Diário da Manhã

quinta, 02 de maio de 2024

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BATALHA DE LONDRINA : Súmula omite causadores

04 novembro
10:03 2014

Árbitro admite desconhecer responsáveis pelo início do conflito

O que era para ser um grande jogo, considerando a qualidade das equipes, tornou-se numa batalha campal, agressões covardes, caso de polícia e com futuros desdobramentos na Justiça Desportiva. A partida entre Londrina e Brasil, sábado, no Estádio do Café – empate por 2 a 2 -, virou notícia nacional, mas não por causa da classificação rubro-negra para uma inédita final de Campeonato Brasileiro. O destaque acabou sendo para a briga generalizada, cuja súmula escrita pelo árbitro Eduardo Tomaz Aquino Valadão se tornou pequena para relatar todos os acontecimentos. Onze pessoas foram expulsas.

O árbitro reconhece que não teve como identificar os causadores pela confusão, que determinou que partida ficasse paralisada por 22 minutos. “Aos 28 minutos de jogo, em virtude de uma falta a favor do Londrina, próximo à área adversária, visualizamos uma confusão na entrada dos vestiários localizados atrás da meta defendida pelo goleiro da equipe G. E. Brasil. A partir deste momento, deu-se início a um confronto generalizado entre atletas (jogador e suplentes) e comissões técnicas de ambas as equipes, não sendo possível precisar quem o desencadeou.”

Briga generalizada entre jogadores dos dois times virou notícia nacional, ofuscando classificação do Brasil Foto: Roberto Custódio/Folha de Londrina

Briga generalizada entre jogadores dos dois times virou notícia nacional, ofuscando classificação do Brasil
Foto: Roberto Custódio/Folha de Londrina

Se os causadores não são identificados, Eduardo Valadão aponta alguns envolvidos na briga: o técnico Cláudio Tencati, o fisioterapeuta do Londrina, Marcelo Rochemback, e o lateral-esquerdo Allan Vieira. Cita também o treinador de goleiros do Brasil, Alex Lessa, o preparador físico João Francisco Beschorner, o massagista Paulo Sérgio Teixeira, o goleiro Eduardo Martini e um “substituto (reserva) não identificado”.

O árbitro explica a expulsão de Rogério Zimmermann por “reclamar de forma acintosa e persistente”, além de fazer gestos com os dedos para a torcida e banco de reservas adversários, indicando o escore do jogo.

Denúncia

O procurador do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmidt, analisa as imagens da confusão no Estádio do Café, sábado, em Londrina, para denunciar os envolvidos. Existe a possibilidade de ser solicitada a suspensão preventiva dos principais agentes da briga até que o processo seja analisado pelo STJD.

“Estamos analisando as imagens e promovendo uma verdadeira varredura em todos os sites e rede de TV. Iremos identificar e denunciar com rigor todas as infrações, requerendo desde logo o relatório da arbitragem e do delegado da partida”, disse Schmidt.

O Londrina já contratou o advogado paranaense Osvaldo Sestário, especialista em justiça desportiva, para preparar a defesa do clube. Ele já indicou que irá justificar a confusão a partir da atitude de Rogério Zimmermann ao ser expulso de campo.

“Não tem como o Brasil ser punido”

“Não vejo como o Brasil possa a ser punido. Os nossos jogadores entraram na briga para defender o Rogério (Zimmermann) e o Eduardo Martini tomou a decisão de tentar proteger o cinegrafista (Jeferson Kikhofel, da RBS), que estava sendo covardemente agredido por 18 pessoas, como mostram as imagens”. O comentário é do vice-presidente de futebol Cláudio Montanelli sobre a hipótese de o clube sofrer perda do mando de campo no julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) sobre a Batalha de Londrina.

