Casamento coletivo oficializa 64 uniões
A noiva entra no salão principal, ao som de música ao vivo, e é conduzida por meninos da Guarda Municipal Mirim… Diante dela vai uma menininha de pouco mais de um ano, a “daminha de honra”… Ao ver o homem que está aguardando no altar, a pequena dispara e se aconchega nos braços dele… Seu pai. Essa foi apenas uma das cenas ocorridas na 22ª edição do Casamento Coletivo, em uma tarde comovente. Se um casamento emociona… Imagine 64.
Na tarde de sábado, 5 de dezembro, 128 pessoas firmaram seu compromisso com o parceiro em uma bela cerimônia celebrada no Clube Diamantinos. No ambiente tomado pela expectativa e alegria, cenas de nervosismo exacerbado, choro de felicidade, casais que ora selavam seu amor com um beijo tímido, encabulado, ora com um beijo apaixonado, que arrancava aplausos entusiasmados da plateia… Casais de todos os tipos, de idades e raças variadas, a maioria com filhos, que decidiram oficializar o relacionamento de anos, em alguns casos de décadas, pelas mais variadas razões… A 22ª edição do Casamento Coletivo foi um retrato dos tempos atuais, em que o amor não tem cores, nem sexo.
“A gente está muito feliz, porque é a primeira vez que tem um casal gay no Casamento Coletivo e não fomos tratadas com diferença”, confidenciou Sara Gouveia, de 32, que subiu ao altar para se unir, oficialmente, a
Pereira, de 27. Muito aplaudidas pelas pessoas envolvidas na organização do evento – e que acompanharam por meses a expectativa do jovem casal -, e diante dos olhares curiosos dos amigos e familiares dos noivos, Sara e Íris sabiam que, com o simples ato de formalizar a relação homoafetiva, estavam rompendo barreiras e dando sua contribuição para a história brasileira, que em pleno século XXI ainda luta contra a homofobia.
“A gente queria casar desde o ano passado, mas era muito caro”, conta Sara, que vestia o tradicional longo branco. “Estamos muito agradecidas, estamos realizando um sonho… Agora é só comemorar”, disse Íris, que na cerimônia usou terno e gravata e aguardou por Sara junto aos demais noivos. Se conheceram pelo Facebook e estão juntas há um ano e oito meses.
Na sala de espera, as noivas aguardavam, ansiosas, o momento de entrar no salão principal. Acompanhada pelos dois filhos menores, Lavínia, de 5 anos e Davi, de 3, que seriam sua dama de honra e pajem, Júlia Graziela Couto Silva, 31, não conseguia disfarçar o nervosismo. Dentro de pouco ia formalizar o casamento de 15 anos com Claudiomar Cardozo, 33, com quem também tem outras duas meninas, Lariane, de 10, e Larissa, de 7. “Foram elas as que mais se empolgaram com a ideia do casamento”, conta Júlia, que ao chegar ao altar não segurou as lágrimas.
Aos 65 anos, Loraci da Silva Rocha era a noiva com mais idade daquela tarde. Apesar de estar há quase cinco décadas ao lado de Alceu de Souza, 70 – o casal vive no Areal e tem duas filhas, uma professora, a outra bancária -, decidiram formalizar o relacionamento porque os dois querem se batizar na igreja. “Então tem que ficar tudo certinho”, explicou dona Loraci.
Depois que cada noiva entrou, encontrou seu par, trocaram alianças e posaram para fotos, os casais disseram o “sim” coletivo, assinaram os registros, junto às representações dos cartórios, e dançaram a valsa.