Diário da Manhã

Clássico 360, válido pelo Gauchão 2014, coloca rubro-negros e áureo-cerúleos frente a frente em jogo no qual o resultado é de vital importância para ambos os clubes, a partir das 17h deste Domingo na Boca do Lobo.

A disputa de um clássico futebolístico é sempre marcada pela rivalidade, em qualquer circunstância ou divisão a que esteja ligada. No caso do Bra-Pel não é diferente: todos os clássicos são cercados de histórias, de expectativas das mais diversas, enfim, cada um tem sua própria história.  No segundo semestre de 2013, as competições da Federação Gaúcha de Futebol(FGF) abriram  as “cortinas” para a realização de vários confrontos entre Grêmio Esportivo Brasil e Esporte Clube Pelotas. Só os mais fanáticos torcedores de ambos os clubes não ‘enjoaram” de tantos clássicos, que só aumentaram a rivalidade entre rubro-negros e áureo-cerúleos.

Com o acesso do Brasil à elite do futebol gaúcho – via Divisão de Acesso, em 2013 -, o ano 2014 para o futebol pelotense começou com uma certeza: haveria clássico Bra-Pel nesta temporada. E chegou o “grande” dia: é neste domingo a partir das 17h, no estádio Boca do Lobo, o clássico válido pela principal competição do futebol do Rio Grande do Sul, o Campeonato Gaucho da Primeira Divisão. A expectativa de rubro-negros e áureo-cerúleos aumenta em função do longo tempo sem um clássico válido pelo Gauchão. O último foi disputado em 15 de março de 1998, na Boca do Lobo, com vitória do Pelotas pelo placar de 1 a 0, gol marcado pelo meio-campista Edilson.

Nos anos que se seguiram até o confronto deste domingo, a ausência de clássicos entre Brasil e Pelotas na chamada “elite” do futebol gaúcho se deve aos desencontros dos dois times na Primeira Divisão. Ou seja: entre 1998 e 2013, quando um clube estava na Primeira Divisão o outro estava na Segunda. Portanto, é hora de um reencontro na elite do futebol do Estado.

Xavantes e Lobos chegam para o clássico Bra-Pel número 360 da história em situações adversas na tabela do Gauchão em função das performances de cada time na disputa. Até o momento, os comandados de Rogério Zimmermann fazem melhor “papel” na competição. Em cinco jogos venceram quatro e empataram um. Ocupam a vice-liderança do Grupo A na classificação geral. O time de Paulo Porto pode-se dizer que ainda não “encaixou”. Assim, independentemente de ser clássico, o resultado da partida deste domingo é de fundamental importância para ambos.

Ao Brasil, a vitória significa a consolidação de uma campanha irretocável até o momento; ao Pelotas, os três pontos podem significar o encontro com o caminho sonhado pelos áureo-cerúleos no inicio da competição, que leva à disputa pelo título da competição. A derrota aumentará na Boca do Lobo o medo do rebaixamento, haja vista que o clube permanecerá na parte de baixo da tabela. As escalações de Brasil e Pelotas somente deverão ser conhecidas por rubro-negros e áureo-cerúleos quando os times entrarem em campo.

Equipes em situações opostas

Porto faz mistério no Pelotas pressionado pela tabela. Zimmermann tem pouco o que esconder no Brasil

Pelotas

O técnico Paulo Porto já avisou: a escalação do Pelotas só será conhecida pouco antes do Bra-Pel de domingo, às 17h, na Boca do Lobo, pela sétima rodada do Campeonato Gaúcho. Com mais opções para escalar a equipe, o treinador se dá o direito de fazer mistério. Ele admite, inclusive, mudar a forma de a equipe jogar, voltando ao esquema 4-2-3-1, que é o seu preferido. Mas a ideia é tentar surpreender o adversário.

Porto confirmou nesta sexta-feira que Felipe Garcia está fora do clássico. O jogador segue sentindo o problema no púbis, que se manifestou no jogo diante do Lajeadense. Ele até participou dos minutos finais da partida diante do São José, quando levou o terceiro cartão amarelo e assim cumpriu suspensão na derrota de 1 a 0 para o Inter. O treinador revelou também que Pedrão e César Santiago acusaram cansaço muscular, após a partida de quarta-feira.

Se for mantido o esquema 3-4-2-1, o Pelotas pode jogar com Paulo Sérgio; Fred, Pedrão e Lucas Bahia; Igor, Felipe Guedes, César Santiago e Digão; Jefferson Luis e Lucas; Rafael Santiago. Já se a opção for pelo 4-2-3-1, Carlos Alberto ou Wagner Libano pode aparecer no meio-campo, com a saída de um dos zagueiros (possivelmente, Lucas Bahia). O volante Jefferson teve o nome publicado no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF e pode ser aproveitado no clássico.

O Pelotas está na penúltima colocação da classificação geral do Gauchão, com quatro pontos em seis jogos (aproveitamento de 22%). Mas se ganhar o Bra-Pel pode ingressar na zona de classificação do Grupo B, que apresenta baixo índice de aproveitamento nesta primeira parte da fase classificatória do Gauchão.

Brasil

Por mais que queira, Rogério Zimmermann tem pouco o que esconder em relação ao time do Brasil para o Bra-Pel deste domingo, às 17h, na Boca do Lobo. A única dúvida do lado rubro-negro é o artilheiro Gustavo Papa, que saiu de campo na quinta-feira, contra o Novo Hamburgo, com uma dor na região do quadril. O substituto não é, porém, surpresa para ninguém. Nena é o reserva imediato do Papa.

