CIDADANIA NO QUADRADO : Instituto Hélio D’Angola completa primeiro ano
Por Carlos Cogoy
Nesta semana, o Instituto completou o primeiro ano em atividade. Criado a 9 de outubro do ano passado, e presidido por Aida Oliveira, o Instituto homenageia “Hélio”, liderança comunitária que criou o espaço “Katangas” nas Doquinhas. Devidamente formalizado, com estatuto e CNPJ, o Instituto está apto para parcerias com o setor privado, bem como editais do poder público.
CIDADANIA – Isadora acrescenta sobre a trajetória: “Nesse primeiro ano de Instituto formalizado, temos desenvolvido oficinas permanentes de futebol, dança, reforço escolar e reciclagem. Além de eventos como as festas do dia da crianças, junina e de fim de ano. Também acontecem vivências, como aulas de mixagem e yoga”. Isadora ao lado de Danilo Freire, empenha-se nas aulas de reforço escolar, que são realizadas para crianças e jovens aos sábados e domingos das 10h ao meio-dia. Eles também orientam alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). De acordo com Isadora, para participar do reforço escolar, idade mínima de cinco anos, e comprovação da condição de vulnerabilidade social. As aulas de futebol são orientadas por Filipe Perret, já a dança é com Aida Oliveira, que cursa dança na UFPel. Informações de segunda a sexta das 8h às 19h, e sábado e domingo das 10h ao meio-dia, ou no fone (53) 9 9102.1413. Email: [email protected]
INSTITUTO – A produtora cultural menciona: “O Instituto é fruto do sonho capitaneado pelo Hélio, de liberdade através da arte da arte e do conhecimento. É um local recreativo, educativo e cultural, num espaço generoso para o convívio humano. Embora as oficinas e a resistência cultural, tenham mais de vinte anos nas Doquinhas, com a regulamentação do espaço é que passou a se concretizar o anseio do Hélio. Em 2014, ele decidiu que já era hora de passar o trabalho para os filhos, Aida, Eliomar e Patrícia, que estão empenhados na continuidade do legado paterno. Eles trabalham no Instituto, mas têm suas atividades e profissões. O meu contato com eles é desde a infância, e fomos criados numa relação de irmãos. Nessa trajetória do Instituto, já conseguimos transformações como a revitalização da pracinha e da quadra de futebol. Além das oficinas permanentes já existentes, planejamos outras como grafite, Muay Thai e teatro”.
HÉLIO (Foto) – O nome Jorge Luis Chagas Oliveira poucos conheciam. Mas bastava falar em “Hélio”, associar ao espaço cultural Katangas, ou ao ‘Quadrado’ nas Doquinhas, que imediatamente era identificado. Pois o Hélio que havia nascido na outra margem do canal São Gonçalo falava que, ainda guri, mirava o lado pelotense e imaginava que teria espaço, desafio, empreitada. O porvir, ainda nebuloso, se concretizaria no espaço Katangas – rua Cel. Alberto Rosa 1. Antes disso, anos oitenta, foi segurança na então “Boate do Direito”. Por ali, identificou-se com a geração boêmia, estabelecendo amizades que permaneceriam até o fim da vida. E a notícia pesarosa chegou cedo, aos 52 anos de idade. Há dois anos, após período internado, o Hélio faleceu.
LUTADOR – No começo dos noventa, a região do Quadrado estava abandonada. O Hélio organizou o lugar. Com a iniciativa, obteve licença da Marinha para instalar quiosque. Durante quase vinte anos, o espaço Katangas foi referência para as mais variadas manifestações artísticas. Em duas ocasiões, gestões públicas tentaram removê-lo. Em geral, a ideia seria adaptar o local para elitizar o acesso. A comunidade cultural comprou a briga e as mobilizações mantiveram o Hélio, o Katangas e a capacidade de sonhar coletivamente.