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segunda, 18 de novembro de 2024

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FANTASMA DA CRISE : Guiado pela razão, paixão e fé

14 novembro
09:09 2016

Tiago Guidotti vai para o segundo ano na presidência do Farroupilha, com dúvidas e esperança

“O lado humano, o da razão, me assusta; o da paixão me entusiasma; e a fé me fortalece”. É desta maneira que o presidente do Farroupilha, Tiago Guidotti, define o tripé (razão, paixão e espiritualidade) para administrar um clube sem dinheiro e com um calendário completamente desfavorável. As dúvidas são muitas – inclusive, colocando um ponto de interrogação na participação da equipe no Campeonato Gaúcho da Segunda Divisão (Terceirona) de 2017.

Guidotti está indo para o segundo ano de mandato. As dificuldades serão iguais ou maiores do que as de 2016. O dirigente não desanima. “Nem pensamos em não jogar. Isso só ocorre se não tivermos mesmo uma saída. Se não houver apoio da cidade, porque não queremos deixar o Farroupilha fora do campeonato”, afirma o dirigente.

Tiago Guidotti, 34 anos, funcionário público municipal, costuma diariamente se desdobrar para atender a todos os compromissos. À noite, ele – e a esposa Janaína – pregam a palavra aos fiéis da igreja evangélica do Ministério Tsidekenu (O Senhor é a nossa justiça, em hebraico), após um dia de trabalho e uma passagem obrigatória à tardinha pelo Nicolau Fico.

Negativas

Um dos primeiros obstáculos a ser vencido é a liberação do Nicolau Fico. O alvará do estádio está vencido. Tiago Guidotti diz que o processo de renovação está sendo encaminhado por empresa especializada em segurança contra incêndio, que tem sido parceira do clube. “Queremos pelos menos liberar aquela área, que já foi liberada antes (pavilhão social, arquibancadas laterais ao pavilhão e a do lado da Avenida Duque de Caxias)”, afirma.

“Mas queremos também, mais adiante, liberar a arquibancada da Rua Tenente Lira”, completa o presidente. Com a confiança de que o Farroupilha estará em campo na próxima temporada, Guidotti garante que já vem providenciando as certidões negativas do INSS, Receita Federal e de depósito do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de funcionários e jogadores.

“Nosso presidente da federação (Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto) já disse que o clube que não tiver essas negativas não vai jogar no ano que vem”, alerta.

Tiago Guidotti espera apoio de empresas para colocar o Farroupilha em campo na Terceirona de 2017 Foto: Hélio Jr

Tiago Guidotti espera apoio de empresas para colocar o Farroupilha em campo na Terceirona de 2017
Foto: Hélio Jr

Guidotti: “Nem sei o que fiz”

“Nem sei o que fiz”. É a resposta de Tiago Guidotti à pergunta de que forma conseguiu passar o primeiro ano da gestão sem que o Farroupilha tenha garantia de receita. Os patrocinadores Arroz Tordilho e Biscoitos Zezé asseguraram recursos para contratar alguns jogadores, que chegaram ao Nicolau Fico com o campeonato em andamento. Com a fé de pastor evangélico, o presidente acredita que o milagre se fez a cada dia no clube fragatense.

A maioria dos jogadores foi paga de acordo com a arrecadação do clube. Um modelo que será mantido em 2017. “Vamos pagar de acordo com a receita”, antecipa o dirigente, que admite trazer um treinador que seja pago por investidor. “Temos muitas ofertas de profissionais, por incrível que pareça. Mas queremos alguém que tenha qualidade. Se tivéssemos um patrocinador, já teríamos contratado o treinador”, afirma.

UNIFICAÇÃO – Os times da Terceirona iniciaram um movimento para unificar as séries B e C do Gauchão. A proposta será apresentada no congresso técnico da Divisão de Acesso em dezembro, mas não deve ser aprovada. A maioria dos clubes da B é contrária. Em contrapartida, a nova solicitação dos integrantes da Terceirona será o pedido de aumento do número de fichas por partida de jogadores com mais de 23 anos. Atualmente só são permitidos três atletas por equipe a cada partida.

O Farroupilha é defensor dessas duas propostas de mudança. É claro que prefere a unificação, porque isso num primeiro momento representaria a garantia de uma boa renda na partida diante do Pelotas. “Os que são contra (times do Acesso) a unificação deve lembrar que não estão livres de serem rebaixados para a Série C”, lembra Guidotti.

DÍVIDAS – Outra preocupação no clube fragatense é com as dívidas trabalhistas. Tiago Guidotti diz que essa questão é acompanhada pelo presidente de honra Ewaldo Poeta. “Estão sendo renegociadas as dívidas”, diz. O clube perdeu também a receita do parque aquático, porque as piscinas foram sublocadas por cinco anos. Há uma ação na justiça com a finalidade de romper esse contrato, mas é um problema ainda sem solução.

Nicolau FicoFutebol

Mesmo que haja incerteza em relação ao futuro, Tiago Guidotti já definiu que Darlan Berneira irá retornar para a função de gerente de futebol. O presidente ressalta também que o Farroupilha pode aproveitar a base do grupo de jogadores da última Terceirona e até cita alguns nomes: Ronaldo (atacante), Rafinha (volante) e Ariel (volante e zagueiro), além dos mais experientes Gabriel Lima, Fuca e Madalena.

Outra definição é que o Farroupilha irá repetir o processo de seleção de jogadores – modelo usado no começo deste ano, quando houve duas etapas. Uma primeira ampla e a segunda, que contou com os 19 candidatos a jogador aprovados na primeira fase. O dirigente alerta, porém: “O futebol não é só colocar a equipe em campo. Só para começar se gasta R$ 20 mil para registrar os contratos na FGF e na CBF”.

Neste ano, o Farroupilha jogou apenas 10 jogos. Foram quatro vitórias, um empate e cinco derrotas. Acabou sendo eliminado na primeira fase da Terceirona. “Não fossem as expulsões de quatro jogadores, contra o Guarany, na última rodada, o Farroupilha teria condições de se classificar”, lembra o presidente.

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