando o tamanho da mobilização, o último conselho geral do CPERS aprovou o projeto “Aulas de Cidadania”. O objetivo é informar os motivos das mobilizações aos alunos e à comunidade escolar. As principais razões que o CPERS aponta são o parcelamento dos salários e o congelamento até 2017.
CAMINHADA E REUNIÃO COM O GOVERNO
Por volta das 10h de sexta-feira, mais de 2 mil servidores públicos ocuparam a avenida Borges de Medeiros e iniciaram caminhada pelo centro até o Palácio Piratini, em Porto Alegre. Representantes dos sindicatos dos servidores estaduais pediram reunião com o governo e foram atendidos às 11h pelo Chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi. Na ocasião, Biolchi afirmou não ter solução para o parcelamento dos salários.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Estaduais (SINDSEPE/RS), Cláudio Augustin, lembrou Biolchi que a situação do estado está caótica, com a maioria dos servidores ganhando muito pouco e agora com parte dos seus créditos comprometidos devido ao parcelamento do salário. “Quem vai garantir os juros e os créditos dos servidores nos bancos? O governo vai colocar os servidores como inadimplentes. Por acaso o estado do RS quer abrir desobediência civil?”, indagou o sindicalista.
Hoje a Caravana dos Servidores Estaduais estará em Santa Maria, amanhã em Santana do Livramento, na terça-feira (11) em Caxias do Sul, na quarta-feira (12) em Passo Fundo e na quinta-feira (13) em Ijuí.