CULTURA LIVRE : Festival em formato virtual
Até dia 21, apresentações de Black Music, MPB, DJs e Hip Hop
Por Carlos Cogoy
A quinta edição do Festival Cultura Livre, iniciativa do Ponto de Cultura Paralelo 33, que reúne os produtores e ativistas Manoval Robe e Heriberto “Betinho” Mereb, seria em setembro. Mas, em tempo de pandemia, a programação foi adaptada ao formato virtual. O primeiro show foi sexta, com o Rap de Guido CNR e Pok Sombra. Nesta quarta às 20h, será a vez da DJ Helô. O Cultura Livre terá apresentações diárias até domingo. Para assistir, basta acessar a Fanpage dos artistas. “Com a pandemia, percebemos que a edição presencial ficaria ameaçada. Então, a partir de uma portaria da Secretaria de Estado da Cultura, autorizando a realização virtual, partimos para o formato digital. É uma continuidade aos trabalhos, simboliza um recomeço, e a esperança de dias melhores”, diz Manoval.
ESPERANÇA – Manoval avalia: “O quadro é de extrema dificuldade para a classe artística. O segmento da cultura está entre os mais prejudicados com a pandemia, e certamente será o último a voltar. Por outro lado, se tem esperança de que, nalgum momento, com curva controlada, sistema de saúde sem colapso, autorização dos órgãos competentes, pequenas produções possam ir voltando. Mas arriscar prazo seria futurologia. O que noto de positivo é a responsabilidade dos trabalhadores da cultura, que têm se manifestado a favor da ciência, sem negacionismos, compreendendo que a vida vem antes do lucro. E assim o segmento tem buscado alternativas”.
POLÍTICA CULTURAL – O produtor distingue a política cultural nos âmbitos municipal, estadual e nacional. Para Manoval, embora constem algumas críticas e ressalvas, dois mil estão sendo contemplados no FAC Emergencial da Secretaria de Estado da Cultura. Na cidade, 150 projetos estão sendo viabilizados nos dois editais lançados pela Secult. Mas, em âmbito nacional, a situação é diferente. Ele observa: “No País, além do Covid 19, temos o vírus do autoritarismo. O governo federal não tem nenhuma disposição em construir políticas públicas à cultura. E vimos absurdos como o racismo de Sergio Camargo na Fundação Palmares, e as alusões ao nazismo de Roberto Alvim. Então não se poderia esperar uma medida emergencial à classe artística. Mas, numa incrível articulação e mobilização nacional, houve a aprovação da Lei Aldyr Blanc na Câmara e Senado. Assim diferencio um diálogo possível, e resposta à classe artística, na cidade e Estado, com o total descaso do governo federal. Em todos os níveis, no entanto, o segmento está fortalecido com uma grande rearticulação”.