Diário da Manhã

segunda, 25 de novembro de 2024

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Alex Lessa ficou no Brasil na troca da comissão técnica e agora filtra conhecimento da convivência com Clemer

26 dezembro
08:22 2017

Em julho, o Brasil resolveu fazer uma mudança radical em sua comissão técnica como consequência do um mau momento no Campeonato Brasileiro da Série B. Dos profissionais do trabalho de campo ficou no clube apenas o preparador de goleiro Alex Lessa Afonso, 38 anos. “Me sinto privilegiado e ao mesmo tempo valorizado. É uma valorização do meu trabalho”, afirma Alex, que, em 2014, retornou ao local onde começou sua trajetória no futebol.

Depois de ter ficado 10 anos longe do Bento Freitas, Alex Lessa voltou ao Brasil por convite do então treinador Rogério Zimmermann. “Eu me senti privilegiado com esse convite, porque o Rogério é um profissional que costuma se cercar de pessoas de confiança e também competentes”, ressalta o treinador de goleiros. E assim Alex pôde fazer parte da ascensão rubro-negra com dois saltos no Campeonato Brasileiro.

Com a saída de Zimmermann, Alex recebeu a oportunidade de trabalhar com Clemer, que foi um bom goleiro e multicampeão como jogador. “Estou tendo a possibilidade de fazer parte da comissão dele e também de apreender com ele o máximo que eu puder filtrar de conhecimento desta área de goleiro, o que vai contribuir para minha evolução profissional”.

Alex Lessa é pelotense, mas reside em Brusque – cidade natal de sua esposa Patrícia. È na capital da longevidade catarinense, que o treinador de goleiro aproveita as férias, curtindo a convivência com os filhos Helena, de quatro anos; e Alexsandro (filho de casamento anterior), 11 anos. “É em Brusque que quero residir até meus últimos dias”, revela.

“Se atingi o nível em que estou, agradeço de coração ao Oscar Rodríguez”

“Se atingi o nível
em que estou,
agradeço de coração
ao Oscar Rodríguez”

Necessidade de evolução permanente

Alex Lessa costuma dizer que é um profissional diferente a cada temporada, percorrendo um caminho permanente de evolução. “Tu evoluis, tu vais amadurecendo, trocando ideias com outros profissionais e sente mais segurança naquilo que tu faz”, diz o treinador de goleiros do Brasil, que tem

enfrentado o desafio nos últimos anos de orientar e motivar jogadores experientes e com carreira consolidada – como é o caso de Eduardo Martini e Marcelo Pitol.

Além da evolução individual, o treinador de goleiros necessita estar atualizado nas mudanças de conceito da atividade de preparar os comandados. “O que evoluiu na preparação dos goleiros é a necessidade de aprimorar a velocidade de reação. Hoje, se cria muitos trabalhos para aprimorar esse fundamento. A bola está muito rápida, a bola balança muito. A gente faz vários trabalhos para criar uma situação real de jogo, produzindo uma dificuldade real para os goleiros, inclusive com a utilização de ferramentas (obstáculos físicos) para causar o desvio da bola”.

Outra mudança apontada por Alex é a redução do tempo de treino. “Quando eu comecei no começo da década de 2000, tu davas ênfase à quantidade do trabalho, que era bem executado quando o goleiro estava “morto” de cansado. Eram duas horas e meia, três horas de treino. Hoje, a ênfase é para qualidade. Agora é uma hora, uma hora e meia no máximo para que o goleiro fique com uma sobra. O mais que ele quer de treino é a sobra que ele leva para o jogo”, completa.

Escolha para novo começo

No final da temporada de 1999, Alex Lessa teve que fazer uma escolha difícil para quem sonhava em ser jogador de futebol. Ele ouviu do então treinador de goleiros do clube, Oscar Rodriguez (hoje, no Palmeiras), que não seria mais aproveitado no Brasil. Mas não era o fim, e sim um novo começo. Alex poderia escolher entre tentar jogar em outra equipe ou se tornar auxiliar de Oscar, permanecendo assim no Bento Freitas.

Alex escolheu a segunda alternativa e não se arrepende. Pelo contrário, é grato a Oscar Rodriguez. “Foi ele que abriu as portas para que eu exercesse essa função. Se atingi o nível que estou hoje, agradeço de coração ao Oscar”, reconhece. A porta estava aberta, mas o avanço foi gradual, começando pelas categorias de base e como auxiliar de Oscar no elenco principal.

É verdade que a primeira oportunidade para assumir a preparação dos goleiros profissionais do Brasil surgiu em 2000, quando Oscar Rodriguez foi trabalhar no futebol árabe. Como não se sentia preparado no

momento, Alex indicou Giovane Guimarães (falecido no acidente com a delegação do Brasil em 2009) e seguiu como auxiliar. No ano seguinte, quando Francisco Neto era o técnico, Alex Lessa assumiu finalmente a titularidade da preparação dos goleiros xavantes.

CARREIRA – A partir de 2002, Alex colocou o pé na estrada, passando por São Luiz e São Gabriel; e retornou ao Brasil para fazer parte da comissão técnica liderada por Mano Menezes. Saiu do clube novamente no final de 2004. E aí passou por Farroupilha, Lami, Lages, São José/CS, Luverdense, futebol árabe (2007 e 2008), Brusque, Brasília e, no segundo semestre de 2014, retornou ao Xavante.

Enquanto se prepara para uma nova temporada, quando irá trabalhar com Pitol, Carlos Eduardo, Marcão (contratação ainda não confirmada) e Leonardo (categoria de base), Alex apresenta dado estatístico para provar que seu trabalho vem dando resultado. “Os nossos goleiros sempre mantêm a regularidade, com uma ou outra oscilação, que é normal. O nosso percentual de aproveitamento é de 95% e apenas 5% de oscilação”, destaca.

Sobre sua relação com goleiros, que possuem, inclusive, idade semelhante a sua e muito tempo de carreira, Alex Lessa assegura que não tem sua autoridade diminuída. “Eu cobro bastante. Sou um cara bem tranquilo, bem calmo, não sou cara de ficar gritando, mas chamo o cara num canto e passo as observações. Pequei aqui no Brasil: Martini, Luiz Müller, Marcelo Pitol, o Anderson. Profissionais experientes, rodados. Mas não tenho nada que reclamar deles. São grandes pessoas, grandes profissionais”, completa.

 

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