CÂMARA : Frente Parlamentar vai discutir Saúde Mental
A reunião pública realizada na manhã de ontem na Câmara de Vereadores para debater os procedimentos de abordagem e contenção de pacientes em crise psiquiátrica acabou por dar origem a uma Frente Parlamentar que tem como objetivo discutir as políticas de saúde mental na cidade.
A proposta que partiu do presidente da Comissão de Saúde, Marcos Ferreira, o Marcola (PT) deverá ser implementada na próxima semana. “Pelo que ouvimos na reunião há muito para ser discutido em relação ao atendimento público de saúde mental oferecido pelo município e cabe à Câmara de Vereadores tomar a frente deste debate”, justificou.
A reunião, que lotou o Plenarinho, foi marcada por duras críticas ao preparo da Guarda Municipal para lidar com ocorrências envolvendo pacientes em surto psicótico, como o fato registrado na noite do dia 3 de fevereiro e que resultou na morte de Pierre Bonow, 24 anos. “Arma de fogo é para combater bandido e não para atender pacientes do CAPS. A primeira coisa é deixar as armas de fogo no quartel quando forem atender pacientes em surto”, disse o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Luiz Guilherme Belletti.
Os secretários de Saúde, Ana Costa e Segurança, Aldo Bruno, que participaram da reunião lamentaram o ocorrido no Caso Pierre e declaram preferir esperar o encerramento do inquérito policial para depois se manifestar oficialmente sobre o caso. A secretária Ana Costa pontuou que do ano passado até agora o Samu atendeu 2.455 casos de crises psiquiátricas e apenas este teve desfecho trágico. A secretária classificou o aumento do número de casos psiquiátricos na cidade como “assustador” e assumiu que o município precisa se debruçar com mais cuidado sobre o tema.
“Tenho a convicção que precisamos de uma discussão coletiva como sociedade sobre o assunto”, disse.
SEGURANÇA EM XEQUE – Após argumentar que o uso de arma de fogo é sempre o último recurso dos agentes de segurança, o secretário Aldo Bruno foi confrontado por amigos da vítima, público e vereadores presentes. Relatos de abusos e críticas a falta de preparo dos guardas municipais pipocaram pela sala.
Amigos da vitima ainda apresentaram outra versão para o fato de acordo com a qual o jovem não teria oferecido reação a abordagem da guarda, mas teria se apoderado da arma de um dos guardas e cometido suicídio. A informação de que os guardas poderiam ter “montado” a cena e a descrição do caso introduzindo uma faca e um ataque – que nunca aconteceu – na história surpreendeu o secretário que prometeu buscar informações sobre esta versão e tomar as medidas cabíveis após o encerramento do inquérito policial.