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quarta, 20 de novembro de 2024

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Saúde LGBT motiva projeto da Prefeitura

11 março
09:38 2019

O Programa de Saúde LGBT da Prefeitura ganhou o reforço de uma fonoaudióloga. A atuação da profissional soma-se aos serviços da equipe formada por psicólogos e assistentes sociais, além de médicos endocrinologistas oriundos de parceria entre o Executivo e o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HU/UFPel), filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Juntos, esses profissionais ajudam no processo de transição de gênero daqueles que procuram a unidade em busca de ajuda.

Baseado no Programa de Identidade de Gênero (Protig) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), a iniciativa pelotense nasceu da vontade de facilitar o acesso ao processo transexualizador no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

PROCESSO de redesignação de gênero é um dos temas abordados nas reuniões realizadas quinzenalmente

PROCESSO de redesignação de gênero é um dos temas abordados nas reuniões realizadas quinzenalmente

Para isso, são realizadas reuniões quinzenais em que os participantes recebem informações sobre temas, como reposição hormonal, um assunto complexo e realizado sem orientação médica por muitos, apesar dos efeitos colaterais.

“Aqui eles são informados de todos os passos necessários para fazer a redesignação e auxiliados nesse processo. Nosso objetivo é acolher cada um em sua especificidade e ajudá-lo a encontrar ou reforçar sua identidade”, afirma a coordenadora, a assistente social Bianca Medeiros da Silveira.

Segundo ela, o programa também atende vítimas de homofobia. “Muitos sofreram violências horríveis e precisam de acompanhamento psicológico. Outros não tem apoio da família e temem o afastamento”, garante a assistente social.

Conforme a psicóloga Angelina Pontes da Silva, colaboradora do programa, alguns usuários chegam com muitas dúvidas, no entanto, a maioria já sabe o que deseja. No entanto, o processo é longo – leva mais de dois anos pelo SUS – e exige muitas etapas até estar concluído. Os tratamentos envolvem reposição hormonal, terapia e trabalho de voz com a fonoaudióloga.

Mesmo assim, depois de tudo, eles demonstram satisfação por mente e corpo estarem finalmente de acordo. “Por ser uma cirurgia irreversível, precisa ser muito bem pensada e decidida. Nesses casos, o acompanhamento de uma equipe é fundamental, o que antes não ocorria em Pelotas”.

QUANDO CORPO E MENTEM CONVERGEM

Hoje, metade dos pacientes que integram o programa municipal têm suporte familiar, enquanto a outra parte luta contra o preconceito dentro de casa. No caso de Allan Souza, de 34 anos, o processo de descobrimento e aceitação da própria sexualidade foi difícil, passando pela pressão de ter nascido em uma família tradicional e em uma cidade pequena.

Natural de Caçapava do Sul, ele – que nasceu ela – precisou vir para Pelotas, aonde conseguiu libertar-se das correntes que o amarravam ao passado. Nesse processo, a participação no programa da Prefeitura ajudou bastante.

A expectativa agora é pela mudança oficial do nome nos documentos de identidade. “O apoio de uma amiga muito querida também contribuiu para essa descoberta. Foi ela que me ajudou a entender que eu era um homem em um corpo feminino”, conta.

Ele lembra ainda o apoio da mãe, que escolheu a nova identidade: “eu perguntei: ‘mãe, se eu fosse homem, que nome eu teria?’ Rápido ela disse ‘Allan’, e largou ‘tu vai trocar de nome, né?’. Ali foi meu renascimento”.

Souza explica que em seguida passou a participar do programa Saúde LGBT, após ser encaminhado ao SUS. A ideia era entrar no processo de mudança de gênero do Protig, na Capital, mas ele foi abordado pela assistente social Bianca e passou a fazer parte do projeto pelotense, conquistando uma nova vida após iniciar o tratamento hormonal.

“São só rótulos, mas a sociedade pede isso, pede que tu explique tudo da tua vida e isso vem junto no processo de mudança. Hoje minha mente está mais confortável com meu corpo, mas não foi fácil”, revela Souza, que se considera um homem heterossexual e está no programa desde abril de 2018.

Atualmente, participam da iniciativa 15 homens e mulheres com idades que variam dos 18 aos 34 anos. A maioria deseja fazer a redesignação de gênero, no entanto, isso não é regra. Quem quiser fazer parte do projeto, pode ir até a rua Lobo da Costa, 1.764, sala 201, das 7h às 13h ou ligar para 3284-7767. O contato também pode ser feito pelo e-mail [email protected].

ENTENDA

Criado em 2016, o programa pelotense de Saúde LGBT já atendeu cerca de 30 pessoas. Atualmente, 15 participam das reuniões quinzenais e muitos estão em processo de redesignação. A palavra transgênero refere-se ao indivíduo que se identifica com um gênero diferente daquele que corresponde ao seu sexo. No Brasil, estima-se que exista um caso para cada 30 mil homens e um caso para cada 100 mil mulheres.

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