Montanelli questiona qual deveria ser a postura dos jogadores do Brasil naquela circunstância. “Qual deveria ser atitude deles? Entrar para proteger um companheiro, uma pessoa que estava sendo trucidada, ou ficar esperando que eles terminassem de matar uma pessoa?”. O dirigente cita dois fatos que, no seu entender, atestam a responsabilidade do Londrina. A agressão do gestor do clube, Sérgio Malucelli, ao mordomo do Brasil, Paulo Sérgio Teixeira (Tatu), e a ação do gerente de futebol do clube paranaense, Alex Brasil, para retirar a câmera das mãos do cinegrafista.

Cláudio Montanelli denuncia o comportamento “irresponsável” de alguns órgãos de imprensa de Londrina, “que insuflaram a violência”. Ele diz que Fernando Cardozo, Eduardo Martini e Tatu foram detidos – os dois jogadores sob a acusação de agressão ao massagista do Londrina, Chimbika -, através da indicação de um radialista local. Os três foram conduzidos à uma delegacia de polícia e só foram liberados às 5h da manhã de domingo.

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Campanha manchada

O Londrina manchou sua trajetória de clube organizado, administrado por uma empresa, com trabalho de continuidade e vencedor – inclusive, sendo campeão paranaense. Não soube perder no Bento Freitas. A arrogância de Cláudio Tencati desde o final do jogo em Pelotas foi alimentando um clima hostil, que desencadeou um conflito de proporção inacreditável para um jogo de Campeonato Brasileiro. Algo que não é comum nem mais em futebol de várzea.

Durante toda a semana, o lado paranaense falou da virada, sem nunca reconhecer virtudes no time do Brasil. Projetava a marcação de dois ou mais gol – como isso fosse natural. Ao invés de fazer os 2 a 0, viu o adversário marcar dois gols. E aí foi de mais para a soberba de quem se preparou para vencer, e não para perder…

O Brasil fez mais dos que passar para a final da Série D. Deu uma lição no Londrina de Tencati. Só que por lá não há humildade necessária para reconhecer a superioridade dos adversários.

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Farsa

Justificar o injustificável, alegando que tudo começou no jogo em Pelotas, que, portanto, os acontecimentos de sábado foram consequência, é faltar com a verdade. A partida do Bento Freitas transcorreu dentro da normalidade. Se houve pressão foi em cima da arbitragem (e dos dois lados), porque a atuação do catarinense Edmundo Alves Nascimento abriu espaço para as reclamações.

Uma emissora de rádio de Londrina teria bancado essa farsa, incitando a violência. Já se previa clima tenso, mas nunca um ambiente de guerra capaz de desencadear uma selvageria, que se tornou notícia no país inteiro. O risco é que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) possa agir a partir das consequências é não da causa.

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Na final

O Londrina é passado. No futuro haverá reencontro na Série C. Espera-se que sem consequência da Batalha do Estádio do Café. O adversário da final é o Tombense, que eliminou o Confiança nas semifinais, vencendo em casa e empatando na condição de visitante.

O Tombense está disputando pela primeira vez a Série D. E com pleno êxito, porque é finalista. O clube de Tombos completou seu centenário em 7 de setembro de 2014. Mas está fazendo futebol profissional há uma década. No último Campeonato Mineiro, a equipe ficou na sétima posição.

O Tombense tem o apoio dos empresários Eduardo Uram e Luiz Roberto Nini, que injetam dinheiro no clube.

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O gerente de futebol, Alex Brasil, estava acertando contrato com o Caxias. Ele é aquele que aparece exigindo que as imagens gravadas por Jeferson Kikhofel sejam apagadas. Seu comportamento pode custar o emprego no clube gaúcho.

– Enquanto se lamenta a violência de Londrina, Nena comemora a artilharia da Série D. O atacante xavante, com os dois gols de sábado, chega a oito na competição.

– O árbitro Eduardo Valadão revela na súmula que recebeu a informação do comando do policiamento no estádio que havia um total de 73 policiais militares fazendo a segurança (???) no jogo. A questão que fica é a seguinte: a policia paranaense é despreparada ou no caso específico de sábado foi conivente com a violência? Na foto abaixo, um policial encara Eduardo Martini.

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