DANDÔ CIRCUITO DE MÚSICA : Som “Elemental”do mineiro Erick Castanho
Nesta sexta às 20h na Casa do Trabalhador – rua Santa Cruz 2.454 -, cantoria com o violeiro mineiro Erick Castanho. Ingresso: R$10,00
Por Carlos Cogoy
Orquestra Natural, O Rastro do Fogo e Natureza em Aquarela. Composições do violeiro e cantador Erick Castanho, em parceria com o pai Aldo França. As músicas integram o repertório do artista que, nesta sexta às 20h apresentará o show “Elemental” – disco de estreia -, em Pelotas. Participando do projeto de cultura popular “Dandô Circuito de Música Dércio Marques”, Erick será recepcionado pelo “bluesman” Mateus Brod que, na harmônica, interpretará repertório regional. A realização é do grupo “Tril#os” com apoiadores: ECO restaurante e café; Sindicato da Alimentação; ADUFPel; Sindicato dos Metalúrgicos; Sindicato dos Bancários e Rádio Com 104.5. Apresentação na Casa do Trabalhador com ingresso a R$10,00. Amanhã, Erick estará às 21h em Pedro Osório, e a apresentação acontecerá no auditório da Escola Municipal Getúlio Vargas – bairro Jayme Pons. Como anfitriões do “Dandô” na cidade vizinha, músicos Milton Vaghetti e Juliano Tavares. Apoio da Prefeitura de Pedro Osório.
MINEIRIDADE – Erick Guimarães França, artisticamente “Erick Castanho”, é natural de Ituiutaba, mas reside em Uberlândia. Ele menciona: “Cresci sob a influência musical do meu pai Aldo França, que escutava os discos de Elomar, Dércio Marques, Milton Nascimento, Almir Sater, Xangai, Renato Teixeira, Pena Branca & Xavantinho, Geraldo Azevedo, Pereira da Viola, Vital Farias. Comecei tocando violão aos doze anos, época em que minha família participava das serestas mineiras. Junto com meu irmão e meus pais, desenvolvi minhas habilidades instrumentais neste grupo de serenatas. Ouvindo e aprendendo nessa convivência, aprendi a tocar outros instrumentos como a viola, cavaquinho, percussão. Sempre baseado na observação e nas vivências. Apesar de sempre ter em casa discos dos artistas citados, na adolescência também entrei no mundo do blues e do rock. Nas bandas pude aprender a tocar e compor na guitarra, baixo e bateria. Porém a ‘mineiridade’ surgiu naturalmente, acompanhando os artistas mineiros que meu pai escutava e que representavam tão bem a nossa terra e nossos costumes. Principalmente os queridos Pena Branca & Xavantinho, que são também do triângulo mineiro. Além disso, também o repertório das músicas de domínio público que permeiam nosso cotidiano nas Gerais. Esse trabalho regional e folclórico vem sendo moldado há muitos anos dentro de minha formação musical. Mas a carreira solo, como Erick Castanho ganhou força apenas em 2010, quando comecei a participar dos festivais, principalmente dos universitários”.
APRENDIZADO – Erick salienta a integração cultural: “Para essa apresentação, a proposta é levar comigo a viola de porongo, feita pelo amigo Levi Ramiro. Então será legitimamente a cantoria de um violeiro. As temáticas que carrego são ligadas à natureza e valores humanos e históricos, encontrados nos festejos populares. A cantoria que faço, tem como foco a conscientização de que os valores culturais e nosso meio ambiente, ainda mais o cerrado brasileiro, estão ameaçados pelo esquecimento caso a classe artística não se empenhe em levar isso adiante. Esse é o mote do circuito Dandô, a disseminação das culturas populares e a popularização de músicas que não frequentam as grandes mídias. Além dessa finalidade, o Dandô também cumpre o papel de unir a cultura brasileira em todas as suas regiões. E isso acontece através do intercâmbio e encontro desses mediadores e cantores. A experiência que tive no Rio Grande do Sul foi enriquecedora, e serve também para assimilação de tradições que não tenho contato, mostrando-se um grande aprendizado não só musical, mas cultural em sua abordagem mais ampla. Além de ser também uma oportunidade de reencontrar amigos queridos, e conhecer figuras emblemáticas na luta pela conservação da cultura, como por exemplo o Santana de Pedro Osório e tantos outros”.
