Escrita à mão desenvolve funções psicomotoras das crianças
Estudo mostra que estudantes não têm mais a mesma força e destreza nas mãos como costumavam ter 10 anos atrás
Você consegue se lembrar da última vez que escreveu um texto inteiro à mão? Ou sequer um parágrafo? Com a praticidade dos dispositivos tecnológicos, passamos a redigir textos no computador, fazer anotações rápidas no smartphone ou simplesmente segurar um botão e gravar uma mensagem por voz. Obviamente isso é consequência da tecnologia e facilita as atividades do dia a dia, porém, como os adultos cresceram escrevendo, não é muito difícil para eles segurar uma caneta e redigir algo a mão. Diferentemente do que vem acontecendo com crianças e jovens dessa geração.
Por já nascerem em um mundo digital e utilizarem telas desde bem pequenos, meninos e meninas estão tendo dificuldades em aprender a segurar um simples lápis ou caneta. É o que mostra um estudo realizado por pediatras e terapeutas da Fundação Heart of England, do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra. De acordo com eles, as crianças que estão indo à escola hoje não têm mais a mesma força e destreza nas mãos como costumavam ter 10 anos atrás – isso porque a habilidade manual fundamental para segurar o lápis ou caneta não foi devidamente praticada, já que essas crianças passam um tempo excessivo em dispositivos digitais e não potencializam suficientemente os músculos dos dedos.
“É mais fácil dar um tablet a uma criança do que incentivá-la a treinar os músculos brincando de recorte e cola, montando quebra-cabeças ou interagindo com objetos desmontáveis. Por isso, eles não estão desenvolvendo habilidades simples como segurar um lápis”, afirma Sally Payne, terapeuta ocupacional pediátrica da fundação britânica.
O coordenador da assessoria de Educação Física, Arte e Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Davi Marangon, explica que, além de desenvolver habilidade com as mãos, “é por meio dos sentidos e das percepções decorrentes deles que a criança aprende a dominar o seu corpo e a se apropriar do meio cultural em que vive, construindo os instrumentos necessários para se relacionar consigo mesma, com os outros e com o mundo que a cerca”.
Nesse sentido, Marangon salienta que a Educação Física é extremamente importante, desde a primeira infância, pois, por meio de práticas corporais, desenvolve competências e habilidades cognitivas, socioemocionais e motoras das crianças. Deste modo, o especialista reforça a necessidade de, mesmo com a presença tecnológica e desenvolvimento de habilidades no uso de dispositivos eletrônicos, não deixar de lado as atividades motoras, uma vez que são peça importante em todas as dimensões de desenvolvimento infantil.