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sábado, 30 de novembro de 2024

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AUTISMO : Indiferentes não constroem mundo diferente

11 julho
09:03 2018

A elevada incidência de autismo foi debatida na Jornada Pedagógica do Colégio Pelotense

Por Carlos Cogoy

Jornada Pedagógica PELOTENSE 18A cada 59 crianças que nascem, uma é autista. A causa da elevada incidência, ainda não tem uma identificação oficial. Porém, há algumas pistas que indicam para fatores como: faixa etária dos pais; deformidades decorrentes do uso de glúten na alimentação; mutações genéticas originadas pela acumulação do envenenamento contínuo através dos agrotóxicos.

Como a tendência é aumentar a demanda, em Pelotas há quatro anos está em funcionamento o Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura. Conforme a diretora Débora Jacks, que ontem pela manhã abordou a temática na 24ª Jornada Pedagógica do Curso Normal do Colégio Municipal Pelotense, atualmente o centro atende 354 autistas, sendo que semanalmente cerca de dez novos casos são comunicados ao centro. A lista de espera pelo atendimento, que abrange desde atividades terapêuticas, passando por projetos como a ludoterapia, xadrez e pet terapia, até o estímulo pelo desenvolvimento do potencial de aprendizagem, é de 248 autistas. Na Jornada Pedagógica, que tem como tema “O olhar do professor diante da inclusão” –atividades prosseguem nesta quarta, estendendo-se até sexta -, Débora enfocou diferentes aspectos da relação como o autista, desde a educação infantil até a universidade. Ela destacou o papel da família, e principalmente do professor. Salientando que o autismo não é doença, mas transtorno do espectro autista, observou que sempre há evolução. Para isso, no entanto, Débora manifestou: “Um mundo diferente não pode ser construído por pessoas indiferentes”. O Centro de Atendimento está instalado à rua General Argolo 1.801, e funciona de segunda a sexta das 7h45min às 11h45min, e das 13h30min às 17h30min. Informações: 3222.4711.

Patricia Fassbender Wille e Débora Jacks

Patricia Fassbender Wille e Débora Jacks

JORNADA Pedagógica começou segunda, e a organização é das turmas 23E e 32A do curso Normal, sob a coordenação da professora Patricia Bonow Fassbender Wille. Acerca do autismo, tema da manhã de terça, a palestrante Débora Jacks observou que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior a chance de atenção e desenvolvimento das potencialidades da criança. Em torno de um ano de idade, já é possível observar se a criança apresenta indícios que não correspondem ao previsto para a fase. Mas somente a avaliação neurológica, é que fornecerá laudo sobre o transtorno. E há desde casos leves até severos. Diante de público formado majoritariamente por futuros professores, Débora Jacks mencionou que o autista tem dificuldades com conceitos abstratos, bem como na compreensão do ponto de vista de terceiro. Outro aspecto é o vínculo afetivo, pois se não há empatia, torna-se mais difícil estabelecer a relação. E, quanto alguém se aproxima, não significa que o autista não goste, mas geralmente não sabe como proceder. Então, numa escola, o professor é o mediador. O ambiente da sala influencia, e o recomendável é que fique perto da mesa do professor, acompanhado do cuidador ou auxiliar. Estes são suportes, pois o aluno, em aula, é do professor. O aconselhável é que se defina rotina, com planejamento, sem muitas variações nas atividades”.

COMPORTAMENTO – De acordo com Débora Jacks, na avaliação a escola deve considerar a história familiar do aluno autista, o desempenho na aprendizagem, em relação ao contexto de linguagem, tanto social quanto cognitiva. Então, compreendendo a criança, as esterotipias, detectando as dificuldades, e contemplando a funcionalidade e intenção.

ORIENTAÇÕES – Débora observou acerca da comunicação: “O autista tem dificuldades para se comunicar, tem medos, fica desconfortável diante do novo, prefere a segurança da rotina. Até mesmo um caminho novo pode influenciar no seu comportamento, aumentando a ansiedade, levando-os a tentar uma desesperada comunicação. Assim, reagem de diferentes maneiras, através dos gritos, choros, agitação. Na verdade algo aconteceu anteriormente, para haver mudança no comportamento”.

CONVIVÊNCIA – Conforme a diretora do Centro de Atendimento: “Autistas gostam de estar perto dos outros. Mas eles não sabem como fazer. Podem às vezes, estranhar quando o barulho for excessivo, ou gritar em sinal de satisfação, euforia, muitas vezes pensamos que eles não estão gostando. Tente interpretar seus gritos e as diferentes formas de comunicação, precisamos ensinar e estimular o contato e a convivência com os demais colegas, justamente, por eles terem maiores dificuldades, devemos ensiná-los”.

CARINHO – Ela acrescenta: “Todos nós gostamos de carinho, com os autistas não é diferente. Acontece que alguns têm dificuldades com relação a sensação tátil, que está relacionada a questões sensoriais, que podem ser hiper ou hipo-sensorial, onde podem sentir-se desconfortáveis com o toque ou abraço apertado. Então é necessário ir aos poucos, pois eles querem um abraço. Mas é preciso entender as sensações. Avisar antes de abraçá-lo, preparando-o primeiro. Com o tempo, irá se acostumando e essa fase será dispensada”.

DEPOIMENTO de mãe de menino autista, encerrou a programação na terça pela manhã. Ela relatou dificuldades para aceitar o diagnóstico, os preconceitos com familiares, amigos e também na escola. Como contraponto, ressaltou os inúmeros avanços do filho. Mas alertou que o autista leve, pode passar despercebido. Com isso, sem acompanhamento, poderá ter problemas na vida afetiva e profissional.

Organização da jornada reúne alunas das turmas 23E e 32A do curso Normal

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