LITERATURA : Projeto “Autor na Escola” motiva alunos
Desde o ano passado, Charlie Rayné tem promovido a divulgação dos seus livros, em visitas a escolas da rede pública
Por Carlos Cogoy
A metodologia é definida com os professores, pois considera a faixa etária e o perfil dos alunos. Mas, em geral, professores recebem os livros e, durante algumas aulas, desenvolvem atividades com os estudantes. A sugestão do autor Charile Rayné, é que os trabalhos sejam com alunos das séries finais do ensino fundamental, bem como do ensino médio. Posteriormente, em data previamente agendada, o escritor visita a escola e interage com as turmas. No encontro, ele responde questionamentos, declama textos e sorteia livros. Além disso, também comercializa, a preço de custo, seu dois livros “Memorial de Amor Inquieto” (2016), e “A Mulher borboleta e outros textos de casulo” (2017). “Um livro deve ser mais barato do que uma bebida alcoólica e um maço de cigarros. Os estudantes ficam fascinados, pois investem em algo durável e edificante. Um jovem que lê, mais se afasta do que não presta”, explica Charlie Rayné. E o escritor ressalta: “Minha agenda está aberta para professores, que queiram desenvolver o projeto comigo. Atendo escolas, ONGs e associações. A literatura deve estar em toda a parte”. Contatos podem ser feitos através do WhatsApp: (53) 9 8117.7746.
TRAJETÓRIA – A ideia, diz Charlie, ocorreu quando lançou o primeiro livro em Passo Fundo. Uma professora de literatura, que já desenvolvia atividades de fomento à leitura, convidou para o encontro com os alunos. Desde então, ele já esteve em cinco escolas da rede pública. O autor destaca as escolas Luiz Augusto de Assumpção, através da professora Karen Schiller, e a Escola Estadual Areal, devido ao empenho do professor Maicon Barbosa. “Minha ideia é ampliar essa rede, e receber mais professores parceiros. Não há cobrança de cachê nesse empreendimento. É uma honra e muito amor envolvido. Comercializo livros para custear despesas com o transporte, e para alguns materiais que talvez precise para o bate-papo bem informal. E tem de ser informal mesmo, pois eu e os alunos devemos nos sentir em casa. Tenho reiterado que lugar de escritor deve ser na escola. Vivemos num país carente dessa vivência de literatura. A proximidade do escritor com os alunos, acende uma cidade inteira escurecida de conhecimento. Sempre falo que estimular leitores é ganhar almas para o melhor do mundo”, diz Charlie.
Usina literária “on-line”
O espaço virtual como ferramenta para a divulgação da literatura. Charlie Rayné também divulga o projeto “Usina Literária” que, no Facebook, proporciona contato com leitores, publicação de pequenos textos, e a comercialização dos seus livros. Ele menciona que, além de leitores de diferentes regiões do País, também tem enviado suas obras para Portugal e Angola.
EXERCÍCIO – A plataforma digital ainda serve como “laboratório” para novos textos. Charlie explica: “A Usina é meu celeiro. Quase todas as obras que tenho, já publicadas, e as que terei nascem dali. É meu rascunho de escritor. Uso muitos textos curtos , poesias e reflexões para discutir a matéria-prima do meu trabalho, ou seja, o vastíssimo e controverso universo interior do ser humano. Minha obra é sempre pensada para ser curta e vasta de reflexões. E elas primordialmente abordam os clássicos sentimentos humanos. Mesmo no século XXI ainda nos atemos às mesmas discussões e conflitos. Então, geralmente os livros bebem da fonte da ‘Usina’, mas o caminho inverso também acontece”.
LEITORAS – Via internet, o autor constata o perfil do seu público. Ele menciona: “A interação é maravilhosa. Recebo diariamente ‘feedback’ do meu trabalho, e isto também me faz traçar um perfil das preferências dos meus leitores. Sei por exemplo, que mais de 60% do meu público é feminino. Isto de certo modo norteia muito os temas que serão trabalhados”.
NOVOS – A Usina Literária de Charlie Rayné, também tem sido esfera para compartilhar a divulgação de novos autores. Solidário, o escritor pelotense proporciona espaço aos novatos na literatura.
Obras do escritor
Além da literatura, Charlie Rayné também se dedica ao teatro, tanto como ator quanto na direção. A literatura e o teatro, encontram-se em diferentes projetos. Ele diz que, em abril, seu primeiro livro “Memorial do Amor Inquieto”, será levado ao palco da Casa Aguinaldo Silva de Artes em São Paulo. Conforme observa, o diretor é professor da escola, e foi convidado para apresentar a adaptação.
MEMORIAL de Amor Inquieto” (editora Berthier), reúne crônicas. Charlie acrescenta: “A experiência com teatro me deu base para a criação de personagens. Eu, como ator, pude experimentar emoções vastíssimas que puderam compor todos os meus personagens, tanto de teatro, como de romances ou crônicas. ‘Memorial’ sempre teve este título, pois foi a primeira coisa que nasceu do projeto. Os títulos sempre chegam primeiro para mim. Sou minimalista na crônica. Amo muito a metáfora. Meu tema central é sempre o desmoronamento e encantamento do amor. E o amor de todas as formas. De pais e filhos, irmãos, amantes, meninas e meninas, cães e seres humanos, amor entre inimigos, por que não? O amor que nos faz acordar para coisas que sequer imaginamos que somos capazes de ser e fazer. E isto inclui todo bem e mal do mundo”.
CONTO “A Mulher borboleta” é ambientado nos anos sessenta, e foi lançado ano passdo. A personagem Izabel revê etapas de sua jornada. “É uma análise da submissão feminina, um relato da sociedade patriarcal e de como a mulher se anulou por tanto tempo, presa no seu casulo”, diz o autor.