Centro de Autismo chega a 550 pessoas assistidas
Em ampliação gradativa, o Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura da Prefeitura de Pelotas já conta com 550 pessoas assistidas. Em breve, deve chegar a 600, capacidade máxima, com o chamamento dos alunos que aguardam na lista de espera para o ingresso. Em abril, a instituição completa nove anos de atuação voltada a crianças, jovens e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Pelotas.
Com a demanda reprimida de dois anos de pandemia do coronavírus, período em que não houve acesso de novos usuários, foi necessário aderir a um novo sistema. De acordo com a diretora Débora Jacks, o ingresso foi dividido em duas vias: uma para intervenção precoce até os seis anos de idade, com atendimento realizado por professoras de Educação Infantil com formação específica, e outra voltada ao público acima de seis anos, atendido por pedagogas especializadas.
Considerando que muitos alunos já possuem atendimento em outras instituições, há acordo para que o acompanhamento não seja duplicado, a fim de qualificar o processo e dar chance para outros. A diretora chama a atenção das famílias que estão na lista de espera e trocaram seus números telefônicos ou de escola, para que informem as mudanças ao Centro.
Vidas transformadas
O filho de Nádia Gonçalves, Eduardo, tem oito anos e é assistido pelo Centro desde 2017, quando tinha apenas dois anos. Nádia também possui o Transtorno do Espectro Autista e afirma que os 45 minutos diários de atendimento no local fazem toda a diferença na vida da criança, que agora interage com outras pessoas, passeia em todos os lugares com a família, recebe elogios da escola e teve seu comportamento transformado.
“O atendimento é maravilhoso, com uma equipe dedicada, querida, atenciosa e que sempre dá feedbacks e apoia a família das crianças. Nossas dúvidas são respondidas e recebemos orientações. Foi um processo demorado e que exigiu persistência, mas, agora, eu só tenho a agradecer, pois mudou a nossa vida”, relatou Nádia.
A pequena Isabela de sete anos e Thales com 14 são filhos de Angélica Wotter e usuários do Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura. A resistência enfrentada por todos durante o início do acompanhamento deu espaço à felicidade e satisfação em estar no espaço, além do encontro por respostas sobre o TEA.
“Eles gostam de estar aqui e, para a Isabela, por exemplo, é o melhor lugar, onde ela quer estar todos os dias. Eles entram faceiros, dando risada, e abraçam os professores. O atendimento no Centro é maravilhoso”, contou Angélica.
Um trabalho realizado junto às famílias e escolas
Vinculado à Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), o Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura iniciou as atividades em 2014 com 58 pessoas assistidas. Com o aumento do número de atendimentos, com o passar dos anos, o espaço foi ampliado em 2018 e, atualmente, fica localizado à rua General Argolo, 1.801.
Em 2022, após liberação da Vigilância Sanitária, foram recebidos 105 novos alunos, tendo como prioridade a rede pública municipal conforme o Decreto 6.462/2021. Ao longo de 2020 e 2021, o acompanhamento foi mantido de forma remota pela equipe, formada por 54 professores e funcionários, com profissionais das áreas de Psicologia, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia.
São oferecidos diversos tipos de atendimento: psicopedagógico, de intervenção precoce, educacional especializado, de tecnologia assistiva e de psicologia com orientação às famílias, além de ludoterapia, arteterapia, psicomotricidade, educação física, terapia ocupacional e orientação educacional. Para ingresso no Centro, as famílias são entrevistadas e os alunos passam por avaliações, para posterior encaminhamento para os serviços.
As atividades complementam e suplementam as que são realizadas nas escolas sem substituí-las. Por isso, os usuários são recebidos em turno inverso dos educandários, de forma articulada com os demais profissionais que os atendem. São realizados, ainda, estudos de casos que dão origem a um documento, enviado à escola, com orientações e estratégias específicas a serem desenvolvidas com cada aluno.
“Uma das atuações do Centro se refere aos direitos dos alunos autistas, desde o ingresso na escola comum, como a permanência e a qualidade desses atendimentos, garantindo o acesso e as condições adequadas para que supere as possíveis barreiras”, pontuou a diretora da instituição.
Centro em parceria com a UFPel
O Centro de Autismo firmou parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para serviços na área de nutrição, o que possibilita a pesagem e medição dos usuários e o encaminhamento de casos graves de seletividade alimentar para o ambulatório da UFPel. Também é realizado um trabalho com o Núcleo de Estudo, Pesquisa em Cognição e Aprendizagem (Nepca). O Centro ainda oferece oficinas de xadrez para alunos e grupo de psicoterapia para as mães.
Toda a organização dos espaços é idealizada levando em consideração o público atendido e, para isso, são feitas pesquisas sobre o TEA, com resultados que auxiliam na organização de estratégias e metodologias a serem aplicadas. Por meio de mais uma parceria com a UFPel junto à Universidade do Minho, de Portugal, o Centro utiliza com seus alunos o modelo biopsicossocial, baseado no método português, com os instrumentos de avaliação e acompanhamento adaptados para o Brasil.