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domingo, 19 de maio de 2024

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Campanha para trocar o nome de rua que homenageia escravagista

Campanha para trocar o nome de  rua que homenageia escravagista
19 agosto
08:36 2020

Está chegando ao Legislativo, petição para mudar nome de rua no Cruzeiro

Por Carlos Cogoy

Barão de Cotegipe foi contra a Lei Áurea

Barão de Cotegipe foi contra a Lei Áurea

Moradores como Nailê Machado e Carlinhos Nogueira, com apoio do ex-vereador Luis Carlos Mattozo – coordenador do Projeto Museu do Percurso Negro -, desde o começo de julho, lançaram campanha para a mudança do nome da rua Barão de Cotegipe no bairro Cruzeiro do Sul. A ideia é tirar o nome do escravagista, e homenagear a fundadora do Instituto São Benedito, Luciana Lealdina de Araújo (1870/1930), pioneira na assistência social em Pelotas, cujo sesquicentenário de nascimento transcorreu a 13 de junho. A petição com mais de quinhentas assinaturas, está chegando à Câmara Municipal. Conforme Mattozo, os vereadores negros Ademar Ornel (DEM), e Daiane Dias (PL), manifestaram apoio à mobilização, e estarão apresentando o projeto no Legislativo.

Ex-vereador Mattozo e moradores reivindicam a mudança

Ex-vereador Mattozo e moradores reivindicam a mudança

CONTRASTE – O senador carioca João Maurício Wanderley (1815/1889), o Barão de Cotegipe, é lembrado através de ruas em cidades como Rio Grande e Porto Alegre. E no Estado também designa município. Porém, com a mobilização internacional contra o racismo, que já derrubou as estátuas de Jefferson Davis – presidente dos Estados Confederados da América – na Virgínia, e de Edward Colston na cidade inglesa de Bristol, estão sendo questionadas as homenagens a escravocratas. O Barão de Cotegipe entra na lista, pois representou interesses escravagistas no Senado. Opositor do abolicionismo, foi o único senador a votar contra a Lei Áurea. Na campanha pela mudança, população pode participar através do abaixo-assinado. Acesse www.change.org, e busque Mudança do Nome da Rua Barão de Cotegipe no Bairro Cruzeiro para Luciana de Araújo.

Luciana de Araújo acolheu meninas negras órfãs

Luciana de Araújo acolheu meninas negras órfãs

MÃE PRETA – Filha de mãe escrava, ao chegar em Pelotas, a porto-alegrense Luciana de Araújo deparou-se com meninas negras órfãs. Ela estava enferma, com tuberculose, e fez uma promessa a São Benedito. Se fosse curada, auxiliaria as crianças negras. Recuperada fisicamente, em 1901, esteve à frente da fundação do Asilo de Órfãs São Benedito. Para manter o espaço, Luciana era quitandeira, e também percorria a comunidade para angariar doações. Em 1908 ela mudou-se para Bagé e, em 1951, o asilo passou a chamar-se Instituto São Benedito. A pioneira está homenageada com a designação da Escola Municipal Ensino Fundamental Luciana de Araújo.

BAGÉ – Em 1909 na Rainha da Fronteira, Luciana Araújo criou o Orfanato São Benedito. Após período na direção, entre 1922 e 30, Luciana coordenou uma creche para criança pobres. Em Bagé, ela é homenageada com nome de rua.

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