BLACK MUSIC : Talento feminino das DJs Vânia e Vanessa
Elas são gêmeas, nasceram na região do Porto, e há sete anos atuam como DJs
Por Carlos Cogoy
O Hip Hop através de manifestações como o Rap, DJ e grafite, gradativamente tem se habituado com a expansão do protagonismo feminino. Ao invés dos anos noventa, e primeira década deste século, quando as mulheres não eram tão presentes na cultura de rua, atualmente o cenário apresenta uma crescente presença feminina. Em Pelotas, duas irmãs destacam-se como DJs. As gêmeas Vânia e Vanessa Madeira, há sete anos têm se dedicado à black music. Paralelamente às apresentações em diferentes locais e eventos, também desenvolvem atividades profissionais em áreas técnicas. No sábado, as irmãs estarão tocando na inauguração da galeria de arte 4Café – avenida Bento Gonçalves 3.381. A programação terá início às 19h. Contato com as DJs, pode ser feito através do Facebook, acessando Vânia Madeira ou Vanessa Madeira. Já no Instagram: theladyofaniggga; ou @woodvanessa.
TRAJETÓRIA – Elas contam que o interesse pela música, começou ainda na infância, seja assistindo videoclipes, ou posteriormente adquirindo CDs de Hip Hop e Black Music. “Sempre frequentamos festas e eventos ligados à cultura e música negra, mas nunca pensamos em trabalhar como DJs. Na verdade, foi uma brincadeira. Lá em 2013 o rapper Guido CNR, nos convidou para tocar numa festa que ele promoveu no extinto Wong Bar. Aos olhos dele, tínhamos um bom conhecimento musical e seria fácil animarmos um baile. O feedback naquela noite foi bom e, a partir daí, surgiram outros convites. Inicialmente usávamos somente um Notebook, pouco tempo depois compramos uma controladora usada, pequena, mas que nos animou e motivou a seguir adiante. Desde o início usamos nosso próprio nome para nas apresentações, DJs Vânia e Vanessa, porque achamos que ficaria mais simples, e fácil para as pessoas lembrarem. Hoje utilizamos um outro modelo de controladora como equipamento de trabalho, um pouco maior e mais moderno do que o primeiro”, dizem. Na agenda das DJs, aniversários, show, inaugurações, formaturas, e eventos como a Feira de Hip Hop, Sexta Black, Slam das Minas, Charme na Rua, Baile de Rua Stay Black, Minas em Ação.
PRECONCEITO – Como mulheres negras, elas enfrentam tanto o preconceito de gênero, quanto o racismo estrutural. As DJs pelotense mencionam: “Obviamente, existe o preconceito racial, e também de gênero. É inegável, não é fácil se destacar, e provar que o trabalho é sério. Em qualquer ramo que a mulher entre, sempre vai haver um homem para tentar diminuir, duvidar da capacidade, desmotivar, não oferecer apoio. Sendo mulheres e negras, fica ainda mais difícil. Às vezes dá vontade de desistir, mas graças à pessoas que acreditam em nós, resistimos, e seguimos representando todas as mulheres, principalmente as mulheres negras, com o intuito de mostrar que sim, podemos fazer o que quisermos, ser o que quisermos, sem medo de críticas e exclusão”.