Detentos reformam o mobiliário do Pronto-Socorro
Presos do Regime Fechado também se tornaram colaboradores na revitalização do Pronto-Socorro de Pelotas. Isso se tornou possível com a ampliação do Projeto Mão de Obra Prisional no SUS (MOP), que utiliza o serviço de detentos do Semi Aberto nas reformas das unidades de saúde, e agora passou a contar com os apenados do Fechado para renovar o mobiliário e equipamentos do PSP.
Os artigos são transportados até o Presídio Regional de Pelotas (PRP) onde camas, berços, suportes para soro e outros tipos de produtos hospitalares são revitalizados pelos detentos. O trabalho complementa o realizado pela equipe de presos que conduz a reforma dentro do Pronto-Socorro e em outras obras em unidades de saúde pela cidade.
Seja na reforma do PSP ou de seus artigos, a qualidade do serviço impressiona. A iniciativa beneficia a comunidade com a melhoria da infraestrutura para o atendimento e proporciona uma oportunidade de ressocialização da comunidade prisional que, a cada três dias trabalhados, consegue reduzir um na pena.
“É um grande desafio realizar essa revitalização, principalmente porque eles fazem um trabalho muito profissional. Acreditamos que o acabamento ficará excelente”, afirmou o responsável pelas ações do Programa Segunda Chance, integrante do eixo de prevenção terciária do Pacto Pelotas pela Paz, Leandro Thurow.
TEMPO DE SE RECICLAR
Na oficina montada dentro do presídio não há espaço para ociosidade. Aqueles que demonstram interesse em agarrar a possibilidade de tornar o cumprimento da sentença um período de recuperação encontram no MOP a forma de voltar a contribuir com a sociedade e se preparar para regressar ao mundo externo.
“Trazem o material para cá e fazemos a nossa parte. Se Deus quiser, vamos conseguir deixar tudo em estado de novo”, disse o detento que coordena a oficina no presídio.
Para outro apenado, poder trabalhar e ajudar outras pessoas é a chave para trilhar o caminho de volta à comunidade.
“Muita coisa pode ser feita aqui dentro. Quanto mais oportunidades nos derem, melhor. Tem muita gente que quer sair bem daqui”, falou outro colaborador da oficina.
O vice-diretor do PRP, Hamilton Martins da Silva, disse que oferecer ações como esta dentro do presídio é um ganho importante para evitar conflitos internos e auxiliar na prevenção da reincidência.
“Para nós esta parceria é excelente, pois ajuda na recuperação do apenado e mostra que ele pode contribuir com a comunidade”, elogiou o vice-diretor.
QUER AJUDAR TAMBÉM?
A Faculdade Anhanguera é uma das colaboradoras do Pacto e recentemente doou 40 galões de tinta para auxiliar nas pinturas realizadas com mão de obra prisional. A oficina montada no PRP conta com maquinário artesanal, confeccionado pelos próprios detentos que reciclam e reutilizam os mais variados tipos de materiais para suprir as demandas que chegam. Mas mesmo com o uso da criatividade, alguns equipamentos apropriados ainda fazem falta para agilizar a produtividade.
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas, máscaras de solda e aventais de couro estão no topo da lista de produtos não duráveis mais utilizados em todas as frentes de trabalho, internas ou externas.
O aprimoramento do serviço ficaria por conta de uma serra policorte de bancada e discos para cortar ferro, furadeira de mão com potência para serralheria, pistola para pintura profissional e plaina para madeira. Todo o tipo de equipamento é bem-vindo, inclusive os usados. Restos de brocas quebradas, por exemplo, são matéria-prima para a confecção de novas.
O aproveitamento dos apenados se estende também a trabalhos em construção, o que demanda com frequência areia média, cimento e brita. Na limpeza urbana, doações de uniformes também representam um grande apoio.
Quem quiser contribuir pode contatar a Secretaria de Saúde (SMS) pelos telefones 3284-9547 e 2184-9508 ou falar com o diretor operacional da Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui), Gabriel Manske, pelo 98139-4442.