CINEMA/FESTIVAL DE BERLIM : Egresso da UFPel recebe o “Leão de Prata”
O Leão de Prata, prêmio entregue em um dos principais eventos de cinema do mundo, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, está nas mãos de um egresso da Universidade Federal de Pelotas. Formado em 2016 no curso de Cinema e Audiovisual, Vinícius Silva foi o montador de “Manhã de Domingo”, vencedor do prêmio do júri na categoria curta-metragem.
A premiação ocorreu na última quarta-feira (16), na capital alemã, na primeira edição presencial do evento desde o início da pandemia de Covid-19. Mesmo sabendo que havia a possibilidade de vitória, pelo fato de ter sido selecionado para a mostra competitiva, a sensação, segundo Silva, é ainda de tentar entender o que está acontecendo: “É tudo muito novo e muito especial”.
“Manhã de Domingo” apresenta a história de uma jovem pianista negra prestes a realizar seu primeiro grande recital. No entanto, a vivência pelo luto da perda da sua mãe pode colocar seu conquista em risco: um sonho com a falecida mãe desestabiliza sua mente e seu coração.
O júri, nas palavras lidas pela apresentadora do prêmio no festival, afirma que o filme se movimenta da ansiedade de uma performance musical para a experiência de aceitar um momento de perda. “O drama vem de momentos sutis vivenciados pela protagonista, tanto na realidade quanto em suas lembranças imaginárias. Com um domínio extraordinário sobre a imagem cinematográfica, Bruno Ribeiro [diretor da obra] pinta o retrato de um artista que enfrenta a perda enquanto luta entre o medo e o desejo de vencer”, descreveu.
SELECIONADO para uma vaga para o curso de Cinema e Audiovisual da UFPel, o jovem Vinícius saiu da zona leste da cidade de São Paulo em busca de novas alternativas para sua vida. “Já gostava da área de audiovisual, mais ainda não tinha experiência com o cinema”.
Foi no curso da Universidade Federal de Pelotas que, segundo ele, aprendeu a fazer cinema e ver os filmes com um novo olhar. “Minha vida profissional é uma antes da UFPel e outra depois”, afirma Silva.
As vivências acadêmicas encontradas no Centro de Artes permitiram que novos caminhos fossem abertos: ao concluir o curso, em 2016, o jovem cineasta retorna para sua cidade natal, onde passa a trabalhar no setor de cinema.
Na obra vencedora do Festival de Berlim, Silva atuou como montador, responsável por realizar a edição da peça. Ele explica que a função também é conhecida como editor, mas que, no português, ainda permanece a nomenclatura anterior, relacionada com o ato de montar as películas do filme, quando este ainda era feito de forma física. “Me apaixonei pela montagem em aula”, conta. Na opinião do egresso da UFPel, o domínio da montagem é um dos principais requisitos para um bom diretor, função que também gosta de desempenhar.