Diário da Manhã

terça, 24 de dezembro de 2024

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Bacci: “Ficamos abandonados”

30 junho
09:26 2014

O Farroupilha começou o ano de 2014 com ares de mudança. Diretoria nova, novas ideias e muitos projetos. Mas com dificuldades antigas e até ampliadas em função da falta de apoio aos dirigentes do clube. “Ficamos completamente abandonados”, desabafa o presidente Reginaldo Bacci ao falar das promessas não cumpridas por parte de incentivadores de sua candidatura. Metade da gestão se passou sem que Bacci conseguisse colocar em prática alguns projetos de administração.

Reginaldo Bacci, 53 anos, advogado tributarista, diz que pretende continuar no comando do Tricolor em 2015. Entende que é preciso tempo para colher resultado do trabalho de longo prazo, que visa transformar o Farroupilha num clube “formador de jogadores”. Nesta entrevista, Bacci fala das dificuldades e dos planos para o clube fragatense.

Bacci diz que pretende continuar no Farroupilha para colher resultados  Foto: HFJ/DM

Bacci diz que pretende continuar no Farroupilha para colher resultados
Foto: HFJ/DM

DIÁRIO DA MANHÃ – As dificuldades enfrentadas nestes primeiros seis meses na direção do Farroupilha são maiores do que o senhor esperava?

BACCI: São maiores. Não que eu não as conhecesse, porque vinha contribuindo com o Farroupilha desde 2009 – uns anos mais, outros menos -, mas sempre dando minha contribuição. Quando me candidatei à presidência do clube, aqueles que estavam insatisfeitos com a forma do professor Poeta (ex-presidente Ewaldo Poeta) administrar o clube, disseram que me ajudariam. Mas esses não me ajudaram e nem os que costumavam contribuir com a diretoria anterior. Esses últimos se afastaram do clube também. E assim ficamos completamente abandonados. Além de outras dificuldades, que não foram novidades, como as dívidas. E tivemos ainda a dificuldade de não poder jogar em casa. Fomos pegos de surpresa com a lei de segurança nos estádios, que foi publicada no dia 26 de dezembro de 2013, no dia seguinte a nossa posse. O Farroupilha é o único time que jogou fora de casa todas as partidas da Segunda Divisão. Fez bons jogos, mas não conseguiu transformar em vitória. Se tivesse a força do fator estádio a seu favor, talvez fosse diferente. O fator campo é muito importante. Também tivemos pouco tempo para planejamento.

            DM – Como tem sido enfrentada pela atual diretoria essa falta de apoio dos tricolores?

BACCI – Temos buscado apoio fora daqui. O nosso principal patrocinador é a OTF, que é uma incorporadora da Bahia, que pretende investir no Rio Grande do Sul. É cliente de meu escritório de advocacia. Temos ainda Del Grandis, que é um importante apoiador do clube, além de meu próprio escritório Bacci Advogados Associados.

            DM – Qual é o custo mensal do Farroupilha?

BACCI – Nossa despesa é de R$ 50 mil por mês. Isso representa um orçamento de R$ 60 mil por ano. Mas é importante dizer que a folha salarial está toda em dia. Ninguém está com o salário atrasado. Estamos ainda fazendo obras no estádio, como a construção de rampas para acesso às arquibancadas. Preparamos alojamentos para os atletas no Nicolau Fico, com dois apartamentos para cinco atletas, com condições dignas –inclusive, com ar condicionado. Desenvolvemos um projeto chamado de sócio-torcedor, que ainda não conseguimos colocar em prática por falta de recursos financeiros. Temos um projeto na área de marketing, que visa buscar patrocínio, e também buscamos apoio para colocá-lo em prática. Na área de comunicação temos também projeto. Estamos colocando no ar o site do Farroupilha. Também estamos habilitando o clube para buscar verbas de incentivo ao esporte. O primeiro projeto é para enquadrar o Farroupilha na Lei de Incentivo ao Esporte do Rio Grande do Sul para investimento nas categorias de base, com 1º do ICMS das empresas que contribuírem sendo entregue diretamente ao Farroupilha. Devemos entregar toda a documentação até 30 de julho. Também estamos encaminhando uma proposta para Petrobras para buscar recursos para a base. O prazo para encaminhamento é até 15 de julho. Também tem a Lei de Incentivo ao Esporte, lei federal, com incentivo fiscal através de desconto no Imposto de Renda. Temos até 30 de agosto para habilitar o Farroupilha nesse programa.

            DM – Em função dos projetos em andamento, o senhor pretende seguir na presidência do Farroupilha em 2015?

BACCI – Tenho interesse de continuar em 2015 para colher frutos desse trabalho, que é de longo prazo. Hoje, temos atividades na base desde a categoria sub-9 até a sub-17, com cerca de 150 meninos treinando no clube, com comissão técnica completa nas categorias de base. Três meninos nossos estiveram recentemente na Itália e ficaram em terceiro lugar num torneio internacional. Queremos transformar o Farroupilha num clube formador de atletas. Estamos organizando o clube no setor administrativo. Criamos um departamento de registro de atletas. O clube não tinha a área de contabilidade, o que está sendo organizado agora. A crítica que recebo é por ficar muito tempo fora da cidade. Mas nós temos uma equipe de trabalho. O presidente é o representante do clube, e não o operador. O Farroupilha nunca teve, por tradição, uma gestão coletiva, descentralizada. A visão que se tem é de um clube presidencialista. Mas minha visão é de ter uma gestão participativa e democrática. Faço duas reuniões de trabalho por semana com minha equipe – mesmo que esteja em Brasília, Rio ou São Paulo – usando o skipe.

            DM – Como tem sido sua relação com ex-presidente Ewaldo Poeta, que atualmente presidente o Conselho Deliberativo do clube?

BACCI – Quando ele é chamado a contribuir, ele contribui. Não tem comparecido no clube, até para não atrapalhar nossa gestão, não criar constrangimentos. O professor Poeta tem um estilo muito próprio de administrar. Mas continua envolvido com o Farroupilha. Inclusive, o pedido que ele me fez, quando me passou a presidência, foi para que eu mantivesse o clube. E esse é meu compromisso: trabalhar pela sobrevivência do Farroupilha, gerando perspectivas de crescimento, apesar de todos os problemas neste primeiro ano. A meta é tornar o clube autossustentável. 

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