EDITORIAL : Convite à meiguice
A violência, nos dias que correm, está sendo praticada pelos mais inesperados protagonistas. Não é mais momento de se concluir ou avaliar a brutalização das relações humanas mas de apelar por mudança. Conclamamos todas as pessoas a deliberarem os seus mais doces sentimentos. Convidamos a todos a valorizar a convivência amigável e civilizada. Todos, indistintamente, mesmo os que não se veem como endereço desta mensagem.
Que se recite mais poesias nas escolas, nos clubes, nas serestas. Isso, quem sabe voltar as serenetas. Onde está indo parar o prazer em ser bom, amigo e respeitoso. Com que força imensurável a violência está se propalando. Ou retoma-se a essência fraterna do ser humano ou veremos o mundo composto por delinquentes e aniquilados.
Que recupere-se o louvor a Deus, acima de religiões. Qualquer possibilidade de agravamento da violência deve ser evitada. Que se enfeite as escolas com margaridas e borboletas pintadas pelos alunos. Que volte o orgulho e a emoção ao desfraldar de bandeiras. Sem cultivar o fanatismo, a manipulação, a ignorância e a hipocrisia, que se dê mais poder para o povo, belo e pueril. Que aumentem as crianças saudáveis e fagueiras, mais que anjos e gnomos, o real sobre o virtual.
Que campesinos acendam o fogo de chão e aqueçam seu coração com a energia do calor humano. E que se aprenda a solicitar e a requerer sem agredir e matar. Pois a cultura e o conhecimento são as melhores armas para a conquista. O coração e a razão vencem julgamentos, batalhas e guerras. Não podemos restringir a violência à esfera da crise social e da impunidade. Também não podemos crer que a impunidade sozinha oportunize a permissividade a este pavoroso desvio da conduta humana que tem levado a inúmeros atos de violência.
Está faltando colorido no imaginário de cada um. E está sobrando números, objetos, fantasias, rancores. Mas como apelar à candura se a angústia provocada pelo medo sufoca a inocência e faz aflorar instintos irracionais? A meiguice está sendo deixada de lado. Está dando lugar ao ódio. O amor que era essencialmente puro está se ingestando de violência. Os crimes passionais tomam as formas mais monstruosas enquanto é deixado de lado a preservação dos semelhantes. Está na hora de mudar. Que cada um de nós dê o primeiro passo para a grande marcha.
