Reunião Técnica do Leite 2013 discutiu da fraude do leite aos seus benefícios para saúde
Uma reunião para discutir a produção e a qualidade do leite, levou um público especializado de cerca de 80 técnicos do setor produtivo, ensino, pesquisa, extensão e indústria, durante dois dias, em Pelotas/RS, definir o evento como um fórum permanente de discussão da cadeia produtiva do leite. Denominado Reunião Técnica do Leite 2013, a atividade programada para esta quarta e quinta-feira, trouxe neste segundo dia, uma das temáticas mais significativas do setor sobre o combate às fraudes na cadeia produtiva.
No painel Panorama Nacional sobre a Qualidade do Leite e Combate às Fraudes foram abordadas as ações realizadas pelas cooperativas. Para Gilberto Kny, da Piá, Nova Petrópolis/RS, o mais importante é o produtor retirar o leite de uma forma higiência e cumprir as exigências sanitárias recomendadas pelo Ministério. “Cada um de nós tem que fazer o tema de casa, para termos um produto de alto valor nutricional, com segurança absoluta”, comentou. Segundo ele, tem que se fazer do momento, um situação positiva para que a sociedade olhe para a indústria de forma idônea e confiável. Pela Cosuel, Fernando Oliveira de Araújo falou: “Para controlarmos as fraudes no leite, nós temos ações à nível de laboratório que monitoram a colheita do leite desde a propriedade até os postos de recebimento da cooperativa e este trabalho é feito dentro de todos os padrões que o MAPA estabelece para garantir um produto de segurança alimentar ao consumidor. Nós trabalhamos com avisão focada na capacitação e profissionalização do produtor de leite. A cooperativa está sediada em Encantado/RS.
Sob a visão de Clarice Fernandes, da Cosulati, em Pelotas/RS, o assunto da fraude, como o assunto merece ser tratado, está sendo tratado com muita seriedade.
A cooperativa tem um sistema de controle que oferece tranqüilidade e tem um sistema de laboratório e de análise de todo o leite bem implantado. “O produtor precisa entender que se ele produzir um leite de boa qualidade ou de má qualidade o trabalho será o mesmo”, defendeu ela. Segundo ela, se o produtor tratar da sanidade de seu rebanho, alimentá-lo bem e apresentar uma boa higiene na hora da ordenha, os demais cuidados serão com a indústria. Já na Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa/RS, o técnico Juliano Buchle enfatizou que se há desconfiança na carga de algum cooperado, é logo, descartada. “É qualidade sempre. Com qualidade o produtor tem longevidade, sem qualidade o mercado descarta o produtor automaticamente”, afirmou.
Depois desta apresentação, os representantes das cooperativas elencaram pontos que a indústria deve melhorar junto a cadeia produtiva do leite.
Piá:
- -Ter profissionais especializados nos laboratórios;
- – Profissionais no campo competentes;
- – Investir e fazer foco em metas, principalmente, na contagem de células somáticas;
Cosulati:
- – Educação voltada aos produtores;
- -Conscientização, tanto da indústria como do campo;
- -Uma boa condução do produtor em suas atividades, que irá reverter em benefícios para si e seus familiares;
Santa Clara:
- -Conscientização é muito importante;
- -Uma fiscalização única;
- -Um padrão único;
Universidades:
- -Ação do comprometimento para fazer a realização das ações;
- -Foco comum;
- -A questão da sonegação de informações, uma ação conjunta de todos da cadeia;
Para a pesquisadora Maira Zanela, a avaliação do evento estão nas intenções em se tornarem um futuro alavancador de ações de transferência de tecnologias para as regiões que abordam os temas propostos de uma forma prática.
Primeiro dia do evento
Na quarta-feira, dia 20, no primeiro dia da Reunião, contou com dois painéis. Pela manhã, Melhoramento de Azevém: demandas e estratégias de ação. Esse painel focou principalmente o azevém e mostrou o grande interesse do público sobre o tema, pessoas envolvidas com a produção de sementes e pesquisa de azevém em diferentes regiões do Brasil.
“Possibilitou a troca de experiências direcionadas à continuidade das pesquisas no leite”, observou a pesquisadora e moderadora do painel, Andréa Mittelmann, da Embrapa Gado de Leite, que atua na unidade de pesquisas no município.
