Câmara cria comissão de apoio aos funcionários da CEEE
A Câmara Municipal decidiu, ao final de audiência pública realizada quarta-feira, criar uma comissão para reunir vereadores, sindicatos, entidades de classe e população da Metade Sul, em apoio aos trabalhadores da Companhia Estadual de Energia Elétrica que estão em greve desde a última segunda-feira. O vereador Marcus Cunha (PDT) foi escolhido presidente da Comissão, que conta ainda com os vereadores Ricardo Santos (PDT), Salvador Ribeiro (PMDB), Rafael Amaral (PP), Tenente Bruno (PT), Beto Z3 (PT) e Edmar Campos (DEM). Os demais partidos decidem seus representantes nos próximos dias. O objetivo é ouvir o governador Tarso Genro, a direção geral da CEEE e os pré-candidatos a governador sobre suas intenções quanto ao futuro da empresa. Eles também vão encaminhar a situação da Metade Sul à CPI da Energia Elétrica da Assembleia Legislativa.
A chegada dos trabalhadores durante a sessão plenária, para pedir o apoio do Legislativo à greve, levou os parlamentares a decidir pela realização da audiência para ouvir suas reivindicações. Foram chamados para representar a categoria, a diretora do Sindicato dos Eletricitários do RS, Ana Maria Spadari, o assistente administrativo da CEEE Pelotas, Maico Lopes e o eletricista Fábio Porto. Com o plenário praticamente lotado, eles afirmaram que o movimento de paralisação visa mais do que a questão salarial, mas também o sucateamento da empresa estatal e a possibilidade de sua privatização.
MANIFESTAÇÃO no plenário durante audiência pública
Uma das questões mais graves foi levantada por Maico Lopes, da gerência regional de Pelotas. Ele alertou para o risco de falta de energia nas áreas dos bairros Areal e Laranjal porque os recursos do governo federal, estimados em R$ 1,3 bilhão, foram “desviados para o governo do Estado e os investimentos que deveriam ser feitos no município estão prejudicados”.
Lopes também disse que a frota de veículos está deteriorada, tem mais de dez anos. “Convido os senhores vereadores a virem ao pátio da empresa para verem o estado dos nosso veículos”, disse e completou: “Desde que esse governo iniciou (do Estado), tem sido constantes os atrasos nos pagamentos de fornecedores e prestadores de serviços. Em Pelotas têm empresas que não querem mais prestar serviços para a CEEE.”
E pediu: “nos ajudem a saber qual é a intenção da CEEE, vamos para u sucateamento da empresa ou para a privatização?”
Ana Maria Spadari citou, ainda, a situação do Pestano, onde foi constatada a fraude na arrecadação de mais de mil moradores. “O que acontece naquela área é um suicídio, se os senhores visitarem acompanhados de nossos técnicos vão poder constatar. Não queremos deixar as pessoas sem luz, mas lá só tem ‘gato’ (ligação clandestina), e isso é um perigo para a própria população”, afirmou a sindicalista. Mas, ela também denunciou os empresários que “entram na Justiça e por meio de liminares não pagam suas dívidas com a CEEE, que não cobra de quem deveria cobrar”.
TEMPORAL – Fábio Porto é do grupo de trabalhadores que pega no pesado. Eletricista, atende chamados sábados, domingos, “embaixo de chuva, do jeito que precisar”. Atualmente, contou, “toda chuva vita tenporal, por causa do sucateamento das redes, que não são substituídas, e das subestações que não criaram novas nem trocaram as velhas. Outro dia, até uma roda da caminhonete caiu quando um colega estava dirigindo”, afirmou.
Depois de ouvir os depoimentos, os vereadores se manifestaram favoravelmente a buscar explicações junto ao governador Tarso Genro. Marcus Cunha, Rafael Amaral, Tenente Bruno, Edmar Campos, Ivan Duarte, Beto Z3, Ricardo Santos, Toninho Peres, Salvador Ribeiro e Luiz Henrique Viana apoiaram a criação da comissão, que em dez dias deve divulgar os primeiros encaminhamentos.
