Câmara debate preconceito no futebol
Embora não fosse dia de jogo, as torcidas dos três clubes pelotenses fizeram do plenário do legislativo pelotense a sua casa. Em campo, o debate sobre o racismo, a intolerância e o preconceito no futebol. Além de dirigentes do Grêmio Esportivo Brasil e do Esporte Clube Pelotas, a audiência pública proposta pelo vereador Vitor Paladini contou com a presença de autoridades da área da segurança pública, de representantes do vice-governador do estado, Beto Grill, de deputados da região, da Prefeitura Municipal de Pelotas, da Federação Gaúcha de Futebol, das torcidas organizadas da cidade e de outros vereadores. Tudo em prol de um mesmo objetivo, o de debater os acontecimentos que vem ganhando repercussão nos últimos meses, apesar de não serem novidades e de não se limitarem ao futebol, envolvendo cenas lamentáveis de preconceito.
Durante a fala de abertura da audiência, o vereador proponente ressaltou que Pelotas é uma cidade que vive o futebol de forma intensa e quem acompanha o esporte por aqui sabe da paixão que move os torcedores pelotenses. Para Vitor, o futebol deve servir como uma prática de inclusão social e isso em nada combina com os atos preconceituosos que são totalmente excludentes. “Espero que essa audiência sirva como um pacto de respeito entre os presentes porque nessa disputa jogamos todos no mesmo time”, afirmou. O parlamentar disse também que o racismo, o machismo, a homofobia e diversos tipos de intolerâncias e preconceitos são resultados de processos históricos e culturais que precisam ser combatidos e erradicados nas ações de cada um.
Uma presença em especial foi saudada calorosamente por todos os presentes. Márcio Chagas da Silva, árbitro gaúcho que foi vítima de racismo após uma partida válida pelo campeonato gaúcho deste ano, em Bento Gonçalves, fez questão de estar presente para participar do debate. Chagas classificou o ocorrido como a pior situação pela qual passou durante os seus 15 anos de arbitragem. “O caráter de uma pessoa não deve ser avaliado pela sua cor e sim pelas suas atitudes. Agradeço pela oportunidade de vir a Pelotas, receber este carinho, ouvir vocês torcedores e poder externar o que aconteceu comigo”, falou. Vitor Paladini somou-se a luta que o árbitro vem travando contra o preconceito e foi solidário a causa dizendo que tanto o vereador quanto o seu mandato estão “fechados com o Chagas”.
Grande parte das explanações dos componentes da mesa reconheceram as práticas preconceituosas que ocorrem dentro e fora dos gramados e a importância deste debate ser levantado. Os representantes das torcidas exemplificaram casos que ocorrem nos próprios estádios de Pelotas e de outras cidades quando acompanham os clubes nas partidas fora de casa. Após as falas da mesa, foi aberto o espaço de inscrições para as pessoas que se fizeram presentes no plenário da Câmara Municipal. A participação do público evidenciou a necessidade das discussões acerca do tema com a contribuição dos mais diversos setores da sociedade que estão ligados direta ou indiretamente as problemáticas apresentadas.