BIBLIOTHECA PÚBLICA : Exposição internacional “Contrafogos”
Até sexta poderá ser visitada a mostra “Contrafogos: resistência à invasão neoliberal”, que já recebeu mais de trezentos visitantes
Por Carlos Cogoy
Vídeos, pinturas, “publicação” artesanal e desenhos. Algumas das expressões que integram a mostra coletiva “Contrafogos: resistência à invasão neoliberal”. A exposição internacional está no museu da Bibliotheca Pública Pelotense e, desde a abertura em maio, já recebeu mais de trezentos visitantes.
No local, a mediação é feita por Janaina Rangel, estudante de museologia na UFPel. A visitação ainda poderá ser feita nesta semana – quarta e quinta das 9h às 13h -, e na sexta das 13h às 18h. A curadoria reúne a artista visual Priscila Costa Oliveira, egressa da UFPel, e a catalã Mechu Lopez Bravo.
ARTISTAS – Na mostra, criações de brasileiros como Bruna dos Anjos, Andre Winn, Camila Soato, Juliano Ventura, Marie Carangi, Pablo Paniagua, Xose Quiroga, Rogério Marques e “Traplev”. Do exterior, argentina Carolina Chocron, britânica Noah Rose, espanhol Sergi Selvas, catalã Núria Güell, Xose Quiroga e Daniela Ortiz. A produção é da agência CKCO.
NEOLIBERAL – Na Espanha, desde 2012 a “Lei da Mordaça” afeta a liberdade de expressão. E até sentar na calçada, é gesto que pode ser coibido. Um dos sintomas da ofensiva neoliberal, que tem atingido direitos democráticos em vários países. A ideia do “Estado” mínimo, precarizando as políticas públicas, sucateando instituições para privatizá-las, bem como extinguindo direitos, chegou com força ao Brasil há um ano. No “governo” Temer, as chamadas reformas tratam de encolher direitos sociais. Além disso, atacam a Previdência, dificultando a chance de aposentadoria. Nesse contexto que aguça a exploração, artistas têm resistido através da criatividade em diferentes linguagens.
Instalação “Reforma alfabética”
Apple para a letra “A”, Benetton para o “B”. Seguindo a ordem alfabética, o “C” da Coca-Cola, e “D” da Disney. Um alfabeto que evoca marcas de corporações internacionais, é a instalação de autoria do pelotense André Winn. O alfabeto estilizado pode ser conferido na coletiva “Contrafogos” e, conforme a mediadora Janaina Rangel, que tem recepcionado e orientado a visita de escolas, a criação provoca diferentes reações no público.
Em folhas simples, num conjunto com 26 fotocópias penduradas num varal, está um alfabeto que lembra as cartilhas escolares. No entanto, em destaque, cada letra relacionada com uma grife. Do mundo digital, estão Google e Facebook. Também constam marcas de veículos, e até rede de fast food. A instalação remete ao contexto que ressalta, valoriza e exige, consumidores dispostos a desembolsar por mercadorias embaladas nas massivas campanhas de marketing. Crítica necessária à educação que muitas vezes apenas estimula novos consumidores.