QUADRINHOS : Campanha para publicar “O Lado Negro da Praça”
Financiamento coletivo é a alternativa para viabilizar o mangá, elaborado há cinco anos, que mostra Pelotas dividida
Por Carlos Cogoy
Em 84 páginas, história única dividida em atos. Com roteiro de Vinicius Lemes (21 anos), e, em diferetens fases, desenhos de Jardel Ferraz, Pedro Parente e Eduardo Bokow, o mangá está concluído há cinco anos. No segundo semestre de 2016, chegou a ser divulgado o lançamento de “O lado negro da Praça”. Porém, a programação que aconteceria em Herval, teve de ser suspensa pois a administração municipal cancelou a verba de apoio. Neste início de ano, Vinicius, incentivado pelo parceiro Eduardo Bokow, resolveu organizar um financiamento coletivo para viabilizar a História em Quadrinhos (HQ). Conforme acrescenta, a campanha já começou e a meta é alcançar R$10.200,00, para tiragem inicial de quinhentos exemplares. As doações podem ser desde R$12,00 até R$485,00. Se for atingida a meta, aqueles colaboradores que tiverem doado valores mais elevados, estarão recebendo itens como revista, caneca, camiseta e originais do livro. A doação também assegura a pré-venda do livro. Empresas que doarem o valor máximo, terão o “logo” na primeira página da publicação, bem como nos itens de divulgação. Vinicius ressalta que, não sendo alcançado o montante estipulado, os valores serão devolvidos aos apoiadores. A campanha será válida até às 23h59m59s do dia 21 de março. O endereço da “vaquinha virtual” é: catarse.me/o_lado_negro_da_praca_d061
LADO NEGRO – Vinicius menciona sobre a obra: “Escrevi ‘O Lado Negro da Praça’ há quase seis anos. E hoje aos 21 anos, observo que muitas coisas daquele período ainda são atuais. Exemplifico com a cidade dividida. Então, temos a Pelotas da elite, dos casarões, com ruas bonitas, e a Pelotas de quem vive no bairros de população pobre, que tem poucos recursos e convive com ruas esburacadas. No bairro que nasci, a rua agora está asfaltada, mas imagine o tempo que levou para que isso fosse feito? Outra realidade é as pessoas em condições de rua. Assim, espero que obra mostre a humanidade deles, conscientizando o público sobre suas histórias, para que tenham mais assistência. Além disso, também a questão da violência urbana, cujas notícias já mostram como é dramática, e também envolve o abuso de autoridade. Até por vídeo, conforme a tecnologia disponível, já se pode ser capturado. Mas observo que, de forma nenhuma, sou contra a farda, pois sei que tem pessoas que, diariamente, arriscam suas vidas pela nossa segurança. O que contesto é o excesso, com poderes demais sobre nós. Na obra, no entanto, também há coisas positivas. São iniciativas que, apesar dos pesares, contribuem para que, mais e mais pessoas, lutem pelos seus sonhos”.
REPERCUSSÃO – Através das redes sociais, “O Lado Negro da Praça” tem chegado a diferentes leitores no País e exterior. Vinicius afirma: “Tenho apoio de artistas da cidade, e do secretário de cultura. No Brasil recebi elogios do dublador do antigo desenho do ‘Super Choque’, Luiz Sergio Vieira, que expressou: ‘Fiquei interessado no projeto. Chama atenção um mangá com um personagem negro na capa. E isso é muito bom. Parabéns e sucesso. Depois gostaria de ver como ficou. Um grande abraço’. Nos EUA, possuo contato com o ator e modelo Xavien Bayley, que já me pediu uma cópia autografada do livro. Dentre outros americanos, famosos e não famosos, o meu maior feito foi conseguir o apoio do filmaker Mike Dorsey, que fez o polêmico documentário ‘Murder Rap: Inside the murders of Tupac & Biggie’. A ideia gerou a série ‘Unsolved: The murders of Tupac and Biggie’, com dez capítulos, que terá lançamento a 27 deste mês. Mike foi coprodutor da série. Isso é ouro pra mim”.
ANORMAL será o título do próximo livro de Vinicius, que também já começou a produzir o filme “O bairro”. Na temática, juventude e temas como criminalização, drogas e depressão.