Centro Covid recebe doação de monitor de sinais vitais
Engenheiro que residiu em Pelotas, e hoje vive no Japão, presenteou um monitor à unidade de referência no tratamento dos casos de Covid-19 na cidade
Nem as 12 horas de diferença dos fusos horários do Brasil e Japão afastam a preocupação, com a pandemia, de um ex-morador de Pelotas em relação aos parentes que vivem no município e a população do lugar em que cresceu. Nesta terça-feira (28), os pais do engenheiro de Computação, Mario Rebello Larangeira Junior, fizeram a entrega simbólica de um monitor de sinais vitais, doado por ele, ao Centro de Atendimento a Síndromes Gripais (Centro Covid). A instituição é uma das unidades de referência para o tratamento de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 na cidade.
Fabricado em uma indústria instalada em Pelotas, o aparelho é essencial em instalações hospitalares, principalmente nos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O equipamento foi recebido pela Prefeitura, por meio da secretária de Saúde, Roberta Paganini, e será encaminhado ao Centro a fim de ser utilizado tanto em pacientes graves, quanto nos casos mais leves, mas que precisem ser monitorados.
Solidariedade e emoção
A secretária aproveitou o momento para falar, aos representantes do doador, que ações de solidariedade, como essa, garantiram a entrada em funcionamento do Centro Covid. “E, neste caso, é uma ação tão especial, afinal é uma pessoa que está longe; não é profissional da área da saúde e está pensando no bem dos outros; é grandioso, só temos a agradecer”, observou Roberta.
Os pais não esconderam a emoção ao concretizar o ato beneficente. Médica, que atuou em unidades básicas de saúde, a mãe Miriam Larangeira não conteve as lágrimas ao dizer que o gesto do filho representa a impossibilidade dela, como profissional, de ajudar a salvar vidas. “Vivi muitos momentos difíceis na minha profissão, mas, assim, nunca. Esse gesto tão nobre do meu filho, de alguma forma, me representa”, confessou a profissional aposentada.
Saiba quem é o doador
Residente em Yokohama há 14 anos, Mario Rebello Larangeira Junior explica que sentiu a necessidade de ajudar a cidade onde cresceu e, também, porque o irmão é médico. “Por acaso, neste ano eu tive condições, então decidi fazer. Além disso, meu irmão está na linha de frente, então achei que deveria ajudar de alguma maneira”, detalhou.
O professor universitário e pesquisador diz estar em home office desde fevereiro, quando o vírus começou a se alastrar no Japão. Através de um aplicativo de mensagens instantâneas, ele não esconde a apreensão com a situação vivida pelos brasileiros. “Estamos no hemisfério norte, então entramos agora no verão; é mais fácil suportar, mas vocês estão indo para o inverno, o que complica ainda mais”, avaliou Júnior, como é chamado pela família.
Com a viagem de visita aos parentes programada para 2020 adiada, ele revela que acompanha as informações do que acontece em Pelotas pelas redes sociais, além do contato com os familiares. Sem esconder o sentimento de orgulho ao saber da união de empresários e moradores para abrir o Centro Covid, revela estar feliz por também fazer parte dessa ação de solidariedade.
“Tenho a consciência de que a minha doação não vai resolver todos os problemas, obviamente. Mas acho que alguém que estiver precisando vai poder tirar proveito do equipamento. E pra essa pessoa vai fazer diferença”, conclui a conversa em plena madrugada, do outro lado do mundo.