Adeus ao Mister Pelé
Sol e chuva, lá na esquina estava o ambulante “Mister Pelé”. E teve fase na Floriano com Deodoro, também nas imediações da Praça Cel. Pedro Osório. Enfim, a itinerância para incrementar as vendas, às vezes de CDs, às vezes oferecendo meias e cadarços, reproduzia um pouco das décadas de luta pela sobrevivência. Foram variadas atividades. Como comerciário, trabalhou em locais como Mesbla, Trilhotero, Renner e Casa das Meias. Período em São Paulo, e as peripécias para criar os três filhos. Mas Vilson Couto sorria. Afinal, desde o fim dos anos sessenta, encontrara na música e na dança, uma expressão que o libertava.
GENEROSO mesmo que, muitas vezes, pudesse compartilhar apenas o sorriso. Mister Pelé dividia expressões otimistas, e a empolgação com os projetos que proporcionavam música e entretenimento nos bairros. Para viabilizar as ideias, naturalmente conquistava apoiadores e estabelecia parcerias. Aos artistas, distribuía medalhas, homenageando aqueles que abraçavam a inicativa.
DANÇANDO nas festas que lotavam ginásios nos anos setenta. Apresentando-se no programa de auditório do apresentador Bolinha na TV Bandeirantes. Cover, dublê do jamaicano Jimmy Cliff, vivia intensamente sua arte de sorrir das mazelas e injustiças. Mesmo após ser baleado ao ter sua casa roubada ano passado, tratou de se recuperar e retomar as atividades como o sopão da solidariedade.
PATRIMÔNIO humano da cultura pelotense, Pelé enfrentou grave enfermidade neste ano. A dor atingiu seu corpo, e, entristeceu a madrugada de ontem. Sepultado quinta à tarde, Mister Pelé não se foi. Está dançando na memória e imaginação, daqueles que receberam seu sorriso como um abraço.
(C0G0Y)