Diário da Manhã

Diante do surgimento de uma doença, que veio a gerar a maior crise sanitária deste século, a Prefeitura de Pelotas estruturou, no primeiro semestre de 2020, uma das primeiras unidades de saúde dedicada a tratar pessoas suspeitas ou confirmadas para infecção pelo coronavírus em todo Estado. O Centro de Atendimento a Síndromes Gripais (Centro Covid) abriu as portas no dia 24 de abril de 2020 e até as 23h59min desse domingo (17), dia em que foram recebidos os últimos pacientes, 109.925 atendimentos foram realizados. O espaço, que encerra as atividades nesta segunda-feira (18), se prepara para sediar o novo Hospital de Pronto Socorro Regional (HPSR), com previsão para início de obras ainda neste mês.

Com um serviço prestado 100% via Sistema Único de Saúde (SUS), o Centro Covid iniciou as atividades com foco no público infantil. Seis meses depois, passou a receber pacientes adultos. Em dezembro de 2021, o local deixou de acolher crianças e começou a atender apenas adultos. Os mais de 109 mil atendimentos foram de demanda espontânea (porta aberta) pediátrica, adulta e pelo Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 24 horas. O espaço foi, inicialmente, administrado pelo Município e, depois, sob gestão compartilhada com o Instituto Brasileiro de Saúde, Ensino, Pesquisa e Extensão para o Desenvolvimento Humano (IBSaúde).

“Os atendimentos registrados possuem significado que extrapola os números porque se tratam de vidas, na grande maioria, preservadas, graças à ação eficiente de nossos técnicos e à dedicação da gestão, que não mediu esforços para que tudo acontecesse da melhor maneira possível, desde a agilidade na criação, até a sua manutenção ininterrupta e eficaz. Resta o sentimento do dever cumprido nessa importante missão”, destacou a secretária interina de Saúde do Município, Caroline Hoffmann.

Construído a partir de uma ação conjunta entre Poder Público, iniciativa privada e comunidade, o serviço teve como principal característica, imposta pela Covid-19, a necessidade de gerar resolutividade para quem o acessou, na visão do atual coordenador, Guilherme Bergmann. Ele destaca a importância do apoio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e de todos os colaboradores. Foram muitos profissionais envolvidos, uma atividade feita a várias mãos, todos unidos pela saúde pública de Pelotas.

“Acredito que o objetivo foi alcançado graças ao empenho, comprometimento e liderança desses atores citados. Para os colaboradores que fizeram parte desse projeto, fica minha eterna gratidão e orgulho. O início foi de incertezas, mas a conclusão do trabalho foi de missão cumprida frente à maior pandemia deste século”, afirmou o coordenador do Centro Covid.

CARINHO QUE FEZ DIFERENÇA DURANTE O TRATAMENTO

Douglas Peraça de 24 anos passou o período inicial da luta contra o coronavírus no Centro de Atendimento a Síndromes Gripais. Para ele, os primeiros dias foram primordiais para que conseguisse vencer a doença e se recuperar. As decisões que foram lá tomadas, da forma mais rápida possível, fizeram com que a infecção não se agravasse.

“Eu costumo falar que as pessoas que estavam ali trabalhavam porque amam o que fazem. O tratamento foi espetacular, as pessoas eram amorosas e me ajudaram muito, porque chega um período que sentimos a falta da família. O contato que temos é com outros também contaminados e com profissionais, que acabam se tornando a família lá dentro. Acredito que muitos conseguiram vencer a Covid-19 pela estrutura e pessoas que estavam trabalhando, que entendiam que aquele momento era muito delicado”, declarou Douglas.

UM CICLO QUE TERMINA COM ORGULHO DO TRABALHO REALIZADO

Entre plantões de grande movimento e a exposição a uma doença desconhecida, foi preciso aprender a lidar com a frustração e ver cidadãos se despedindo de seus familiares na recepção do Centro Covid. Sílvio Figueiredo, 36 anos, atuou como recepcionista, atendendo a população e prestando suporte administrativo, sendo o primeiro contato do paciente com o serviço. Mesmo não sendo enfermeiro ou médico, o profissional sentiu a importância da sua função ao acolher as pessoas que chegavam.

“Essa abordagem inicial, muitas vezes, definia a atitude do paciente dali em diante na unidade. Muitos chegavam aflitos ou angustiados e o fato de ouvirmos cada um já aliviava um pouco a tensão do momento. Explicar como funcionavam os procedimentos a quem chegava também colaborou para que me sentisse como parte do esforço de salvar vidas e aliviar o sofrimento das pessoas”, ressaltou Sílvio.

Os profissionais que chegaram ao local há dois anos enfrentaram um inimigo que era misterioso tanto para eles quanto para o mundo. O conhecimento era pouco e os procedimentos para combatê-lo ainda precisavam ser aperfeiçoados, conforme lembrou Viviane Maciel de 32 anos, que atuou inicialmente como enfermeira assistencial e, após, na gestão, como supervisora de turno. Trabalhar no Centro foi uma experiência ímpar, na visão dela.

“Foram momentos duros, plantões difíceis, aprendizado dia a dia, paciência, cooperação, união e muita força. Fomos nos alinhando, crescemos, aprendemos muito e posso garantir que nunca mais seremos os mesmos. Nossos corações foram tocados, nossa coragem foi desafiada e nosso conhecimento posto à prova. Fizemos um trabalho bonito juntos”, frisou a enfermeira.

COM O ENCERRAMENTO do Centro Covid, a realização de testagens e o atendimento de pessoas com sintomas gripais serão nas Unidades Sentinelas (UBSs Salgado Filho, PAM Fragata, Leocádia e CSU Cruzeiro) e no Pronto Socorro de Pelotas. As demais UBSs, junto da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal, também atenderão a população, juntamente dos hospitais, que irão receber pacientes em áreas de isolamento.

De segunda-feira a domingo, 24h

• * Pronto-Socorro de Pelotas (PSP) – rua Barão de Santa Tecla, 834 – Centro

Segunda a sexta-feira, das 8h às 17h 

• *UBS Leocádia – na rua David Canabarro, 890 – Areal
• * UBS Salgado Filho – avenida Senador Salgado Filho, 912 – Três Vendas
• * UBS PAM Fragata – avenida Pinheiro Machado, 168 – Fragata
• * UBS CSU Cruzeiro – rua Barão de Itamaracá, 690 – Areal