Como sempre ocorre, Zimmermann se reserva ao direito de não anunciar antecipadamente a escalação do Brasil. E até pode haver uma ou outra mudança, mas nada que não tenha sido apresentado antes. Uma possibilidade é a presença de Márcio Hahn no meio-campo, com a saída de Túlio Souza. Na maioria dos Clássicos Bra-Pel do ano passado – realizados na Boca do Lobo – Hahn esteve no time titular.

Por outro lado, se Papa for liberado para a partida de amanhã, Zimmermann pode escalar pela quarta partida seguida a mesma formação. Um privilégio raro. Até agora em cinco jogos, o Brasil não teve nenhum jogador suspenso e houve apenas três machucados (e lesões leves): Raulen, Elton e agora Gustavo Papa. A provável escalação para domingo é Luiz Müller; Wender, Cirilo, Fernando Cardozo e Rafael Forster; Leandro Leite, Washington, Cleiton e Túlio Souza; Alex Amado e Gustavo Papa (Nena).

O Brasil chega ao Bra-Pel em melhor momento do que o rival. Com um jogo a menos do que o tradicional adversário, tem nove pontos de vantagem. Ocupa a segunda melhor colocação na classificação geral e já assegurou praticamente seu primeiro objetivo da temporada: o de se manter na primeira divisão.

FAVORITISMO? 

Clássico elimina diferenças

Embora a diferença de campanha das duas equipes, os dois lados negam a existência de favoritismo no Bra-Pel deste domingo. Agora é inegável que o jogo é muito mais decisivo para o Pelotas, que, em caso de vitória, pode impulsionar finalmente sua campanha no Campeonato Gaúcho. Já a derrota para o Brasil só traz uma consequência: a perda da invencibilidade na competição. Mas se ganhar, o Xavante empurra o rival para o centro da crise.

“Geralmente, a equipe que tem a vantagem do momento encontra dificuldade para administrar isso. Já o outro lado consegue se superar neste momento”, avalia o técnico Paulo Porto, que já esteve nos dois lados. “Não tem favorito. No Bra-Pel não tem favoritismo, embora uma equipe esteja lá em cima na tabela e a outra lá atrás”, comentou o presidente do Brasil, Ricardo Fonseca.

A diferença dos números desaparece no momento em que o árbitro Jean Pierre Lima apitar o começo do Bra-Pel 360.

Ingressos: depois da polêmica, acordo

O presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Novelletto, teve que intermediar a realização de um acordo entre as duas diretorias sobre os ingressos a serem encaminhados para venda no Bento Freitas. O Brasil vai receber 1,5 mil ingressos, mas queria mais. Quanto ao espaço para os xavantes na Boca do Lobo não há mudança. É destinada toda a arquibancada do lado da Rua Amarante.

A sexta-feira foi de polêmica em relação aos ingressos. “Fizemos uma acordo na quarta-feira, mas depois o Pelotas desmanchou”, disse o presidente Ricardo Fonseca. Depois da contrariedade inicial, o dirigente rubro-negro ficou satisfeito com o novo acordo. O Brasil recebeu 750 ingressos de arquibancada e mais 250 para idosos e estudantes. Hoje, a diretoria do Pelotas envia mais 500 ingressos para o Bento Freitas.

O sistema financeiro do clássico prevê 70% da renda para o dono da casa e 30% para o visitante. Desse percentual, o Brasil terá o desconto do valor arrecadado com a venda dos 1,5 mil ingressos na Baixada. Fonseca queria 2,5 mil ingressos e, em contrapartida, abriria mão dos 30% da arrecadação do jogo.

Homem do apito

O pelotense Jean Pierre Lima, 34 anos, será o árbitro do Bra-Pel 360, que será realizado neste domingo, às 17h, na Boca do Lobo. É a segunda vez que ele é sorteado para apitar o principal clássico de sua cidade natal. Sua estreia em Bra-Pel ocorreu no dia 23 de setembro de 2012 – vitória do Brasil por 1 a 0, no Bento Freitas (gol de Marcos Paraná) pela Copa Hélio Dourado.

Jean Pierre iguala o número de clássicos Bra-Pel com o de Grenais em sua carreira. Ele apitou duas partidas entre Inter e Grêmio: primeiro jogo da decisão do Gauchão de 2011 – vitória do Tricolor por 3 a 2, no Beira-Rio; e a partidas das quartas de final do campeonato do ano passado – triunfo colorado por 2 a 1, no Centenário, em Caxias do Sul.

O árbitro revela que não costuma mudar sua rotina em função da escala para um jogo importante. “Procuro fazer as coisas normais que sempre faço na véspera de todos os jogos. Fico em casa e, se tiver que trabalhar, trabalho normalmente. Amanhã à noite (sábado) terei uma atividade pela Prefeitura”, afirma. Os assistentes serão José Franco Filho e Paulo Ricardo Conceição.

FICHA TÉCNICA

PELOTAS  x  BRASIL

PELOTAS: Paulo Sérgio; Fred, Pedrão e Lucas Bahia ou Bruno Salvador; Igor, César Santiago ou Carlos Alberto, Felipe Guedes e Digão; Jefferson ou Felipe Garcia e Lucas; Rafael Santiago.Técnico: Paulo Porto.

BRASIL: Luiz Müller; Wender, Cirilo, Fernando Cardozo e Rafael Forster; Leandro Leite, Washington, Cleiton e Túlio Souza, Alex Amado e Gustavo Papa  ou Nena.  Técnico: Rogério Zimmermann.

ARBITRAGEM:  Jean Pierre Lima, com José Antônio Filho e Paulo Ricardo Conceição.

LOCAL: Estádio Boca do Lobo.

INICIO: 17h.

INGRESSOS: Arquibancada, R$ 40,00; estudantes e idosos, R$ 20,00.