Diário da Manhã

quarta, 20 de novembro de 2024

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DANÇATERAPIA : Inspirando afetividade e equilíbrio

09 agosto
09:17 2017

A transformação interna através da expressão de emoções, está entre os principais objetivos da “Dançaterapia”

Por Carlos Cogoy

A orientação é para o uso de roupas confortáveis, pois são desenvolvidos movimentos corporais. Quem recomenda é a enfermeira e dançaterapeuta Gabriella Ferreira, que tem ministrado cursos e oficinas. Sobre a dançaterapia, ela ressalta que a prática proporciona alegria e equilíbrio, provocando sensações de leveza e vitalidade. Gabriella informa que dispõe de sala no “Lumi Coworking”, à rua Andrade Neves 3.118. Informações: (53) 9 9100.1880. E-mail: [email protected]

ENCONTRO – Gabriella explica sobre encontros que tem realizado: “O objetivo é permitir o reaprendizado da flexibilidade e fazer com que as pessoas enxerguem diversas possibilidades de resolução para conflitos e adversidades da vida. Ser flexível ao nível de nossas crenças e comportamentos, é indispensável para uma boa adaptação, integração e convivência, tanto no âmbito do relacionamento pessoal e familiar, como nos aspectos social e profissional. O único pré-requisito é querer despertar e expressar áreas adormecidas do corpo que nos bloqueiam. Liberando a energia acumulada, decorrente de traumas, mágoas e sentimentos negativos, nosso corpo se transforma, afastando nossos medos mais profundos e em busca de um viver melhor. Na atividade, então, é importante ir com roupas leves para conseguir se movimentar mais livremente”.

Gabriella Ferreira ministra encontro prático-vivencial

Gabriella Ferreira ministra encontro prático-vivencial

DANÇATERAPIA – Sobre a prática, Gabriella acrescenta: “A dançaterapia surgiu na década de sessenta, criada pela bailarina María Fux. Em seu percurso, ela criou um método por meio de materiais e ideias, uma forma de dançar a partir da improvisação do movimento corporal, promovendo transformações internas através da expressão das emoções. Quando se dança, expressa-se não só a felicidade, a alegria, a ternura, como também sentimentos de tristeza, os medos, as dores. María sempre diz que qualquer pessoa pode dançar. Por isso, para a dançaterapia não existe limitação física ou psíquica. É um método que se adapta a qualquer pessoa, desde os três anos de idade. Assim, ao desenvolver a escuta interna, temos a possibilidade de encontrar e superar limites. A dançaterapia é uma forma profunda de resgatar a alegria e a leveza do ser, de acessar e expressar as emoções, de aprender a viver com fluidez, mesmo nas situações adversas das nossas vidas. Cada pessoa tem o seu movimento e seu ritmo. Por meio do movimento corporal, a dançaterapia propõe uma integração corpo-mente como caminho de autoconhecimento, auxiliando no resgate de estados internos naturais como suavidade, afetividade, equilíbrio, flexibilidade”.

SOUL FÊNIX – “Inspirando Vidas – Dançaterapia Método María Fux”, é o projeto criado por Gabriella Ferreira. Conforme as parcerias, ela adapta o projeto para curso, oficina, workshop ou aula aberta. Uma das parcerias que tem dado certo, é com o grupo “Soul Fênix”. Trata-se de trio que reúne jovens músicos. Assim, as atividades de dançaterapia, contam com música ao vivo. “É uma outra forma de sensibilização e abordagem, extremamente benéfica”, diz a dançaterapeuta. O “Soul Fênix” conta com os músicos: Andrew Borges (violoncelo); Eduardo Santos (violino); Italo Guerreiro (violino).

TRAJETÓRIA – Gabriella é enfermeira egressa da UFPel, mestre em ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Dançaterapeuta especializada pelo curso de Pós-Graduação em Dançaterapia/Método María Fux, do Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação (CENSUPEG/Faculdade São Fidélis) de Santa Maria. Até o ano passado, trabalhando no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS/Cacimbinhas), em Pinheiro Machado, além das atividades de enfermagem aos usuários, foi facilitadora da oficina de dançaterapia e expressão corporal. Ela acrescenta: “Retornei a Pelotas neste ano e dei início ao projeto ‘Inspirando Vidas – Dançaterapia Método María Fux’, com o objetivo de autoconhecimento por meio do movimento corporal. Através da dançaterapia, busco auxiliar pessoas a acessar sua essência, além de descobrir novas formas de ser e de sentir, substituindo a antiga crença enraizada do ‘Não Posso’, por uma nova atitude do corpo que diz ‘Sim, Posso’”.

Expressão de sentimentos através do movimento corporal

Expressão de sentimentos através do movimento corporal

Autoestima e convivência através da “Dançaterapia”

 A dançaterapeuta Gabriella Ferreira ressalta benefícios proporcionados pelo recurso terapêutico. Ela exemplifica com participante, cujo diagnóstico indicava Transtorno de Personalidade Borderline. Conforme esclarece, entre os sintomas da patologia, estão a sensação de vazio, acessos “injustificáveis” de raiva, alternância de humor, relações interpessoais intensas e instáveis, comportamento impulsivo, ideias de suicídio, autoimagem inconstante.

EXEMPLO – Gabriella conta: “Essa pessoa tinha, na época, um filho de aproximadamente três anos. Inicialmente, apresentava baixa autoestima, não conseguindo olhar-se no espelho nem cuidar da autoimagem. Também tinha dificuldade de relacionamento, não conseguindo encarar outras pessoas, mantendo-se desconfiada e com receio de afetividade. Além de tentativas de suicídio e algumas internações. Em todo o processo dançaterapêutico, realizamos atividades em grupo e, minuciosamente, respeitando seu ritmo, com objetos como espelhos e elásticos. Estimulamos o olhar para dentro, isto é, olhar para si, cuidando de si, instigando a flexibilidade ao invés da rigidez nas relações pessoais. E estimulamos, também, o olhar para o outro, a aproximação com outro, a empatia, a suavidade, o abraço, as mãos como instrumento de cuidado de si e do outro. As atividades aconteciam uma vez por semana, com duração de duas horas. Um ano e meio depois, tudo o que foi expressado havia se transformado. As roupas, o cabelo e a maquiagem, que antes não importavam, foram ressignificados para essa pessoa que passou a reconhecer sua beleza interior e exterior. O abraço e o toque que antes a incomodavam, passaram a ser rotina nas oficinas de dançaterapia, e ela começou a ter a noção do doar de si e humanizar-se com os outros integrantes, auxiliando quem possuía outras dificuldades nesses níveis. E um fato, que vale ressaltar, foi o último dia de atividades de dançaterapia nesse local. Ela pediu para dançar com o seu filho, pois sentia-se preparada para essa aproximação e queria sentir-se mais mãe. E então os dois dançaram com o elástico, representando a flexibilidade e limitações da relação, terminando enrolados num abraço, demonstrando o grande avanço que ela teve em todos os níveis de sua vida”.

EDUCAÇÃO – E a dançaterapia na educação? Gabriella afirma: “A dançaterapia, enquanto recurso educacional, é uma importante fonte motivacional de criatividade. As suas implicações sociais devem ser consideradas essenciais ao ensino atual, estimulando crianças e adolescentes à descoberta de si mesmos e do mundo que os cerca, buscando desconstruir preconceitos e valores arraigados em nossa sociedade”.

           

 

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