JOÃO SIMÕES LOPES NETO : Escritor será imortalizado com estátua em tamanho real
Na última terça-feira, data em que se completou cem anos de morte de João Simões Lopes Neto, o anúncio do apoio do Banrisul a um projeto que prevê a instalação de uma estátua em tamanho natural do poeta, no Centro Histórico de Pelotas, foi recebido como uma grande homenagem por admiradores da trajetória do escritor. A obra levará a assinatura do artista plástico mineiro, Leo Santana, que idealizou a famosa escultura de Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
“O monumento ficará em local público, provavelmente entre os prédios da prefeitura e da Bibliotheca Pública, onde ele trilhava suas andanças diárias, para mostrar ao mundo que Simões Lopes é nosso, é de Pelotas”, afirmou a vice-prefeita, Paula Mascarenhas, primeira presidente do Instituto que leva o nome do autor. Paralelo à estátua, a prefeitura pretende criar um projeto chamado “Caminhos de Simões”, cuja intenção é demarcar ruas frequentadas pelo pelotense, que chegou a pertencer ao Conselho Municipal, que funcionava no atual prédio do Paço Municipal.
Uma comitiva do Banrisul, liderada pelo presidente do banco Luiz Gonzaga Veras Mota, fez questão de vir a Pelotas oficializar o aporte de R$ 200 mil, via Lei Rouanet, ao projeto e ainda conhecer a Casa do Capitão. “O Banrisul nasceu aqui, no Banco Pelotense, e para nós é uma honra participar dessa iniciativa que privilegia tanto a cultura gaúcha”, disse Mota. Também participaram do ato, o atual presidente do Instituto João Simões Lopes Neto, Antônio Carlos Mazza Leite, a diretora da ATO Produção Cultural, Beatriz Araújo, o titular da Secretaria de Cultura (Secult), Giorgio Ronna e a diretora executiva da Secult, Clotilde Victória.
ROMARIA AO TÚMULO
Após visitar o Instituto JSLN, as autoridades dirigiram-se ao cemitério São Francisco de Paula para cumprir, ao lado de estudiosos da obra do autor, um rito tradicional: depositar flores em seu túmulo.
“Há cem anos, Pelotas recebeu a notícia de que Simões havia falecido, aos 51 anos, em virtude do rompimento de uma úlcera no duodeno. A notícia causou grande comoção apenas entre os estudantes, que admiravam sua mentalidade flexível. O seu desaparecimento poderia ter sido ignorado por causa do preconceito da elite dominante, que construiu obstáculos aos caminhos de Simões”, ressaltou o pesquisador Mario Mattos ao citar a contribuição de Guilherme Echenique à literatura rio-grandense, sobretudo pela publicação do Vocabulário Sul Rio-grandense, editado em 1898.
Nascido em Pelotas, Simões Lopes Neto é considerado por estudiosos e críticos como o maior autor regionalista do Rio Grande do Sul. Ele buscou, em sua produção literária, valorizar a história do gaúcho e suas tradições.
Para marcar os 150 anos de nascimento (9 de março de 1865) e os 100 anos de morte (14 de junho de 1916), a Secretaria da Cultura do Estado (Sedac) em parceria com a prefeitura de Pelotas, Sesc e o IJSLN, criou o projeto que deu origem ao decreto do Biênio Simoneano, assinado em 2 março de 2015 pelo governador José Ivo Sartori.
As homenagens ao centenário da morte de Simões prosseguem à noite com declamação da poesia “Epopeia Simoniana”, premiada com o 2º lugar no concurso Poesia Simões Lopes Neto, de abrangência nacional, pelo autor, Carlos Eugênio Costa Vacaria e Mesa redonda sobre aspectos da vida e da obra do escritor pelotense com Hilda Simões Lopes Costa, Carlos Francisco Sicca Diniz, Fausto José Leitão Domingues e Mário Barbosa de Mattos.