175 alunos de escola do Getúlio Vargas estão em turno integral
Implantado pela Prefeitura, em agosto do ano passado, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Mário Meneghetti, no Getúlio Vargas, o turno integral já está consolidado na rotina de 175 alunos das séries iniciais do educandário. Neste ano, a novidade é a ampliação do sistema para as turmas de 3º ano, fazendo com que sete turmas da Emef – incluindo os 1º e 2º anos – tenham uma rotina diferenciada de aprendizado, que abre possibilidades para uma aprendizagem mais significativa, lúdica, interdisciplinar e atrativa.
O sistema também permite uma ressignificação dos seus cotidianos, uma vez que as crianças têm o turno escolar inverso preenchido por atividades pedagógicas, dentro da instituição.
Desta forma, estudantes, professores e demais profissionais da escola viram seu dia a dia mudar com o tempo, o que demandou organização e comprometimento da equipe, explica a diretora Bianca Aires. Ela conta que os cinco meses de experiência, em 2019, foram fundamentais para o grupo iniciar o ano mais seguro e confiante no modelo de educação, o que vem impactando significativamente no desenvolvimento dos alunos.
Rotina dinâmica de aprendizagem
Além dos momentos em sala de aula, as crianças permanecem todo o dia na unidade escolar, participando, de maneira intercalada, de atividades que incluem reforço de matemática e português, de forma lúdica; aulas de espanhol e inglês, artes plásticas, teatro, dança, música, meio ambiente; e projetos de esporte e literatura.
“Eles seguem demonstrando a evolução em aspectos como autonomia, independência e segurança de estarem aqui. Além disso, o fato de conviverem mais uns com os outros e compartilharem as diferenças faz com que se respeitem mais e se ajudem; gera empatia”, afirma Bianca.
A diretora salienta a chegada de novos profissionais como um ponto positivo, de forma a reforçar a equipe e trazer um fôlego novo à rotina de aprendizagem na escola.
Até então, com a nomeação de 674 servidores da Educação, no concurso público da Prefeitura, 17 já foram alocados para a escola do Getúlio Vargas: quatro merendeiras, seis professores de Séries Inicias, dois de Educação Física, quatro de Teatro, Dança, Música e História, e um cuidador. A programação diária das atividades é organizada cuidadosamente pela diretora, a fim de conciliar a execução do cronograma com a rotina dos demais estudantes do educandário.
Nesta semana, uma das tarefas das turmas do 3º ano, voltada à conscientização sobre a prevenção da dengue, foi realizada no auditório da escola, reunindo crianças e professores de diferentes classes para debater o assunto. “Acho a ideia maravilhosa porque possibilita mais autonomia aos professores e alunos, não fazendo com que o conteúdo fique restrito apenas à sala de aula, ao quadro. Podemos utilizar outros ambientes e recursos, tornando o ensino mais atrativo”, assinala a professora do 3º A, Fabiane Conceição.
Ela, que está entre os 15 professores da Mário Meneghetti envolvidos com a nova dinâmica, também considera a maior autonomia dos alunos como um ponto positivo, explicando que tarefas como lavar as mãos e escovar os dentes já são executadas de forma espontânea por eles – um dos reflexos do turno integral implantado no ano passado, quando estavam no 2º ano.
Mudanças qualificam dia a dia
Em 2019, a Secretaria de Educação e Desporto investiu mais de R$ 600 mil na construção de seis salas, um conjunto de banheiros, novo sistema de drenagem, colocação de piso cerâmico em dez ambientes, restauração da quadra esportiva e pintura externa. Um laboratório de informática, com 26 computadores, também foi instalado na escola, buscando aprimorar as práticas pedagógicas e, sobretudo, as aulas de robótica que encantam os estudantes. Na Mário Meneghetti, funciona um dos Clubes de Computação Criativa do Município.
As melhorias seguem sendo implantadas pela escola, buscando qualificar, ainda mais, o dia a dia dos pequenos. Exemplo é a organização de uma sala específica de Artes e outra de jogos – esta ainda em elaboração –, com televisão, colchonetes e brinquedos, possibilitando um espaço de relaxamento e descanso para as crianças entre os turnos.
Professor como referência
Outra novidade é a presença constante de um professor titular com as turmas, mesmo na hora de almoço. O objetivo, de acordo com a diretora, é transformar todas as atividades em momentos de aprendizado. “Ao estarem acompanhados pelos professores, os alunos ficam mais tranquilos, porque são a referência deles. Toda hora é uma oportunidade para aprender e todo espaço da escola pode ser utilizado para isso”, comenta Bianca, indicando o aumento da procura por parte das famílias da região.
Atualmente, cerca de mil alunos frequentam a instituição e contam com a atuação de 80 funcionários. Os estudantes que ficam em turno integral se alimentam quatro vezes ao dia, com refeições no café da manhã, no almoço e dois lanches, pela manhã e à tarde. Conforme a diretora, a ideia é que o sistema seja ampliado de forma gradativa na Emef e que, no próximo ano, as turmas de 4º ano também integrem o sistema.
“As famílias gostam bastante desta proposta e entendem que é bom aos filhos. Alguns estranham, no início, a falta deles em casa durante o dia, mas os veem felizes aqui”, conta a diretora.
Diálogo para resolver conflitos
A Mário Meneghetti é uma das escolas da rede que aplicam a metodologia de Justiça Restaurativa, por meio dos círculos de construção da paz – um dos projetos do Pacto Pelotas pela Paz, que visa à disseminação desta cultura nos ambientes escolares, a fim de diminuir a violência. Em 2019, foram 166 encontros realizados nos educandários, envolvendo 2,7 mil alunos e professores. No Getúlio Vargas, a melhora na convivência em sala de aula motiva a escola a manter a iniciativa em 2020.
O círculo restaurativo põe frente a frente quem divide o cotidiano nas escolas e dá oportunidade ao diálogo e à construção coletiva de um espaço de mais harmonia e entendimento mútuo. “Os alunos se sentem ouvidos, podem compartilhar problemas relacionados à vida externa à escola que, muitas vezes, nem os colegas sabem. Isso faz com que se coloquem no lugar do outro e se respeitem mais. Temos exemplos de turmas com dificuldade de convivência que melhoraram muito depois disso”, relata a diretora, uma das habilitadas pelo Município para aplicar a Justiça Restaurativa.
Ano novo, desafio novo
O professor Dionata Lopes é um dos recém-chegados à instituição, depois de ser nomeado no concurso. Mesmo em poucos dias de trabalho, já conquistou os pequenos da turma de 2º ano, que também passam o dia na escola. “Já tinha ouvido falar da proposta do turno integral, mas, quando cheguei, gostei ainda mais. É uma oportunidade de reforçar os conteúdos”, observa o professor, que destaca o fato de a grande maioria do grupo já estar alfabetizada.
Formação Sesi
No ano passado, a equipe da escola participou de uma capacitação do Sesi – fruto de parceria com a Prefeitura – para aprendizado do método utilizado pelo Serviço Social da Indústria. O modelo Educação Sesi adota sistema diferenciado, que preconiza a importância do trabalho coletivo, do respeito à cultura juvenil, do desenvolvimento de competências emocionais e do uso da tecnologia como ferramenta do processo de aprendizagem.