LITERATURA : Versos de auroras e crepúsculos
Pelotense Clóvis Dias Jr integra antologia poética de concurso nacional para novos poetas
Por Carlos Cogoy
Da Música e A bailarina e o farol. Os dois poemas foram inscritos pelo autor, Clóvis Dias Jr (39 anos), no concurso nacional novos poetas “Poetize 2018”. Conforme explica, ele descobriu o concurso através de divulgação online. Ano passado, entre 5 de setembro e 5 de dezembro, houve o período de inscrições. De acordo com escritor pelotense, cada inscrito participa com dois poemas. Como critério, versos inéditos. E o montante, diz Clóvis, chegou a 4.600 trabalhos. Os versos são de autores de diferentes regiões do País. As criações são avaliadas pelos organizadores, e foram escolhidas 250 para integrar a antologia poética. Do poeta pelotense, foi selecionado “A bailarina e o farol”. Clóvis acrescenta que optou pela participação no concurso, pois queria aferir como seria a aceitação de sua poesia por críticos especializados. Sua ligação com a literatura é recente, mas ele planeja lançar o primeiro livro em maio.
LER E ESCREVER – Clovis é formado em direito, e há quase três anos optou por residir no interior do município. Corretor de imóveis na zona rural, ele mora na Colônia Cristal. A formação jurídica o levou a gostar da leitura. Porém, acrescenta que não se dedicava a obras literárias. Suas leituras estavam em temas como filosofia, cosmologia, astrologia, psicologia, espiritismo e teosofia. O interesse ainda se mantém. No entanto, quando começou a escrever 2016, também passou a ler autores como: John Keats (1795/1821); Goethe (1749/1832); Maiakovski (1893/1930); Ferreira Gullar (1930/2016); Fernando Pessoa (1888/1935); Augusto dos Anjos (1884/1914); Mário Quintana (1906/1994); Carlos Drummond de Andrade (1902/1987). “Quando mudei para a zona rural ao fim de 2015, procurava a natureza e tranquilidade. No cotidiano, tenho as atividades no sítio que moro, e também o trabalho com vendas de imóveis rurais. Vou à cidade profissionalmente, quando tenho que juntar os documentos dos clientes para efetivar as negociações referentes à venda de sítios. Essa mudança, no entanto, proporcionou o aumento da leitura. Daí, no ano seguinte comecei a escrever”, diz ele.
POESIA – O poema “A bailarina e o farol” foi escrito em setembro. E, conforme o poeta, criado quando contemplava o entardecer. Ele conta sobre a satisfação ao saber que o poema havia sido selecionado no concurso: “Quando recebi a informação que meu poema havia sido escolhido, me senti muito feliz pelo reconhecimento do trabalho, assim como, me entusiasmou para continuar escrevendo”. Atualmente, diz Clóvis, já dispõe de setenta textos, entre poesia e prosa poética. “Escrevo prosas poéticas, aprecio contos e faço algumas crônicas, mas tenho direcionado para a poesia no estilo romântico. Quem sabe um dia chega um romance?”, indaga.
LIVRO é a meta do escritor, e o lançamento está sendo planejado para maio. De acordo com Clóvis, o esforço tem sido para definir o apoio de patrocinadores. Sobre o estilo e a obra que pretende publicar, ele menciona: “Meu estilo preferido é o romântico, pois na minha concepção é o que tem maior capacidade de emocionar os leitores, amantes desta bela arte chamada poesia. Como recebi críticas entusiasmadas, então estou direcionando esforços para editar meu livro. Atualmente, o livro está em fase de correção e revisão, aos cuidados do professor Jorge Guimarães, ex-docente de direito da UFPel e UCPel, filósofo e grande amante de refinado conhecimento sobre poesia. E o lançamento será na nossa doce Princesa do Sul”. Como projeto, o autor pretende fomentar saraus poéticos para alunos da rede municipal. “Seria uma ótima ferramenta para instigá-los à leitura, escrita e inspiração”, conclui.
A Bailarina e o Farol*
I-
O céu encontra-se com o mar,
No horizonte fictício,
Produzido pela visão limitada.
O planeta-Lua é o habilidoso maestro,
Que rege à distância, às marés das águas da Terra.
Enquanto ela, a bela Mãe-Terra,
Bailarina da Via-Láctea;
Dança no sereno ritmo,
Da silenciosa melodia do universo.
Em cada lenta pirueta diária,
Proporciona um magnífico show,
De auroras, alvoradas e crepúsculos,
No céu de ambas as suas faces;
De seu lindo corpo nu.
II-
Desde sempre iluminada e observada,
Pelo opulente farol da Via-Láctea.
Que nunca pestanejou uma única vez,
Em seu sacerdócio divino infinito.
Nem mesmo quando o azul do céu,
Ficara completamente coberto,
Por um enorme véu de nuvens,
Densas e enegrecidas.
Jamais desistiu de sua eterna incumbência,
De doar luz e vida a toda galáxia.
III-
E a bailarina continua com seu balé,
De rodopios intermináveis.
No grande palco circular invisível,
Sem chão sob seus pés.
E o eterno farol candente,
A iluminar com magnificência,
Cada singelo movimento,
Da linda bailarina azul.
*Poema de Clóvis Dias Jr, selecionado no Poetize