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domingo, 12 de janeiro de 2025

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O lado do futebol que traz incerteza, desilusão e até deprime : A história de Diego, ex-goleiro da Dupla Far-Pel

13 setembro
08:30 2017

O futebol não é só dinheiro, baladas e ostentação. Os jogadores de times do interior convivem outra realidade, que se caracteriza pelos sonhos desfeitos, incerteza do futuro, calote dos clubes e desemprego. Um quadro que pode levar a doenças emocionais – como a depressão. Depois vem o fim da carreira e o difícil caminho do recomeço.

Diego fez um jogo pelo Pelotas: derrota para o Grêmio em Porto Alegre

Diego fez um jogo pelo Pelotas: derrota para o Grêmio em Porto Alegre

Diego Henrique Siqueira, 31 anos, foi goleiro de Lajeadense, Santo Ângelo, Guarany de Camaquã, Farroupilha, Pelotas, São Paulo de Rio Grande, Sobradinho, Dom Pedro e Legião (os três últimos do Distrito Federal). As lembranças de grandes atuações são como um oásis no deserto da desilusão com o futebol. Um quadro depressivo, duas internações hospitalares, fim precoce da carreira e a dureza do recomeço.

“Parei de jogar no Santo Ângelo em 2015. Não tive apoio de nenhum clube onde eu joguei – fora o Lajeadense. No momento sou preparador de goleiros do juvenil do Lajeadense”, revela Diego, que voltou a morar com os pais em Lajeado (sua cidade natal).

DEPRESSÃO – O mundo desmoronou em 2015, justamente o último ano em que jogou. O desemprego, o fim do casamento e a depressão. “Fui internado duas vezes em hospitais. Eu que nunca usei drogas…”, lamenta, sem entender bem o que aconteceu. Atualmente, a doença está sendo tratada com o uso diário de medicamentos: Respiridona e Lithium. Mas a vida é dura.

“Não posso me encostar (receber auxílio-doença), porque o Pelotas não pagou o INSS”, afirma. Ele jogou no clube da Boca do Lobo em 2014. Sem esse recolhimento da contribuição, com período posterior de desemprego, o ex-atleta perdeu a condição de segurado do INSS.

DÍVIDA – Essa não é a única reclamação que Diego tem do Pelotas. Ele conta que não recebeu nenhum mês dos quatro que ficou na Boca do Lobo. “Quando me mandaram embora, no segundo semestre, eu tinha ainda mais três meses de contrato. Não me pagaram nada. Fui para o São Paulo de Rio Grande”, lembra.

Diego entrou com ação na Justiça do Trabalho, mas nem assim viu a cor do dinheiro. “A dívida era de R$ 7 mil e passou, com a correção dos atrasados, para R$ 10 mil. Mas o clube alega falta de dinheiro e não me paga. Fico triste, porque o Pelotas tem pessoas que poderiam me pagar. O Farroupilha, que é um time pequeno, me pagou tudo que eu tinha direito”, afirma.

Farroupilha: sua casa

Farroupilha: sua casa

MINHA CASA – O ex-goleiro demonstra gratidão ao Tricolor do Fragata. “Lá é minha casa”, destaca. Teve grandes atuações com a camisa do Farroupilha em 2011 e 2013. Destaque para um Bra-Far no Bento Freitas, quando foi o melhor em campo, embora não evitasse a derrota por 2 a 1. Diego cita também uma vitória por 2 a 1 diante do 14 de Julho em Livramento. “Se perdêssemos o jogo, o Farroupilha seria rebaixado”, recorda.

As atuações pelo Farroupilha abriram as portas do Pelotas. Uma grande chance. Teria oportunidade de jogar a primeira divisão. Chegou ao clube certo no momento errado. O time foi muito mal no Gauchão e acabou rebaixado. Na Boca do Lobo, Diego foi reserva de Paulo Sérgio e Roger Kath. Ele jogou apenas uma partida: derrota de 3 a 0 para o Grêmio em Porto Alegre.

Diego ressalta que suas principais recordações do tempo de jogador estão relacionadas com a cidade de Pelotas, onde morou por cinco anos. “Foi aí que casei (com Paula Villagra) e onde tenho grandes amigos”, completa. Quem sabe um dia ele possa voltar. Por enquanto, o momento é de recomeço. De um duro recomeço.

(Caldenei Gomes)

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