CUT/RS : Central expressa independência
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), identifica que houve mais greves nos oito anos de Lula na Presidência, do que a “Era FHC”. As mobilizações demonstraram que o sindicalismo mantém postura independente e autônoma. E os quase doze anos de governo dos trabalhadores, favoreceu a luta por melhores salários e condições de trabalho. No entanto, não se trata de postura ingênua. Afinal, aproximando-se período eleitoral, a posição deve ser bem definida. Avaliação do líder metalúrgico Claudir Nespolo – há dois anos preside a CUT no Estado -, ao responder sobre a relação da CUT com o governo federal. Ele acrescenta: “Com FHC houve a precarização de direitos. Já o Lula aumentou as perspectivas de luta. E há conquistas como o acesso à universidade e a transferência de renda. Ele acrescenta: “Então, Serra e a volta do neoliberalismo, não dá!”.
VITÓRIA – Claudir esteve no Diário da Manhã hoje, acompanhado de Antônio Guntzel – secretário de relações de trabalho da CUT/RS -, e das coordenadoras da Central na região, Ana Paula Rosa Fonseca e Marly Martins – integrantes do 24º Núcleo do CPERS/Sindicato. Na cidade, as lideranças mantiveram reuniões com sindicatos e movimentos sociais. Para Claudir, a luta de destaque neste ano foi o Projeto de Lei nº 4.330, que tramita há quase dez anos. A iniciativa do deputado federal Sandro Mabel (PMDB/GO), ameaça as relações trabalhistas, acenando com a “terceirização” ao invés de contratos. Sem espaço na grande imprensa, o tema não chegou à população. E a gravidade, conforme Claudir, pode ser comprovada nos indicadores que mostram a precariedade do trabalho terceirizado. Nas empresas terceirizadas os vencimentos são 27% menores, também acontecem mais acidentes de trabalho, e a rotatividade é quatro vezes maior. Além disso, no questionamento em relação a horas-extras, primeira etapa jurídica é direcionada à empresa terceirizada – geralmente com patrimônio frágil -, e posteriormente à empresa que contratou o serviço. Na Câmara dos Deputados, o PL 4330 está à mesa mas sem o tradicional “acordo de lideranças” para seguir à votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). PT e PCdoB discordaram e o projeto repousa ao lado do que estabelece “jornada de quarenta horas”, engessado há mais de dez anos. A CUT disse Claudir mantém bandeiras de luta como: dissídio coletivo aos servidores públicos; reforma agrária; fim do fator previdenciário que empobrece aposentados; redução da jornada sem redução do salário; 10% para saúde e 10% para educação; reforma política com o fim do financiamento empresarial nas campanhas eleitorais.
POVO na rua para Claudir teve início em fevereiro em Porto Alegre. À época, férias escolares, prefeito tentou aumentar a tarifa do transporte. Em março, porém, estudantes retornaram as aulas e houve intensa mobilização contra o aumento. Para o presidente da Central que completou trinta anos em agosto, a juventude procura caminhos e houve mobilização por “mais saúde, mais educação”, não necessariamente de contraponto. Em alguns momentos, pondera, a grande mídia pautou as mobilizações. A exemplo, a PEC 37 que foi batizada como “emenda da impunidade”.
CPERS – Ana Paula e Marly mencionaram lutas do CPERS: concurso público para funcionários; mudança no vale-refeição; inclusão de 755 funcionários que não estão no Plano de Carreira.