CÂMARA MUNICIPAL : Audiência pública sobre os 50 anos do golpe militar
O vereador Ivan Duarte (PT) era um menino de quatro anos quando os militares tomaram o poder em 31 de março de 1964. Não tem recordações desse dia. Mas faz parte de uma geração de brasileiros, pós 64, que faz questão de “manter viva a memória de um tempo que não deve voltar”.
Por isso, nesta segunda-feira, 31 de março de 2014, ele realiza audiência pública na Câmara Municipal, às 19h, para debater “Os 50 anos do Golpe Militar de 1964”. O evento é aberto a toda comunidade pelotense.
“Quando eu tinha 11 anos, minha casa foi assaltada por ‘terroristas’, como os militares chamavam os estudantes que vinham do Nordeste fugidos do Exército, liderados por um homem que usava o nome de Roberto Manes e que era da Vanguarda Revolucionária”, relembra Ivan Duarte. “Eles levaram comida e outras coisas e fugiram”.
Na época, o garoto vivia no interior de Bagé com a família, e “a alienação política era brutal”. Ivan recorda da mobilização intensa na cidade quando o general Emílio Garrastazu Médici assumiu a presidência da República. “Ele era de Bagé, então nós tínhamos que comemorar, fizeram festa, bandeirinhas, carnaval, a gente era obrigado a sair à rua e festejar”, conta. “Anos mais tarde me dei conta do que fizeram com a população passar sem se dar conta, e não só em Bagé, mas no Brasil inteiro, comemorando o tri-campeonato da Copa do Mundo em 1970, o milagre econômico, a Transamazônica, como se isso fosse mais importante do que a liberdade política”.
REALIDADE – Para Ivan, a realidade só chegou quando estava na adolescência. “Fui entender o que era a ditadura com meus 15 anos, aí conheci pessoas que me mostraram o que acontecia, passei a ler jornais como o Movimento, o Coojornal, e aos 18, já estava engajado na política”.
A audiência pública desta segunda, afirma o vereador, “é para que possamos refletir que aquele período não pode se repetir. O bem mais importante depois do pão é a liberdade”.
O parlamentar afirma que, hoje, muitas pessoas, “por absoluto desconhecimento, dizem que por causa da desorganização em que vive o Brasil os militares têm que voltar. Mas essas pessoas não têm noção do que é a falta de liberdade. Se hoje tem muita coisa errada, temos que lutar para melhorar, mas dentro da democracia”, reitera Ivan Duarte.