CAMINHO SEM VOLTA : Hospital Espírita pode fechar
Com futuro incerto, instituição não garante o amanhã
Assim como muitos dos internos que passam por problemas com entorpecentes, o Hospital Espírita de Pelotas (HEP) precisa viver um dia após o outro, sem poder garantir que irá manter as atividades na manhã seguinte.
A administração do HEP convocou para ontem uma reunião com a imprensa local para esclarecer as dificuldades por que passa e explicar por que a instituição não tem condições de garantir a manutenção de seus serviços. Desde o ano passado, administração, vereadores e comunidade vêm alertando a população sobre a situação de fragilidade do hospital.
Dentre as dificuldades, a administração destaca o subfinanciamento das diárias – R$ 49,70 por paciente, sendo que o gasto do hospital é de R$ 108,31, representando uma defasagem de 54% –, a ausência de reajustes – em um período em que a inflação somou 33,17%, últimos cinco anos, o reajuste foi de 19,35% –, supressão de repasses no valor de R$ 800.000,00, endividamento bancário – que somente com o sistema financeiro já soma 1,5 milhão de reais – e a redução na folha de pagamento que o hospital está tendo de elaborar – que seria de 10% em um primeiro momento. Somadas, estas dificuldades são o que faz com que o HEP não possa garantir as atividades no ano de 2016.
Dentre as consequências iminentes da atual crise, a administração do hospital destaca os seguintes pontos: queda na qualidade e quantidade dos serviços; desassistência à população da região, cerca de um milhão de pessoas; desemprego e forte impacto na economia local do bairro Areal; sobrecarga para o Pronto Socorro Municipal e demais hospitais da região e também um possível agravamento de problemas sociais referentes à drogas e à saúde mental.
O Hospital Espírita de Pelotas é referência de atendimento à saúde mental no estado do Rio Grande do Sul. Surgiu em 1948 e se destacou pelo tratamento humanitário dado aos pacientes. Hoje, a instituição é a única da região sul com pronto-atendimento psiquiátrico 24h. O Espírita possui 199 leitos, dos quais 160 são do SUS, e conta com uma equipe de quase 200 colaboradores. Atende também a praticamente todos os municípios da zona sul. Ou seja, a manutenção das atividades do HEP é fundamental para a saúde da metade sul do estado.