Diário da Manhã

domingo, 24 de novembro de 2024

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A amora-preta ocupa espaço no mercado da indústria e de mesa

07 dezembro
10:38 2015

Embrapa lança, amanhã, a nova variedade BRS Xingu, com período tardio de colheita e mais produtiva. O evento marca uma jornada técnica para discussão de melhorias na cultura

A moda agora é você preparar para eventos especiais os bolos pelados, os “naked cakes”, que na sua maioria utilizam frutas. Neste caso, algumas frutas pouco usadas, ou comercialmente mais caras, e que carregam a delicadeza e o potencial nutricional   recomendados por especialistas da área da saúde como o caso das frutas vermelhas. Entre elas, encontramos a amora-preta.

A amora-preta, embora considerada uma fruta pouco cultivada e usada na nossa região, está presente em algumas pequenas propriedades. ” A cultura da amoreira-preta é destinada aos agricultores familiares, pois  é possível agregação de valor ao produto, aproveitamento da terra e  se pode contar com a família no manejo, poi precisa de bastante mão de obra”, orienta a pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira, da Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS,  que trabalhou junto ao lançamento de seis variedades e que vem há muitos anos se dedicando a novas pesquisas. Através do melhoramento genético da fruta, os estudos possibilitam lançar ao mercado variedades com características desejáveis para mesa e para indústria.

Por este longo trabalho, a Embrapa é a responsável no país por desenvolver cultivares de amoreira-preta para a produção comercial. Os estudos de pesquisa em torno da cultura, se iniciaram em 1973, e de lá prá cá, foram lançadas seis cultivares: Ébano, Negrita, Kaigangue, Guarani, Xavante e Tupy, sendo esta última, a mais cultivada no mundo.

Antes do término do ano de 2015, a Empresa lança o mais novo produto em fruticultura: a BRS Xingu. Uma variedade de amoreira-preta que vem atender desejos do agricultor e do consumidor como um período mais tardio de colheita – cerca de 15 dias a mais que a variedade Tupy  – e sabor mais doce. O lançamento vai ocorrer no dia 8 de dezembro, às 9 horas, nas dependências da sede da unidade de pesquisas, em Pelotas.

A BRS Xingu, possui um brix de 8,9 sendo considerada bem mais adocicada que a variedade Tupi. Suas plantas podem comportar quase 3kg do fruto

A BRS Xingu, possui um brix de 8,9 sendo considerada bem mais adocicada que a variedade Tupi. Suas plantas podem comportar quase 3kg do fruto

A AMOREIRA-PRETA BRS XINGU

Originária de cruzamento realizado em 2003 entre a cultivar Tupy e a cultivar americana ‘Arapaho’, a cultivar BRS Xingu é bastante semelhante ao seu parental materno, se distinguindo pela maturação um pouco mais tardia. Em média, a maturação inicia 10 dias depois da cultivar Tupy e o período de colheita se estende por mais duas semanas, após o final da colheita da cultivar Tupy.

Testada como seleção Black 164, suas plantas têm espinhos nas hastes, as quais são de hábito semiereto a ereto, não sendo resistentes à ferrugem-da-haste. Segundo a pesquisadora, essa condição de ser semiereta pode ser identificada como uma dificuldade, sendo necessária a sustentação de arame para seu desenvolvimento. Quanto a sanidade das plantas, a amoreira não apresentou nenhuma ocorrência, por isso, não sofreu nenhum tratamento fitossanitário, apenas se usou adubo mineral.

Essa cultivar tem a mesma faixa de adaptação da cultivar Tupy, ou seja, áreas com 200 a 300 horas de acúmulo de temperatura hibernal abaixo de 7,2 ºC. Entretanto, isso não significa que não possa se adaptar a outras áreas, apenas que ainda não foram testadas em condições diferentes. A BRS Xingu, como todas as cultivares de amora-preta, em geral,  não se adapta a solos encharcados.  “Temos parceiros para cultivo e adaptação nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, assim como temos trabalhos em conjunto com uma empresa na Escócia, que faz testes em diversos países, como será o caso, da Guatemala e México. E também nos procuraram para manter contato, uma empresa chilena”, contou a pesquisadora.

Na coleção da Embrapa, na média das últimas seis safras, a BRS Xingu produziu 800 g a mais por planta do que a cultivar Tupy.  “Cada planta pode produzir até 3kg por planta. E alguns agricultores colheram entre 12 a 20 toneladas por hectare”, informou.

As frutas são preto-avermelhadas, de tamanho médio a grande e boa firmeza. O sabor é doce-ácido. Em painéis de análise sensorial, essa seleção foi considerada levemente superior, em aparência à cultivar Tupy, e semelhante em textura e sabor. As frutas da BRS Xingu tiveram muito boa conservação pós-colheita. “Elas mantiveram a cor preto-avermelhadas na mesma intensidade, demonstrando que são uma boa opção para mesa”, considerou.

O preço de venda da fruta pelo agricultor para indústria está cotada em cerca de quatro reais o kilo, enquanto que para a mesa o valor é mais elevado. Muitos são seus usos na culinária, e pode ser explorada comercialmente. “É possível usar a amora no preparo de sorvetes, tortas, geleias e sucos, e tem algo ainda não explorado da fruta que é o seu corante natural, podendo ser usado na apresentação de alimentos, pois a maioria dos corantes alimentícios são artificiais”, sugeriu Maria do Carmo.

Após o lançamento da variedade, as mudas poderão ser encontradas junto a viveiristas licenciados pela Embrapa. Se tiver interesse, acesse a página de cultivares da Embrapa em www.embrapa.br/produtos-e-mercado/cultivares.

Jornada Técnica

Além do lançamento da BRS Xingu, amanhã, também será reservado à discussão sobre o manejo da cultura. A Embrapa preparou uma jornada técnica durante todo o dia, aonde os especialistas vão falar sobre as novidades que estão ocorrendo em cada etapa de cultivo da amoreira-preta: sistema de cultivo, manejo da cultura e propagação, adubação, ocorrência e manejo de pragas e doenças, manejo da colheita e pós-colheita, seleções avançadas de amora-preta, agregação de valor e propriedades funcionais e nutracêuticas da fruta. A atividade está marcada no auditório da Embrapa Clima Temperado.

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