Diário da Manhã

sexta, 29 de novembro de 2024

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FALANDO SOBRE O AUTISMO : O autismo através da mídia

25 junho
08:36 2019

Por Eliane Bitencourt*

Quando o assunto é autismo, talvez uma das primeiras imagens que vem na cabeça das pessoas é de Raymond Babbitt, do filme “Rain Man” (1988).  Com habilidades “extraordinárias” em termos de matemática e memória, a condição de Raymond é classificada como Autismo de Alto Funcionamento. Outro sucesso recente que também nos traz o autismo de alto funcionamento como protagonista é a série “Atypical”, da Netflix que estreou em 2017.  Temos também o autismo da Benê da novela Malhação, exibida em 2017, mostrando a Síndrome de Asperger, que é um transtorno do espectro autista.

Autismo logoEntretanto, estes três casos mostram uma das faces do autismo que, por ter sintomas mais brandos e oferecer uma maior independência ao indivíduo, não está incluída nos níveis clássicos de autismo. O que traz um questionamento: e os casos mais graves?

Foi exatamente o que mostrou na última quarta-feira o programa Profissão Repórter da Rede Globo. As cenas foram fortes até para quem, como eu, conhece e vive essa realidade. Cenas impactantes de um autismo que muitos não querem ver.

Por um bom tempo o autismo foi romantizado pela mídia. Os problemas e os conflitos foram postos de lado. Essa “romantização” tira de nós a visão de que o autista é um sujeito de desejos e direitos e, que, como qualquer cidadão, precisa ter suas necessidades atendidas. Mostra o lado ideal da coisa, e não como de fato ela é, uma realidade repleta de dificuldades a serem superadas.

A matéria trouxe à tona o autismo severo, as dificuldades, limitações e angústias vividas pelo André e sua mãe. Realidade do André, e de muitos outros “Andrés” espalhados pelo país afora.

Mostrou as famílias que esperam por tratamento, as longas filas de espera, a falta de profissionais capacitados, mães fazendo tarefas de cuidadores em espaços onde a lei deveria garantir esse atendimento, escolas onde os autistas ficam num canto da sala sem ter quem os atenda. Infelizmente essa é uma das realidades que acompanha o autismo.

Embora nosso município venha se destacando na elaboração de políticas públicas voltadas às pessoas com autismo, onde através da luta das mães da Amparho, tivemos muitas conquistas, e o Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura é uma delas, ainda há muito a melhorar, ainda há muito a ser feito, principalmente em relação aos adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), porque aqui em Pelotas também temos “Andrés”.

ELIANE Bitencourt

ELIANE Bitencourt

* Professora aposentada, graduada em Artes pela UFPel, e Informática na Educação pela UCPel, pós-graduanda em neuropsicopedagogia clínica, atuou como arteterapeuta no Centro de Autismo Dr. Danilo Rolim de Moura. Mãe do Márcio, menino autista de catorze anos, preside a Associação de Amigos, Mães e Pais de Autistas e Relacionados com Enfoque Holístico (AMPARHO). Em Pelotas e região, desenvolve o projeto “Falando sobre autismo”

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