Um dos palestrantes foi o presidente da Sulpasto, Sadi Pereira, que falou sobre a Produção de Sementes Forrageiras: elo importante da cadeia. Ele lembrou a parceria com a Empresa, já que sua instituição possui também um fórum bianual de discussão com pesquisadores, pelo fato de o associado ter maior acesso ao conhecimento técnico. “Como o azevém é muito utilizado por aqui, será benéfico para essa região o intercâmbio de conhecimentos apresentados pela unidade de pesquisas”, falou. Neste painel da manhã falaram ainda Igor de Carvalho pela Fundação ABC, sobre as demandas e estratégias da sua empresa e engenheiro agronômo Alberi Noronha sobre a avaliação de impactos da BRS Ponteio, cultivar de azevém lançado ao mercado de forrageiras pela Embrapa Clima Temperado.
À tarde, o painel sobre Nutrição Lipídica em Bovinos de Leite reuniu a experiência entre professores universitários e pesquisadores da Embrapa. Pela Universidade Federal de Santa Maria, José Laerte Nornberg, veio falar que os constituintes nutricionais do leite são importantes sob o ponto de vista da saúde pública, embora seja verdade a grande quantidade de ácidos graxos saturados no leite, ele tem outros compostos que tem mostrado uma série de efeitos positivos na prevenção do câncer, esclerose, anti-obesidade e doenças crônicas que são preocupantes para a população mundial. A recomendação para melhorar esses componentes é bastante diversificada, mas um ponto positivo é que pode ser feito através do manejo alimentar. “O uso de pastagens jovens e tenras favorece a produção desses ácidos benéficos, assim como também a inclusão de gordura na dieta das vacas em lactação, especialmente, as gorduras insaturadas.
Já o pesquisador, Marco Antonio Sunfeld Gama, da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora/MG, trouxe um conhecimento novo: a relação da gordura do leite e as doenças cardiovasculares. Segundo o pesquisador há evidências científicas que mostram claramente que não existe associação entre consumo da gordura do leite e maior riscos de doença cardiovasculares, ao contrário do que se acreditava durante décadas. “Quando a sociedade e a indústria começarem a entender o potencial que a gordura tem não só para não fazer mal, mas para proteger e trazer alguns benefícios à saúde, será possível que se crie um nicho de mercado para isso”, vislumbrou.
Segundo o pesquisador Jorge Schafhauser Júnior, mediador desse painel, a temática da nutrição lipídica de vacas leiteiras, é uma linha de pesquisa que a unidade de pesquisas de Pelotas está trabalhando com outras unidades da Embrapa, onde o óleo vegetal é utilizado na dieta das vacas leiteiras para aumentar a concentração de ácidos graxos insaturados, de ácidos linoleico conjugado e ácido graxo monoinsaturados na gordura do leite, já que essa gordura não é nociva à saúde humana.”Nesses momentos é permitido reorientar e determinar as linhas prioritárias as quais nós devemos trabalhar”, disse.
Abertura do evento
A abertura do evento contou com as presenças das instituições promotoras. As boas-vindas e a finalidade do encontro foi feita pela coordenadora da atividade, pesquisadora Maira Zanela. A gerente regional da Emater/RS, Karin Peglow lembrou da importância da atividade leiteira principalmente às unidades produtivas familiares e como substituição à cultura do fumo na região. A médica-veterinária da Cosulati, Clarice Fernandes, fortaleceu os vínculos da parceria com a Embrapa e o quanto a Cooperativa está afinada às inovações tecnológicas.
O representante da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Cláudio Fiorezzi falou da atenção dada pelo órgão estadual quanto a defesa sanitária, a organização e a gestão do agronegócio na Agricultura do Rio Grande do Sul. “Não há uma área que não seja dada atenção, sendo trabalhada”, enfatizou. Para ele, há a necessidade de avanço na obtenção dos processos de qualidade, principalmente, na cadeia produtiva do leite. O chefe-geral substituto, José Dias Vianna Filho, ressaltou que o leite faz parte de um dos três principais eixos temáticos estratégicos da Unidade de pesquisas. “Fortalecemos a equipe, com recursos humanos capacitados, e fortalecemos a estrutura de pesquisa de maneira a alterar os indicadores que possam melhorar os resultados do setor produtivo”, esclareceu. Vianna reforçou as potencialidades na área da pesquisa leiteira, que a Embrapa é detentora: programa de genética e programa de nutrição, formação do Centro de Recria e Seleção de Bovinos da Raça Jersey do Sispel e o Laboratório de Qualidade do Leite (Lableite).