Atendimento itinerante amplia acesso à educação especializada
Os recentes números apurados pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed) de acesso à Educação Especial e Inclusão Escolar mostram a consolidação da nova ferramenta instituída pelo Município: o Atendimento Educacional Especializado (AEE) itinerante, criado no ano passado. Em aproximadamente um ano e meio, o serviço abrange 22 escolas e, aliado às novas salas de recursos, contribuiu para o aumento de 42% de matrículas registradas em 2023, em comparação a 2020.
Atualmente, são 1,5 mil alunos atendidos nas salas de recursos. Ao todo, a rede conta com 1,8 mil estudantes com deficiência matriculados. Conforme a coordenadora do Centro de Apoio, Pesquisa e Tecnologias para a Aprendizagem da Smed (Capta), Pâmela Araújo, parte desse crescimento está relacionada à implementação do sistema AEE itinerante na Educação Infantil. “É um projeto muito importante que busca qualificar a participação dos alunos com deficiências nessa etapa do ensino, a partir do trabalho colaborativo entre os profissionais da sala de aula e o professor de AEE, que se apresenta com formação específica na área”, explicou.
A professora de Educação Infantil capacitada para educação especial, Suelem Alves, que atua, desde o começo do ano, com o AEE em quatro escolas, considera que o sistema é muito promissor. “Se a gente pensa em inclusão, temos que pensar a inclusão do aluno dentro da sala de aula dele, socializando, brincando com os colegas, com a professora, no ambiente dele, principalmente no caso da Educação Infantil e não em um espaço individualizado, além do importe suporte que damos para os professores titulares das turmas”, apontou.
Números da Educação Especial em Pelotas
O município conta com 50 salas de recursos nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs), sendo 11 na zona rural e cinco nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis), além dos 22 Atendimentos Educacionais Especializados itinerante nas Emeis. Em 2023, dentre os alunos matriculados, são aproximadamente 869 com diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo, 159 com deficiência intelectual, 44 com deficiência física, 15 com baixa visão, seis com cegueira, 61 com deficiência múltipla, 62 com síndrome de down, três com nanismo e 602 estudantes com avaliação pedagógica constituída na sala de recursos.
Na Escola de Ensino Fundamental Jacob Brod, nas Três Vendas, o trabalho desenvolvido na sala de recursos pela professora Patrícia Perleberg Gielow junto a 27 alunos é reconhecido pelos resultados atingidos. Samuel Ledebur, oito anos, que tem transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH, é um dos usuários da sala. A mãe dele, Natália Ledebur, afirma ser visível o desenvolvimento do filho desde que passou a ser atendido no espaço pedagógico especializado.
“A evolução dele é muito grande, tanto no aprendizado, quanto na segurança e confiança para ficar na escola. Ele também tinha dificuldades, porque não conseguia socializar com os colegas da turma regular, e isso também mudou bastante. O apoio da professora Patrícia e da auxiliar é fundamental para ele. A gente observa a diferença do Samuel do ano passado para este ano em todos os aspectos”, detalhou Natália, ressaltando a importância da sala.
Avanços para inclusão
Além do serviço itinerante, quatro novas salas de recursos foram instaladas nas Emefs Maria Helena Vargas, Alcides Mendonça Lima, Nossa Senhora das Dores e Emei Dary Ribeiro.
A Smed também adquiriu, recentemente, 400 exemplares da Cartilha para Todos – Nanismo, livro pioneiro no Brasil, lançado em 2018, e com indicação de implementação nas redes de ensino pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). O material pedagógico auxilia o trabalho em torno da abordagem do nanismo nas escolas da rede municipal de ensino no espaço escolar.
Formação de professores
A qualificação do serviço da Educação Especial na rede municipal passa, ainda, pela capacitação dos protagonistas da comunidade escolar, professores e cuidadores. As formações continuadas disponibilizadas pela Smed abordam temáticas apontadas por esses profissionais e ocorrem mensalmente.
Uma das últimas ações formativas do setor contou com a parceria da Fundação Dorina, constituída como uma fase do Programa Braille Bricks Brasil (PBBB), que possibilitou a formação para professores e acompanhamento das atividades pedagógicas realizadas pela rede com o uso do kits LEGO® Braille Bricks.
O Capta
O Centro de Apoio, Pesquisa e Tecnologias para a Aprendizagem (Capta) tem, dentre suas funções pedagógicas junto à rede municipal de ensino, de organizar e implementar as políticas públicas de inclusão escolar. Entre elas, está a implantação da sala de recursos onde há o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Esse serviço considera as especificidades de cada etapa da educação e tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos com deficiência.
Rede da Educação Especial
O processo de inclusão em Pelotas iniciou-se com o surgimento das Instituições Especiais. Com o passar do tempo, essas instituições regulamentaram-se, tornando-se Escolas Especiais e Centros de Atendimentos Especializados. Desde então, nosso município mantém parcerias com as Escolas Alfredo Dub, Cerenepe, APAE e Louis Braille que, hoje, se somam com a rede regular, oferecendo suporte adicional e escolarização aos alunos com deficiência.