Cantoria de abraçar para “EmCantar”
Em 2007 Erick Castanho foi agraciado com diploma na Câmara de Vereadores de Uberlândia. Numa iniciativa do vereador Felipe Attiê, que reconheceu o trabalho de resgate da cultura regional mineira, o músico recebeu diploma alusivo à contribuição com a arte de Uberlândia. Entre as premiações, seu trabalho autoral destacou-se no Festival de Música Candanga da Universidade de Brasília (FINCA/UnB), edições 2011 e 2012.
Em 2013 ele coordenou o projeto “Cantoria de Abraçar” que, realizado mensalmente, proporcionou a apresentação de artistas como: Katya Teixeira; Antônio Galba; Pedro Antônio; Luiz Salgado; Chico Teixeira; Karine Telles; Sarah Abreu e Trem das Gerais. Para crianças, Erick ministrou oficinas no projeto “EmCantar”.
Durante treze anos atuou como violonista, violeiro e arranjador do grupo de seresta “Cotovias ao luar”. Na coordenação do grupo, participação em eventos como a Seresta na Casa da Cultura, Caminhada Seresteira, Seresta no Parque.
Músico com formação diversificada, participou como baterista, percussionista, guitarrista e vocalista, em grupos desde o “Pop rock” até bossa nova. Como baixista, show “Cânticos, um tributo a Cecília Meireles”. Arranjador e diretor artístico dos shows: “Lua e Flor”; “CitAções”; “Músicas de Nossa Terra” e “Cantos e Contos Seresteiros”. Nos espetáculos “Vozes no Vento” (2012) e “Cânticos de Uma Primavera” (2011), esteve à frente da direção artística. Em 2009, dividiu a direção do show “Músicas de Nossa Terra”.
Disco “Elemental”
Em dezembro Erick lançou o primeiro disco “Elemental”. No CD, mais de trinta artistas convidados, tanto brasileiros de diferentes regiões, quanto representantes do Uruguai e Peru. O álbum já foi lançado em Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
SONORIDADE – Sobre o disco ele acrescenta: “Reuni músicas de anos de intensa vivência artística, participando de festivais autorais, apresentações públicas, projetos de circulação, festas e folias do povo, aprendendo e ensinando sobre as temáticas das tradições populares. É possível encontrar em ‘Elemental’ ecos da música raiz, dos folclores medievais e andinos, das reminiscências indígenas e africanas e de todas essas influências assimiladas durante esses anos de estradar”. Na internet: erickcastanho.com.br
Projeto “Dandô”
Em homenagem ao cantador e violeiro mineiro Dércio Marques (1947/2012), há quatro anos está em atividade o Circuito de Música que o homenageia. Idealizado pela compositora e cantora Katya Teixeira, o projeto está consagrado como valorização da arte enraizada na identidade brasileira. Em 2014, o “Dandô” conquistou o primeiro lugar do prêmio Brasil Criativo, categoria música, do Ministério da Cultura (MinC). Erick integra o projeto desde 2013.
O músico acrescenta: “O Dandô é um dos principais projetos de disseminação da cultura regional no País. Sem ele, provavelmente não teria acesso a tantos artistas diferentes e talentosos como tenho encontrado. O projeto tem a característica de ser vantajoso para o artista que circula e forma novas plateias para o seu trabalho, bem como para o artista local que se fortalece formando público cativo e conhecendo artistas de outras regiões. Ainda é possível criar uma proximidade com o seu público através do contato direto ao fim das apresentações. Tenho muito orgulho e alegria de poder participar de um projeto tão belo e importante para a cultura brasileira. E tenho aprendido muito com toda essa vivência, que reúne tanta gente boa e talentosa”.