Diário da Manhã

sábado, 16 de novembro de 2024

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Catorze anos de escravidão na Princesa

22 maio
13:32 2014

Hoje (22/5) das 18h às 20h na Bibliotheca Pública Pelotense, Adão Monquelat autografará “Pelotas dos Excluídos” (264 páginas)

Pesquisador Adão Monquelat informa que o volume terá sequência

Pesquisador Adão Monquelat informa que o volume terá sequência

Não é mera coincidência. No século 19 nos EUA, sequestro do músico Solomon Northup – negro livre -, para o trabalho em fazendas do sul, acarretou “doze anos de escravidão”. Liberto, ele escreveu livro sobre a rotina de humilhação e maus tratos. A história foi roteirizada, e o filme ganhou o Oscar deste ano. No século 19 em Pelotas, Maria Luiza com treze anos, Maria Dorothea de onze e João com doze, foram colocados à venda.

O negociante, estancieiro de Bagé, havia sequestrado os menores no “Estado Oriental” (Uruguai). O caso foi parar na polícia, e as crianças disseram que foram retiradas dos pais. O episódio foi relatado em notícia na imprensa da época, e chega aos nossos dias através da pesquisa de Adão Monquelat. De acordo com ele, a situação não foi isolada e os sequestros eram corriqueiros. No livro “Pelotas dos excluídos – subsídios para uma história do cotidiano”, que será lançado nesta quinta, inúmeros fatos que estão na contramão da ‘história oficial’ – vertente historiográfica dominante que mascara as contradições e desigualdade. Sobre os sequestros de escravos, escreve o autor: “Durante o período da ‘Guerra Grande’ (1839/1851/2) e mesmo depois de findo o conflito, em que vários países estiveram envolvidos, foi muito freqüente durante as chamadas ‘califórnias’ praticadas por caudilhos sul-rio-grandenses ao território uruguaio, não só o roubo de gado mas também o de negros livres que, trazidos para o lado brasileiro, eram, de conluio com padres das cidades fronteiriças, rebatizados e tornados escravos”.

CATORZE anos de escravidão. Período compreendido entre 1875 e 1888. Revirando jornais como o “Diário de Pelotas”, “Jornal do Comércio” e “Correio Mercantil”, Monquelat foi reunindo fragmentos de um lugar imerso em violência. No volume, textos que semanalmente foram publicados no DIÁRIO DA MANHÃ. A apresentação é cronológica, em textos curtos, configurando-se quase como crônicas do cotidiano. Para captar os personagens, a leitura transversal. Afinal, ideologicamente os jornais estavam afinados com a “minicorte” pelotense. Mas, nas entrelinhas, o pesquisador foi desvelando um pouco da amarga história da Princesa. Não há referenciais ‘teóricos’, nem compromisso com alguma metodologia acadêmica. São ‘recortes’, olhares, brevidades muitas vezes absurdas. A publicação é da Editora Livraria Mundial.

ESCRAVIDÃO dolorosa, sangrenta e que gerou dívida. Como serão ressarcidos os negros, quem vai pagar essa conta? Talvez pudesse ser rifado o Theatro Sete de Abril, ou o Grande Hotel, casarões 2, 6 e 8, ou o Paço municipal. Como amostra da injustiça, numa sociedade excludente, alguns dos episódios que constam no livro. A força policial à época, além do zelo patrimonial, também agia na “caçada aos escravos que fugiam”. O calçamento contemplava áreas nobres, deixando a maioria da população à mercê da lama dos charcos e várzea. Destaque ao funcionário público, capitão-do-mato Damásio Duval. Após ser banido da atividade devido à truculência, foi ‘reabilitado’ pela Câmara. Já o negro “Benedito”, com golpes de faca no pescoço e ventre, suicidou-se pois era preferível “morrer ao invés do cotidiano nas charqueadas”. Já o escravo Antônio, não encontrando o capataz, assassinou negro velho e livre, pois a cadeia era vida melhor do que a rotina saladeril. Enquanto o negro morria jovem na charqueada, os “barões” enriqueciam. Para espantar o tédio, “maiorais” inventaram o patrimônio arquitetônico, saraus e tolices adjacentes.

 Começa o primeiro Festival de Artes Cênicas na Rua

Ator Lóri Nelson da Cia. Teatro do Sol estará participando

Ator Lóri Nelson da Cia. Teatro do Sol estará participando

Programação até domingo. Nesta quinta (22/5) terá início a primeira edição do “CenaRua 2014 – Festival de Artes Cênicas na Rua”. A iniciativa é do Teatro do Chapéu Azul e Dalida Artística Produções. Organizadores divulgam: “O evento privilegiará o teatro, circo e dança, seus desdobramentos e hibridismos, promovendo espetáculos cênicos de rua, além de atividades formativas voltadas para profissionais, acadêmicos da área e comunidade em geral. Na primeira edição, o ‘CenaRua’ terá atividades no centro histórico da cidade, além de locais no entorno. A proposta é o fácil acesso à população.
O encerramento do evento, com diversas atividades, acontecerá domingo no Piquenique Cultural. A etapa do projeto será na Praça Francisco Xavier – rótula da avenida Juscelino K. de Oliveira e rua General Neto. No evento, oficinas e apresentações”. Entre os participantes, festival contará com a Cia. Teatral Aurora, Grupo MALV, Cia. Teatro do Sol de Rio Grande, Coletivo Arteirxs, Clã Lua de Ísis, Lara de Bitencourt, Juliana Charnaud, Carlos Prado, Teatro Universitário Independente de Santa Maria. Como apoiadores: Museu do Doce; UFPel; Secult; autolocadora Kawiski; “Casinha”; Piquenique Cultural; Sindicato dos Metalúrgicos de Pelotas e região.

ABERTURA – Nesta quinta das 13h às 17h no Museu do Doce – casarão 8 à Praça Cel. Pedro Osório -, oficina “O teatro é o outro”. O ministrante será Rodrigo Rocha e o valor é de R$15,00. Às 16h à Praça Cel. Pedro Osório, “Matinê dos Palhaços” com a trupe “Palhaço Tomé e Encompanhia de Palhaços”. Às 17h, também na praça central, “A Farsa do advogado Pathellin”. Às 19h no Museu do Doce, debate “A Cena na Rua: experiências, reflexões e perspectivas”. Participações: prof. Chico Machado (Cearte/UFPel); Maria Bonita Comunicação; Lóri Nelson; Fabiano Dores da Silveira e Lara.

INFORMAÇÕES nos fones: 8130.2704 (Dalida Produções); 8438.9700 (Teatro do Chapéu Azul). E-mail: [email protected]

(C0G0Y)

 

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