Rodoviários pedem socorro e podem parar por mais tempo
Ironicamente, mesmo durante ato por mais segurança, trabalhadores são vítimas de assalto
A proposta de ser um movimento pacifico, pela sensibilização dos gestores da área da segurança pública, sensibilizou apenas a categoria e alguns usuários. Cansados de serem vítimas da bandidagem, os trabalhadores do transporte rodoviário urbano de Pelotas paralisaram suas atividades na manhã de ontem em protesto pelo elevado número de assaltos a que estão expostos: em 2017 foram 174, alguns seguidos de violência física; este ano, até terça-feira. haviam sido registrados 14.
IRONIA – Trabalhadores e usuários preocupados e sensibilizados; autoridades mais ou menos; bandidagem, nem um pouco: durante o protesto que reuniu motoristas e cobradores mais diretores no Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Pelotas(STTRP), no terminal urbano em frente ao Supermercado Guanabara, quatro trabalhadores que estavam dentro de um ônibus, na rua Manduca Rodrigues foram vítimas de dois assaltantes que armados de revólveres levaram os aparelhos celulares dos mesmos.
Dentre as vítimas, o cobrador Fabiano Lima, da Conquistadora, apenas contabiliza mais um assalto: o 13º na sua vida de trabalhador rodoviário urbano. “Mais um pra minha coleção”, brinca o trabalhador, que ficou sem o seu aparelho celular.
“É mais um fato que entra para a triste estatística que acompanha a nossa categoria, pela falta de ações que inibam essa liberdade que os bandidos têm para assaltar a hora em que eles querem, sem serem importunados e punidos”, lamenta José Inácio de Jesus(Zequinha), presidente do STTRP.
Em função da violenta ação ocorrida durante o protesto justamente contra a violência, os rodoviários se revoltaram e exigiram uma ação mais “dura” de parte dos trabalhadores e do Sindicato.
ASSEMBLEIA – Zequinha aproveitou o momento e convocou os trabalhadores presentes para uma assembleia nesta sexta-feira em três horários, às 9h30min, 10h e 20h, quando será deliberado a possibilidade de uma paralisação maior, capaz de chamar mais a atenção das autoridades para que sejam tomadas efetivas medidas de prevenção e combate à criminalidade contra os trabalhadores do sistema. O clima no terminal apontava para a tomada de decisões bem radicais, tipo, paralisação geral e por mais tempo. É o clima que vai para a assembleia na sede do STTRP.
ATO PELA VIDA
No manifesto escrito e distribuído pelos rodoviários há um registro que aponta para o fato de os trabalhadores rodoviários urbanos “viverem permanentemente na linha de frete à violência, haja vista o cumprimento de rotas e horários durante suas jornadas de trabalho”. Ou seja, estão sempre à mercê dos bandidos.
Na manifestação o Sindicato também faz alusão às muitas reuniões feitas com a Brigada Militar, Policia Civil e Secretaria Municipal de Segurança, sempre em busca de socorro contra a ação da bandidagem. E lamenta que efetivamente não houve os resultados esperados.
CORPO FORA
Em visita ao local do protesto, quando já não havia mais protesto, o empresário Almir Kopereck – Empresa Conquistadora – se eximiu de qualquer responsabilidade quanto à segurança dos trabalhadores e dos usuários.
“A responsabilidade é das autoridades. Eu não posso colocar seguranças dentro dos ônibus pois, se um deles for morto pelos bandidos, a responsabilidade será minha”, disse.
Ainda sobre responsabilidades, ao ser indagado por trabalhadores sobre algumas punições impostas aos mesmos por condutas em horário de trabalho, Kopereck afirmou que todas são “determinadas pela prefeitura”. Não convenceu.
BOTÃO DO PÂNICO – Nas últimas sessões legislativas da Câmara Municipal, em 2017, os vereadores aprovaram projeto de lei do vereador Eder Blank(PDT) pelo qual as empresas (Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas) ficam obrigadas a instalar nos veículos um botão que quando acionado coloca e alerta a Brigada Militar, Policia Civil e Guarda Municipal sobre a ocorrência de assaltos. Isso possibilita que o sistema integrado de segurança desloque ao local do fato a viatura que estiver mais próxima.
“É uma maneira de inibir a presença dos bandidos dentro dos ônibus, pois eles sabem que a policia chegará bem mais rápido”, salienta Blank.
Apesar de não apresentar outra alternativa à segurança dos trabalhadores e usuários dos transporte coletivo, Almir Kopereck não acredita que vai dar resultados. O projeto, que conta com a simpatia dos gestores da segurança pública em Pelotas, espera pela manifestação da prefeita Paula Mascarenhas.
“Eu acho que não há nada a ser contestado pela prefeita. O projeto não contém vícios de origem e com certeza vai ajudar nas ações do Pacto Pelotas Pela Paz”, conclui o vereador.