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sábado, 18 de maio de 2024

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CDs : Para quem realmente gosta de música

25 julho
08:52 2017

A sobrevivência de um formato clássico em um mundo tecnológico

No ano de 1948 uma mudança radical na história das gravações musicais acontece: o desenvolvimento dos discos de vinil, popularmente conhecidos como LPs (long play).

De início, o formato comportava cerca de 12 músicas – 6 de cada lado do disco, totalizando aproximadamente 25 minutos de gravação. Desenvolvendo-se cada vez mais, os LPs foram evoluindo e passaram a comportar, por fim, cerca de uma hora de música.

JÚNIOR revela que tem clientela fiel no seu Stúdio CDs

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Com o passar do tempo, a gravadora Sony Music desenvolve o Compact Disc, que hoje é conhecido pela abreviatura CD – em meados de 1982. O entusiasmo pela novidade de um disco compacto com qualidade superior a dos discos de vinil alavancou as vendas e popularizou o CD rapidamente. De forma bruta, os discos compactos passaram por cima dos vinis em um curto período de tempo, ameaçando extingui-los.

Diversas lojas especializadas em LPs substituíram seus acervos por CDs e aparelhos para reproduzi-los. O “DiscMan” – aparelho portátil que reproduzia CDs – era uma invenção quase que futurística. Pessoas carregavam em bolsas e mochilas porta-cds com dezenas de “disquinhos”, e acomodavam com dificuldade os aparelhos portáteis (que hoje percebemos que não eram tão portáteis assim).

Para os apreciadores de música a situação parecia perfeita: discos compactos que poderiam ser carregados com praticidade, tocados em diversas plataformas até mesmo portáteis, com qualidade superior e com fácil acesso devido a rápida popularização. Como melhorar?

Em 1994 algo até então inimaginável surge no mercado: o MP3 (MPEG Audio Layer 3). Com qualidade semelhante à do CD, o aparelho era capaz de comportar inúmeros álbuns em um único cartão de memória. Além da capacidade de armazenamento e do tamanho do aparelho (realmente) portátil, o MP3 tinha um bônus interessante a todos: as músicas podiam ser obtidas gratuitamente pela internet e armazenadas no aparelhinho.

STUDIO CDs resiste no comércio há 25 nos

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CRISE?

Discutia-se o fim do CD. Como resistiria? Seria o fim, assim como aconteceu com o vinil? Jornais, revistas e televisões faziam matérias sobre a repentina ruína do compact disc. A febre do MP3 tomava as ruas e rapidamente começaram a surgir as mais variadas evoluções do aparelhinho, como MP4 – que comportava vídeos, além do áudio – o MP5, MP6, MP7 e por aí em diante – cada novo modelo com um quê a mais.

Hoje em dia praticamente todos os celulares disponíveis no mercado comportam músicas e vídeos, armazenando-os em cartões de memória e memória interna dos próprios aparelhos. Além disso, existem plataformas como Youtube, Spotify, entre outras, que proporcionam a execução de músicas através da internet – podendo ser utilizadas em qualquer smartphone. Mas, e os CDs?

COMERCIALIZAÇÃO

Passeando pelas ruas de Pelotas podemos lembrar de diversos prédios que abrigaram os mais variados tipos de lojas. Antigos cinemas que hoje se tornaram estacionamentos, supermercados que deram espaço a lojas de roupa, e muitos outros teatros e pontos tradicionais que foram se extinguindo com o tempo. Não foi diferente com diversas lojas especializadas em CDs; algumas fecharam as portas, outras se adaptaram às novas demandas da atualidade e outras, por sua vez, resistiram.

Uma loja que há anos se localiza na rua Quinze de Novembro passou a não comercializar mais CDs – apesar de levar a abreviação em seu nome. Outra pertencente a uma popular rede passou a não trabalhar mais com o formato há alguns anos. E assim sucessivamente, uma por uma…

Stúdio CDs 03RESISTÊNCIA

João Antônio Coutinho Jr. (ou apenas Júnior, como é mais conhecido) está no ramo da música há 30 anos e é proprietário da loja Studio CDs há 25. Situada na Rua Andrade Neves, a loja ainda tem como principal fonte de renda o CD. “No início a gente só trabalhava com CDs. Com o tempo fomos nos adaptando, hoje trabalhamos com instrumentos musicais, games… mas o CD ainda é o mais forte.” – revela o proprietário. Trabalhando das 8h às 19h30 sem fechar ao meio dia, Júnior afirma que o segredo para resistir no ramo é o amor pela música. “Em momentos de crise, a saída é o conhecimento” – explica ao contar sobre não se render às pressões mercadológicas.

No estabelecimento é fácil perceber que seu diferencial é um acervo amplo e variado; atualmente conta com uma margem de 2 mil títulos de CDs e cerca de 500 de vinis (que recentemente voltaram com força para o mercado). Com uma clientela fiel, o empresário afirma que a procura por títulos é constante, e que sempre haverá apreciadores de música e colecionadores – e acrescenta: “Há quinze anos atrás me falaram que o CD ia acabar em cinco anos. Passaram cinco, mais cinco e agora vamos para mais cinco e nada de acabar. Minha clientela é fiel, é pra quem realmente gosta de música.”

 

Por: MARTHA GONÇALVES

Estagiária de Jornalismo

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